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Cronicas-->Roupa-velha da vó Pedrinha -- 10/05/2022 - 13:22 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Roupa-velha da vó Pedrinha

 

Aroldo Arão de Medeiros

 

        Um dos meus filhos pediu para eu escrever algumas crônicas contemplando receitas culinárias da família. Aceitei. Porém, antes de exibir os predicados na cozinha da esposa, dos próprios filhos e também da neta, puxo a sardinha para o meu lado e inicio descrevendo a receita da minha saudosa mãe.

        Antes de tudo, explico que coloquei o nome dela no título no diminutivo não porque fosse baixinha, mas porque ela não gostava do seu antropônimo.

Prato típico de Portugal, roupa-velha começou como prato feito com as sobras da ceia da véspera de Natal.

Mãe, me desculpe, mas tenho que reconhecer a verdade: minha esposa é a melhor cozinheira que conheço. Peço licença para declarar com sinceridade, sabendo que não a machucarei, porque nós a amamos e a senhora pode contar com nossos autênticos sentimentos. A senhora, na cozinha, era uma lástima. Restava, entretanto, um prato que todos apreciávamos demais: Roupa-velha.

        Enquanto o que a senhora considera a era moderna de cozinheiros usa toucinho defumado e carne cozida desfiada, a senhora aproveitava sobras de carnes do almoço anterior e, provavelmente, algum ingrediente que para mim passava despercebido, mas que deveria ser, com certeza, o amor.

        A senhora usava azeite, cebola, tomate, alho, pimenta do reino e farinha de mandioca. Cortava em pedaços não uniformes a couve, as cenouras e as batatas que também haviam sobrado de refeições anteriores. Garanto que, durante todo esse tempo que tenho de vida, foi o melhor prato que tive o prazer de saborear. A senhora preparava esse manjar devagar porque, a pressa é inimiga da refeição.

        Em Portugal, usa-se bacalhau. Aqui não o usamos porque era, e ainda é, ingrediente caro e nossa família não tinha dinheiro para essa iguaria.

        Quando crianças, eu e as duas irmãs mais velhas comíamos todas as refeições em um alguidar (bacia de barro). A mãe colocava um quinhão (uma parte) para cada um de nós. Era o único alimento que saboreávamos e não brigávamos, não roubávamos sequer um naco da porção dos outros. O motivo? Se nos comportássemos bem, teríamos direito a mais um quinhão. Mas vejam só, meus filhos, se hoje estamos com sobrepeso, sem dúvida podemos colocar toda a culpa na roupa-velha da vó Pedrinha.

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