MEUS PRIMEIROS PASSOS
Nasci no Hospital Santa Isabel, na avenida Nove de Julho e fui morar com meus pais na mesma rua, mas não tomei conhecimento de quase nada daquela época. Nem podia, era um bebê. A 2a guerra mundial ainda não havia terminado e o mundo sofria.
Papai, advogado, ia para o Forum de bicicleta. Mamãe, professora de inglês, não lecionava no momento, cuidava das crianças.
Eu nem imaginava que por nossa rua passava o trânsito da estrada S.Paulo-Rio. Meus pais contavam que por volta de uns dez meses, escapei pelo portão e fui parar lá do outro lado, engatinhando. Já pensou?
Mais tarde fomos morar na rua Visconde do Rio Branco, bem no centro. O quintal da nossa casa fazia divisa com o terreno da catedral, que vivia em reforma.
Durante minha infância, para mim, a cidade resumia-se a algumas poucas ruas centrais. A praça D. Epaminondas, rua do Sacramento, rua das Palmeiras, Pedro Costa, Marquês do Herval e a rua do Meio, como ouvia falar.
De início, meu circuito era pequeno, ia da praça da catedral até o largo do Rosário, pois quase todos meus parentes viviam por ali.
Com o passar do tempo, comecei a ampliar meus conhecimentos urbanos, circulando pela Anísio Ortiz, Barão da Pedra Negra e Jardim da Estação. Até arriscava alguns passeios pela praça Sta. Terezinha, imensa e desolada, onde se via a cadeia de um lado, e a igreja - ainda sem torres - na outra extremidade. Entre as duas construções, um enorme espaço de terra batida, sem uma árvore sequer! Para andar de bicicleta era bom...
Beatriz Cruz
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