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Cronicas-->Terço dos Soriedem -- 15/02/2023 - 17:25 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

     Terço dos Soriedem

Aroldo Arão de Medeiros

 Antes da pandemia, todas as quintas-feiras, as rezas do terço católico eram feitas nas residências, onde os participantes se concentravam. Assim acontecia na pacata cidade de Langua. Os participantes do grupo o batizaram de Grupo Gesù Salvatore. Formado por quase cinquenta pessoas, embora apenas vinte fossem assíduos.

   Durante a epidemia do Coronavíruis, que se disseminou por todo o mundo, o grupo passou a dizer as orações virtualmente, pelo celular, pois a pandemia proibia aglomerações.

  Da família Soriedem partilham oito pessoas: Abrão e os filhos Marlu, Lucinda, Juliano, Zulair e Arthur. E se uniram a eles o genro do Abrão, Edilson e a sobrinha Riala.

   O Roger com a voz serena, palavras ricas de emoção, comandava as orações e todos o admiravam.

   Abrão, sentado na cadeira de balanço, seguia num leve movimento, provocando um som agudo, irritante para todos, menos para ele que, com quase 100 anos de idade, move-se para a frente e para trás, continuamente. Quando os filhos rezam com ele na varanda, Juliano, quando não está na companhia do pai, mas está rezando na cidade onde mora, a 120 quilômetros de distância, sabe que estão orando da varanda, pois não escuta o som lamurioso da cadeira e ouve latidos de cachorro dos vizinhos, denunciando a localização.

   Abrão, entre os familiares, é chamado de Lula, pois a voz grave e rouca, assemelha-se à do atual Presidente da República.

   Marlu, com a voz sofrida, recebeu dos irmãos a alcunha de Madre Teresa de Calcutá.

   Lucinda é chamada de Fátima Bernardes. Esse cognome foi dada pelo marido, Edilson, que admirava a voz da esposa e achava parecida com a da repórter global.

   Juliano, o Súdito, assim se autoproclamou, por se considerar submisso às vontades de outras pessoas, principalmente a sua irmandade. Durante o evento, comporta-se sério e concentrado. Sempre que reza a Salve Rainha e o Santo Anjo, faz gestos de concentração que chamam a atenção de quem estiver por perto.

  Zulair, a Delegada, encarrega praticamente todos os membros do Clã Soridem a fazer o que ela deseja. Pouco participa do terço, mas quando está na casa do pai, à noite, reza, introspectiva, diante de uma vela acesa, que diz ser para abençoar a residência e aqueles que estiverem ali, naquele momento.

   Arthur, com a voz pausada, bem concentrado e com entonação acentuada, recebeu a denominação de Pastor, dado pela cunhada, esposa do Juliano.

  Edilson, o Ídolo, sempre foi reconhecido por todos como sério, competente no que faz, alegre, honesto, etc. Nunca quis um celular, apesar de necessitar para atender os clientes da estofaria. Porém no dia que foi apresentado às orações, participou e fez de tudo para aprender a usá-lo. Porém só o fazia, de segunda sexta, às dezenove horas. Parou de fazê-lo quando Jesus o chamou para perto de Si, vítima do Covid 19. A esposa, Lucinda, ficou quase um ano sem rezar, porque lembrava com saudade do marido e não conseguia acompanhar os familiares.

   Riala, conhecida como Madrinha, porque é madrinha de um Soriedem, mas cinco outros a chamam assim, pelo carinho que eles têm por ela. Certa vez fez as preces na companhia de um neto e ficou lindo o dueto.

  Os Soriedem esperam que o terço passe a ser rezado nas residências, pois o calor humano faz bem para a alma e para o corpo, já dizia um grande filósofo. E, se não disse, deveria ter dito.

   Roger, após a benção, encerra sempre com as mesmas palavras: “Agradecemos a todos que participaram virtualmente desse Santo Terço, que Deus ilumine e abençoe a todos. Boa noite”.

   Juliano responde, sem apertar o gravador, com um boa noite sincero, como se todos estivessem ouvindo.

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