As muitas vidas simultâneas
Carlos Claudinei Talli
Existem muitas religiões – budismo, hinduísmo, espiritismo, etc. – que pregam a existência de inúmeras vidas para cada ser pensante, e que essas vidas seriam vividas com o objetivo de atingir o máximo desenvolvimento na evolução da sua consciência. Todas elas consideram que existiriam vidas passadas e também vidas futuras, que seriam vividas umas após as outras numa seqüência linear e contínua através do tempo.
Se a existência de inúmeras vidas é uma verdade - e, na realidade, ela é muito provável, porque Deus, ao criar o homem com a complexidade psicológica que a moderna psicologia nos mostra, para ser coerente com Sua Misericórdia Infinita,certamente lhe daria todas as oportunidades necessárias para a sua evolução -, todas essas muitas vidas necessárias estariam sendo vividas agora, pois, como o tempo não existe – e a física moderna e a ‘Teoria da Não Localidade Quântica’ não se cansam de comprovar isso -, não haveria nem vidas passadas nem vidas futuras; todas estariam acontecendo neste momento.
Aqui surgiria o conceito de Alma como sendo uma entidade extremamente ampla e abrangente que, dentro de um campo energético cósmico, fosse, talvez, uma certa quantidade de um determinado tipo de energia capaz de se dividir em muitas partes e habitar corpos distintos, em inúmeros lugares diferentes do Universo. E, de uma forma ainda mais radical para a compreensão humana, vivendo inúmeras vidas distintas, simultaneamente.
Eu imagino a Alma de cada um de nós como um ponto de luz, infinitamente pequeno, de energia pensante espiritual, de energia divina. E esse ponto de luz vem de Deus e tem a capacidade de se dividir em muitas outras partes, também infinitamente pequenas em relação a Ele, cada uma, um Quantum de Deus (1): a menor porção possível que conserva todas as qualidades inatas de Deus.
Cada um desses inúmeros Quantuns de Deus encarna num corpo físico determinado – por exemplo, esse Quantum de Deus que estou experimentando está encarnado num corpo físico chamado Carlos Claudinei Talli –, num ponto do Universo determinado, numa cultura determinada. E aquele ponto de luz – que eu sou – é a minha Alma – no sentido amplo -, e cada Quantum de Deus é uma parte infinitamente pequena dessa Alma. A Alma – no sentido amplo – não se divide totalmente em Quantuns de Deus: ainda fica uma parte maior comportando-se como um Campo Morfogênico Individual do tipo descrito por Rupert Sheldrake, sobre o qual falaremos a seguir.
Aliás, em 2000, no nosso livro “A Busca Interior - O sentido da vida”, à página 33, já nos referíamos a essa teoria desenvolvida por Rupert Sheldrake que explicaria a evolução biológica e de consciência dos seres humanos. Essa teoria “sugere que dentro da energia que permeia todo o Universo existiriam campos morfogênicos responsáveis pela criação e sustentação de todas as formas de vida. Esses campos morfogênicos seriam específicos para cada espécie: absorveriam as mutações favoráveis que ocorressem; orientariam a diferenciação celular, explicando, assim, porque nos mamíferos células geneticamente iguais originam tecidos, órgãos e sistemas tão diferentes e com variadas funções; comandariam os saltos evidentes nos fósseis encontrados, de espécies pré-existentes para formas de vida completamente diferentes, e teriam, por isso mesmo, contribuído para que o ‘tempo’ necessário à evolução da vida na Terra, até chegar ao momento atual, fosse menor e compatível com o que realmente ocorreu.
Sheldrake acredita que os campos morfogênicos poderiam inclusive explicar a evolução social e de consciência dos seres humanos: ‘À medida que os indivíduos realizam suas capacidades particulares – correr mais depressa, ler pensamentos, receber intuições – o campo morfogênico evolui, não apenas para essas pessoas, mas para todos os outros seres humanos. É por isso que as invenções e descobertas muitas vezes são anunciadas, ao mesmo tempo, por vários indivíduos sem qualquer contato entre si.
É aqui que começam a se fundir as descobertas da física moderna e as mais recentes pesquisas científicas a respeito dos efeitos da oração e da intenção. Estamos intimamente ligados ao universo e uns aos outros, e a nossa influência em nosso mundo, através dos pensamentos, é mais poderosa do que qualquer pessoa jamais sonhou’.”
Notamos que o que acima foi escrito parece corroborar o que falávamos anteriormente.
Não poderiam existir, à semelhança dos campos morfogênicos de Sheldrake, específicos para cada espécie, outros individuais, específicos para cada ser pensante? Esses últimos não poderiam possibilitar a comunicação instantânea entre as diversas vidas de um ser pensante, vividas em lugares diferentes do Universo, ao mesmo tempo? Cada um desses campos morfogênicos individuais não representaria, em última instância, a própria Alma desse ser pensante? Assim, a absorção das experiências e conhecimentos adquiridos nas inúmeras vidas pela Alma de cada um de nós, não nos lembra o fato de que ao nível da espécie humana, “invenções e descobertas muitas vezes são anunciadas, ao mesmo tempo, por vários indivíduos sem qualquer contato entre si?”
E para que os inúmeros Quantuns de Deus que compõem uma Alma consigam se comunicar entre si, e também para que as Almas individuais partilhem entre si as experiências adquiridas, a não localidade quântica, explicitada nos artigos anteriores, não é a ferramenta ideal a ser utilizada?
Agora, chegou o momento de lembrarmos uma conversa de Deus com o autor de ‘Conversando com Deus’, à página 87, vol. II:
“Walsch: Espere um minuto! Quem?
Deus: Você deve saber – agora está pronto para ouvir – Que você existe em todos os níveis do ‘Continuum Espaço – Tempo’ simultaneamente. Ou seja, sua Alma Sempre Foi, Sempre É e... Sempre Será – um mundo infinito – amém.
Walsch: Eu ‘existo’ em mais de um lugar?
Deus: É claro que sim! Existe em todos os lugares – e em todos os tempos!
Walsch: Há um ‘eu’ no futuro e um ‘eu’ no passado?
Deus: Bem, o ‘futuro’ e o ‘passado’ não existem, como já expliquei – mas empregando essas palavras como você as empregou, sim.
Walsch: Há mais de um de mim?
Deus: Há apenas um de você, mas você é muito maior do que imagina!”
E à página 89 do vol. II, ‘Deus’ diz a Walsch o seguinte:
“Em sua realidade linear, você vê a experiência como sendo do Passado, do Presente e do Futuro. Imagina que tem uma vida, ou talvez muitas, mas certamente apenas uma de cada vez.
Mas, e se não existisse o ‘tempo’?
Então estaria tendo todas as suas ‘vidas’ de uma vez!
Você está!”
Observação: este texto faz parte do meu livro "Das novas descobertas da física moderna à nossa Alma’, que foi publicado em 2009. Qualquer informação sobre este livro, contactar o autor através da Usina de Letras.
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