Quarto a quarto!
Amo a noite.
A partir das dez,
amo.
Não penso em verso.
A poesia é só essa,
mesmo.
A verdade é um nada.
Com a mentira não perco tempo,
estou fora da roda.
O palco é um ringue.
Hoje bato, amanhã apanho,
nas melhores horas.
E fico calado ou grito.
Não quero sair do poder,
que me encerra fechado.
Por isso não quero morrer.
As duas horas que vivo,
a não mais poder.
Nem indago.
Não dramatizo acordado,
brigo de domingo a domingo.
Sou gato escaldado.
Pingo pingando,
Pouco a pouco.
Quarto a quarto!
Miguel Eduardo Gonçalves
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