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Cronicas-->Crenças e superstições -- 17/07/2022 - 15:23 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

     Crenças e superstições

Aroldo Arão de Medeiros

     Minha mãe costumava repetir algumas frases que, para nós, soavam estranhas. Mesmo assim acreditávamos porque, jamais, poderíamos sequer supor que os pais mentiam.

     - Filhos, se um gato preto atravessar na frente de vocês, terão má sorte.

     Na minha opinião, os antigos eram racistas, por isso escolheram essa cor de gato e a vincularam com os azares da vida.

     Outra crença que traria má sorte (azar), era passar por baixo de escadas. Acredito que era medo de algo cair na cabeça do passante, fosse um pincel, lata, chave de fenda, ou qualquer outro objeto que pudesse ferir o malfadado. Ali acima eu escrevi azar entre parênteses porque me ensinaram que não devemos pronunciar essa palavrinha, pois ela tem o dom de chamar a má sorte.

     Essa próxima, eu acreditava piamente: se alguém varresse meus pés, eu nunca casaria. Minhas irmãs, para me provocar, saíam correndo com a vassoura atrás de mim.

     Nunca deixe a sandália com a sola para cima. Essa frase minha mãe insistia em repetir e nos amedrontava com amaldiçoadas previsões. Quando ela enxergava um calçado virado com a sola para cima, tratava logo de vaticinar: Desvira essa sandália, senão tua mãe morre. Que pavor eu sentia da morte!

     Quando alguma visita não a agradava, ela fazia um sinal e nós, crianças, já sabíamos que era para colocar uma vassoura atrás da porta e, de preferência, com as cerdas para cima. Minhas irmãs, pelo menos enquanto a visita se encontrasse na casa, estariam livres da faxina.

     Minha mãe tinha o hábito de enunciar responsos, especialmente para Santo Antônio, para encontrar objetos desaparecidos. E eu tinha uma fé na reza dela que, se eu perdesse algo, mesmo na idade adulta, ligava e pedia para ela rezar o responso para que eu pudesse encontrar o que perdera. Não é que sempre dava certo!

     Mas o que mais praticamos mesmo foi comer nervo atrás da porta. Era mastigável como chiclete e era impossível cortar com os dentes. Ela afirmava que, se comêssemos o nervo atrás da porta, ficaríamos bonitos. Todos acreditávamos e mastigávamos até cansar. Uma das minhas irmãs provavelmente tinha mais fé que nós, pois era a bonitinha no meio dos desprovidos de beleza. O que me leva a crer que o motivo para mastigarmos o cabelouro era simplesmente falta de dinheiro para comprar carne.

 

 

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