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cronicas-->28. PONDO FORÇA NOS REMOS -- 05/08/2001 - 07:09 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estive preso, a maior parte da vida, em filigranas de interpretação evangélica, como se o mais importante fosse a exata compreensão dos dizeres do Senhor. Para a fixação, entretanto, da melhor lição, aquela isenta da interferência dos copistas e dos eclesiásticos da primeira hora, dava imensas voltas no conteúdo doutrinal, para liberá-lo das idéias supervenientes. Como gostaria de ter participado das aventuras com o Cristo, para beber-lhe as palavras magistrais!

Tanto fiz que, ao retornar ao etéreo, depois de muitas lutas contra diversas doenças, inclusive provocadas pelo abuso da convivência com os alfarrábios, em escuras e úmidas bibliotecas no Velho Mundo, fui admitido em instituição capaz de revelar-me o paradeiro, à época da passagem do Senhor pela Terra.

Surpreendi-me na Galiléia, sediado bem próximo das residências dos familiares de Jesus. Durante a vida toda, labutei duro para sobreviver condignamente com a família, produzindo potes de ceràmica, que vendia até para outras cidades. Mas eu não era forte no comércio, de forma que a parte mais graúda dos lucros ficava com os atravessadores, que, em todas as épocas, existem para arruinar os produtores.

Cito a atividade para demonstrar o quanto absorvido estive nos negócios, não dando importància até para a religião oficial, quanto menos para as pregações do filho de Maria, cujas notícias me chegavam atrasadas, não tendo tomado conhecimento de sua morte senão meses depois, ouvindo da voz do povo que ele havia se imiscuído com tropa de rebelados que se viam perseguidos por Roma.

E a filosofia? E os pruridos da verdade evangélica mais pura? Advieram posteriormente, em quarta ou quinta encarnação, pois até copista fui, em atribulada existência, onde o medo da imperfeição assombrou todos os escaninhos da alma. Se cometi qualquer deslize na transcrição dos textos sagrados, foi por pura inadvertência do pessoal que procedia à leitura de confirmação, pois, jamais, fui alertado para nenhum erro grave.

Mas a minha visão da vida não tinha a sutileza das discussões. Aceitava pacificamente todos os textos, buscando ser fiel à letra, nunca discutindo aspectos do conteúdo, mesmo que estranhos à noção de vida mais comum. Para mim, os milagres de Jesus se davam por ser ele o filho unigênito de Deus, e tudo se encaixava às maravilhas.

Senti fortes calafrios de horror por ter estado tão próximo das pessoas e dos fatos, quer ao tempo do Mestre, quer durante a confecção das cópias valiosíssimas para a divulgação da boa nova, sem, contudo, ter percebido a importància de nada e de ninguém. Claro está que precisaria imprimir força descomunal para deslocar os remos da embarcação, já que as oportunidades que tivera afoguei, impensadamente, no oceano das ignoràncias.

Quando mereci compenetrar-me, finalmente, das verdades, atolei-me, apalermado, no lodaçal da desconfiança e da falta de discernimento para os fatos mais importantes da existência. Queria fundamentar todas as atitudes nas recomendações mais translúcidas de Jesus, mas me esquecia de que o importante era cumprir a letra do amai-vos uns aos outros como eu vos amei.

Pacientemente, os protetores espirituais começaram a gerar plano para me desembaraçar das argúcias silogísticas, buscando comprovar pelos fatos, isolando-os um a um dos contextos para o confronto das realidades, que muito havia progredido, desde o tempo da peregrinação de Jesus até o presente interesse em seguir-lhe, limpidamente, a doutrina.

Apesar do esforço dos companheiros, durante bom tempo, recusei-me a aceitar tais demonstrações, onde imperavam o amor e a consideração, para inculcar-me a idéia de que, tão desenvolto intelectualmente, não era crível que me mantivesse cego para as verdades peregrinas que me eram passadas.

Cheguei mesmo a imaginar-me no Umbral, quando me via assediado por fantasmas a me acusarem de orgulhoso, de egoísta, de vaidoso e de prepotente. Mas isso fazia parte dos sofrimentos a que me condenara pela atitude centrada em mim mesmo.

Vinte longos anos perambulei errático pelas trevas, após ter tido o privilégio do sagrado esclarecimento dos que se responsabilizavam pela minha conduta humanitária. Devo dizer que não arrostei fortes traumas, pois, teimosamente, arremetia contra mim mesmo, não me permitindo abrir o espírito para os pensamentos orientados para o bem maior e para o amor.

Tudo se passava com minudências, da mesma forma que buscara em vida cada acento, cada diagrama, cada mínimo símbolo, para a confirmação essencial da legitimidade.

Vou, ex-abrupto, interromper a descrição psicológica, para não cair no erro antigo e para não me estender para além dos limites estabelecidos. Se continuar a querer comprovar pelo fato como é que se deu a estadia nas trevas morais, não farei outra coisa senão provocar a imersão dos leitores nessa mesma escuridão.

Por isso, vou encerrar, reafirmando a tese cristã da importància de se levar a vida pautada pelos mandamentos básicos reproduzidos nos Evangelhos, ou seja, honrar pai e mãe, não matar, não furtar, não levantar falso testemunho, não cobiçar as coisas alheias e, principalmente, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, levando o perdão aos desafetos às últimas consequências.

Norivaldo.


Em tempo.

Que as mensagens tenham o condão de se tornarem nas velas que auxiliarão os barcos a navegar mais facilmente. Lamentavelmente, nós não atingimos a época dos motores a explosão. Valha-nos o aprendizado que transcorre em clima da mais absoluta camaradagem. Não está aí o estímulo para os amigos constituírem grupos de estudo? Façam-nos!

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