CONSORTE-POESIA
(Poesia em retribuição à "A concubina" de Lília Maial e a um outra amiga que aqui chamo de Sol...)
Minha poesia se transcendeu
saiu de mim e encontrou novos amigos
bateu à porta da felicidade
tomou uns goles saborosos
[uma mistura de rum e com saquê]
e retornou festiva ao seu leito antes virginal
hoje nupcial e bígamo.
Minha doce poesia
fala, anda, pensa, escreve, sente e vive...
Minha poesia foi gentil e generosa
minha poesia voltou cheirando a rosa
e uma linda Orquídea floresceu em meu jardim de sonhos.
Gostaria de pegar no colo esta concubina
fazê-la virar menina
retirar a redoma de cristais reluzentes
para meus desejos dementes
no acender de lanternas lilás
o tragar inerte de teus lábios ósculos santos.
Os raios vivos de meu sol
resolveram brilhar em meu gélido luar
entre lençóis de seda
me perco nas rendas de lingeries
que minha própria tempestade interna
provoca umidecimento...
[ E assim perco-me em sonhos no aguardar de novos encontros...]
Roída de despeito e amargura,
Enviei a ti minha poesia menina,
Envolta em disfarces de candura,
Com o intuito de ser tua concubina.
A ela entregarás todo o fervor,
Enquanto me lês do início ao fim.
E aqui me contorço em teu calor,
Que brota ao folheares só a mim.
Ela sentirá teus dedos macios,
Em carinhos nas páginas de leitura.
E eu aqui, entregue aos desvarios,
Imaginando tuas mãos em mil loucuras.
A ela revelarás todos os teus mistérios,
Ao passo que fico à mercê de teus comandos.
Enquanto alisas as folhas de meus tédios,
Meu coração me diz que estou te amando.
E assim pude prever os movimentos,
Teus pensamentos, teus medos, teus enfoques
Só esqueci de anotar que os sentimentos
Tinham teu endereço no envelope.
E te apaixonaste pelos versos inscritos
Naquelas folhas, sem ver um coração.
E eu aqui sofrendo em ar contrito,
Sem poder te mostrar minha paixão.
Foi assim que criei a concubina,
Substituta poética do meu amor.
E tive a felicidade de ver que ainda
Teu coração é cativo deste autor.