Usina de Letras
Usina de Letras
243 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140786)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->O LADO EXTERNO DO CORAÇÃO -- 27/07/2022 - 14:27 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O LADO EXTERNO DO CORAÇÃO

Adalberto Lima - Trecho do livro

Estrela que o vento soprou

 

 

296008936_835901097394710_9108922504921917217_n.jpg?stp=dst-jpg_p526x395&_nc_cat=103&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeG0HGUklMGaXlIJ2Bbx9KSaPb9IVQEyRUU9v0hVATJFRYHqcj_CHlgjW5ze7tXgo_3WciKV6-T8V3mr2zkTmpU9&_nc_ohc=TsrucLOvBtoAX8ioDhQ&_nc_ht=scontent.fbhz2-1.fna&oh=00_AT9aZXdI9BSyltVqd9L64PN_D1cJzSulvS1LwNyGSIFAeg&oe=62E726B8 295833491_835902117394608_670086845728663795_n.jpg?stp=dst-jpg_s600x600&_nc_cat=104&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_eui2=AeEoUdYxMc5NvpHdfu78xwcCwoO8aFzop4DCg7xoXOingIWMEKv66Yu5sUCZz02ifqDZOa-xUBYOL6uybvcSmbV0&_nc_ohc=p1l8UE7Z9dIAX8LMOUY&_nc_ht=scontent.fbhz2-1.fna&oh=00_AT829uCMO4uAnF2frNBrMoji-_dN1zzjtj6ZvFJIjuLUxA&oe=62E74C04

 

 

A noite desce sem luar e sem estrelas; tinge o céu com o negrume de seu manto, e tece o cenário dos heróis do medo. Temendo, o próprio medo treme e cambaleia. Vultos noturnos passeiam na praia de Copacabana.

A boneca Mary Emily, cheia de pano e de medo, fica imaginando como será o homem que cada menino constrói dentro de si, a partir da interação com brinquedos monstruosos. Ela já não gosta mais dos filmes de terror, e vez por outra, acorda de sobressalto, por causa de pesadelos habitados por criaturas diabólicas, que outrora, via na TV.

 

E pela primeira vez, a boneca desejou ser uma rainha, ter muitos súditos e um grande exército, para combater os monstros que lhe perturbam o sono.  Abriu lentamente a tampa da caixa em que dormia, e descobriu que o abajur estava aceso.

A Emily viu que Ravenala lia o livro protegido por uma capa de couro, que tinha um zíper e sempre estivera fechado sobre a mesinha de cabeceira.  Agora aberto, saia dele uma luz.

 Não quis perguntar o que a amiga sentia, quando os raios incidentes sobre seu peito, projetavam a imagem de um coração transparente, a pulsar com frequência ritmada.  Com cuidado, a dona da boneca fechou o livro e o colocou sobre o pequeno móvel ao lado da cama.

– Durma Emily! Amanhã teremos um dia muito atarefado.

– Não consigo dormir! Tenho medo de monstros. Queria ser como Robert que não tem medo de nada.

– Os homens escondem seus medos, quando estão diante das mulheres. Faça o teste: quando Robert disser que não tem medo, olhe os lábios dele. Se tremerem, ele está mentindo. 

– Não são mais os olhos a janela do coração? – quis saber a boneca.

– O rosto é o lado externo do coração; os olhos, ambos os lados; mas são os lábios que escondem ou revelam a verdade.

Preferiu não passar para Emily todo o capítulo do livro que lera há pouco. Disse apenas: “O coração do homem modifica seu rosto.”

Donde a boneca concluiu.

— Então, não têm bom coração os brinquedos com faces diabólicas.

— Estás certa, Emily. Vamos sugerir aos fabricantes que produzam bonecos à imagem e semelhança de santos.  Deste modo, as crianças sonharão com anjos, e não com demônios fazendo diabruras em suas mentes. 

Figuras de heróis com feições diabólicas vistas na televisão, há muito tempo, ainda perturbavam a mente, e metiam medo na boneca Mary Emily.

— Não consigo dormir! Cante uma canção de ninar!

Ravenala cantou:

– “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o gravo saiu ferido, e a rosa despedaçada...”

– Esta canção é violenta! Não é de ninar.

– Então conte carneirinhos...

Emily iniciou a contagem, mas o sono não veio.

– Já contei 99 e ainda não dormi.

– É porque uma ovelha desgarrou-se! Não dormirás, enquanto não encontrares a ovelha perdida.

– Vou tentar mais uma vez.

E recomeçou a contagem:

“Um carneirinho...dois carneirinhos...três carneirinhos...”

Terminada a contagem, o pastor fechou a porteira do aprisco.

Não faltava nem uma ovelha.

 

NA

A caminhada até o prelo, durou quinze anos.

Finalmente, em 2022, o artesão das letras

 Bate, devagarinho, à porta do editor.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui