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Cartas-->1964: Depoimento de um militar -- 18/03/2014 - 09:41 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

 

É duro assistirmos, os que vivemos e sofremos aqueles dias, a permanente deturpação dos fatos que conformam a data de 31 de Março, sem a devida contestação por quem de direito.  As mentiras vão se acumulando e, incutidas naqueles que não viveram aqueles tempos nos quais campeava a desordem, a indisciplina, as greves, a falta de gêneros alimentícios, etc., tomam foros de verdade incontestável. O Hernani é dos sobreviventes de um tempo em que saíamos de casa, pela manhã, sem saber se e quando retornaríamos. Assim, é com a satisfação do dever cumprido, que repasso sua mensagem. Chequem as horas referidas abaixo e, com honestidade, digam onde e com quem está a VERDADE.

OJBR

 

A VERDADE HISTÓRICA

Desde algum tempo, sem contestação, blogs de esquerda vêm insinuando que, em 1964, generais haviam sido subornados para derrubar João Goulart.

No dia 25 Fev 2014, sob o título “Comissão Municipal da Verdade ouve coronel do Exército sobre suborno a militar”, a Agência Brasil, em São Paulo, transmitiu texto do qual extraí o que interessa:

“A Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog mostrou nesta terça-feira (25), na Câmara Municipal de São Paulo, o depoimento do coronel do Exército reformado Erma Pinheiro Moreira, 89, sobre a denúncia de que o general Amauri Kruel, comandante do 2º Exército (atual Comando Militar do Sudeste), foi subornado em 31 de março de 1964, dia do golpe militar que depôs o ex-presidente da República João Goulart, para trair as forças legalistas e apoiar o movimento dos generais.”

Em conversa com o presidente da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog, o vereador Gilberto Natalini (PV), Moreira confirmou que, na época, era major farmacêutico e servia no Hospital Geral Militar de São Paulo. Na ocasião ele presenciou o momento em que Kruel recebeu seis maletas, com um total de US$ 1,2 milhão, do então presidente da FIESP (Federação das Indústrias de São Paulo), Raphael de Souza Noschese. E mais: "Até então eu vi Kruel dizendo que morreria em defesa do presidente João Goulart, mas, depois de receber essas maletas, ele mudou de posição. Esse encontro foi por volta das 18h. Depois, no mesmo dia, ouvi no rádio Kruel declarando apoio ao movimento que depôs Goulart".

Para Natalini, o depoimento de Moreira ... "... é um episódio que prova que houve dinheiro de empresários, pessoas e governos para que os militares brasileiros fizessem a derrubada do presidente João Goulart. Esse talvez seja um dos primeiros episódios de compra de oficiais para que aderissem ao golpe e derrubassem a democracia eleita de João Goulart".

Esse amontoado de asneiras logo ganhará foros de verdade e será que, desta vez, ficará por isso mesmo? Afinal, mais do que a imaginação fértil dessa comissão municipal que transformou um acidente (morte de JK) em atentado, existe a acusação do suborno de um 4 estrelas e a insinuação malévola de que o mesmo poderia ter acontecido em relação a outros comandantes militares à época.

Até quando aceitaremos que o nosso Exército seja, através suposto e improvável comportamento de antigos Chefes, comparado ao de vulgares rameiras? 

De um Ajudante de Ordens do Gen Costa e Silva à época, meu particular amigo, recebi a verdade quanto à mudança de posição do Gen Kruel.

Ei-la:

“A história não foi bem assim. Por volta das 23:30 de 31 de março de 1964, o general Costa e Silva e alguns oficiais e civis estavam no camarote do Comodoro do Iate Clube do Rio de Janeiro (Av. Pasteur). O Costa me mandou fazer uma ligação para o Kruel, que estava indeciso pelas pressões de seus generais, pela reação do Zerbini em Caçapava e pelo fato do Jango tê-lo salvo da compulsória promovendo-o a 4 estrelas, o que ocasionou ele, Kruel, ter até mesmo oferecido um churrasco ao Jango na residência do Cmt do II Ex.

Fiz a ligação para o AjO do Kruel (não me lembro mais o nome dele mas isso é fácil recuperar, caso necessário), e colocamos os dois generais na linha. Assisti à fala do Costa e, depois dela, os comentários que fez da fala do Kruel ao telefone.

O Costa insistiu com o Kruel que a lealdade dele deveria ser com o país e não com um governo que estaria apodrecendo. Disse ainda o Costa que as tropas do I Ex estavam todas em nossas mãos, o que era mentira pois não sabíamos ainda as posturas dos Cmt de Unidades e Grandes Unidades da área, instruídos a só se definir na última hora para evitar substituições que não seriam convenientes para a Revolução.

O Kruel contra-argumentou que o Ch de seu EM (cujo nome também não me lembro, acho que Aluízio alguma coisa, um general 3 estrelas) era quem mais insistia para que as tropas do II Ex não saíssem para a rua. O Costa pediu ao telefone para falar com ele e exortou-o (convenceu-o) a colaborar.

Novamente com o Kruel ao telefone, disse-lhe que encontrasse com o Cmt do I Ex na AMAN, cujo Cmt era o Médici, insistindo para que a rendição do Gen Âncora (Cmt I Ex) e do governo deposto fosse incondicional. Insistiu muito e repetidas vezes na rendição incondicional.

Kruel se convenceu. Sabendo como são os políticos, Costa determinou a Kruel que redigisse ele mesmo (Kruel) o texto que o Adhemar de Barros iria ler, proclamando a adesão de São Paulo à Revolução.

Ao desligar o telefone, disse para os generais e civis próximos, em palavras textuais que jamais irei esquecer:

"Ganhamos! Agora aceito aquele uisquinho que vocês estavam insistindo para que tomasse".

Posso afirmar que só tomou um gole, pois não era muito de beber. Em seguida, disse-me: ‘Quero falar com o Médici’.

Fiz a ligação (sempre via AjO).

Com o Médici, insistiu na rendição incondicional do governo Jango e das tropas do I Ex, ressalvando a ele, nas seguintes palavras:

"Médici, você sabe como o Kruel é impulsivo e vaidoso, faça a coisa de modo a respeitar a autoestima da tropa do Rio, 'O Rio se associou ao restante das FFAA', essa coisa toda que você está cansado de saber".

Médici concordou, no ato.

Por volta das cinco da madrugada, Costa ligou para o Âncora, exortando-o a que se rendesse para evitar um derramamento de sangue. Âncora concordou. E Revolução estava ganha.

Essa é a história, Barros, a História que eu vi. Use este texto como bem quiser, se julgá-lo, de alguma forma, útil.

Um abraço

Hernani”

 

 

MEMORIAL 31 DE MARÇO DE 1964

Uma seleção de artigos

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A transcrição do livro de Tuminha pode ser vista em http://pt.slideshare.net/CelsoDaviRodrigues/livro-assassinato-de-reputaoes-tuma-junior

 

Leia os textos de Félix Maier acessando:

1) Mídia Sem Máscara

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