ROUPA ENGOMADA?...
Os ferros de passar roupa eram grandes, pesados e pretos, com um bico largo por onde saía a fumaça. Não tinham fio, porque eram aquecidos com pedaços de carvão em brasa, colocados no seu interior. O trabalho de passar roupa – até hoje não muito fácil - devia ser também perigoso. Além de levantar o peso, um esbarrãozinho daquele ferro no dedo, viximaria, que dor!
Para que a roupa ficasse bem lisinha, quase tudo devia ser engomado. Lembro de certos torrões que, diluídos, formavam uma pasta que as mulheres, com a ajuda de um paninho, esfregavam na roupa antes de passar. Se não tivessem esse produto, elas mesmas fabricavam a goma, nada mais do que farinha de trigo misturada com um pouquinho de água.
Pelo que ouvia, as peças mais difíceis eram as camisas, cujos colarinhos tinham que ficar impecáveis. Na seqüência vinham as anáguas – saiotes cheios de babados que as moças usavam por baixo do vestido, para armá-lo. Toalhas de mesa e guardanapos eram mais fáceis.
Hoje em dia não há necessidade de se engomar mais nada. As camisas já têm colarinhos preparados para ficarem firmes – até com barbatanas para ajudar - e as anáguas sumiram de circulação. As outras roupas... são quase todas feitas de tecidos mesclados com fibras sintéticas. Algumas nem gostam do ferro.
E os ferros?... Agora são levinhos, quase todos de plástico. Lindos. Coloridos. Com termostato. E até podem ter reservatório para que a água faça vapor. As passadeiras não precisam nem borrifar a roupa a passar, como aquelas de antigamente, que mais pareciam comandar uma sessão de exorcismo...
Beatriz Cruz
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