Dedico este texto a um amigo especial, que me trouxe para esta maravilhosa sensação de expor o que penso e como vejo as coisas sem medo algum da crítica. Obrigado a você Agostinho Moreira da Costa, pelo seu incentivo, e sua compreensão a tudo que rabisco. Beijo amigo.
Outro dia em discussão com um amigo, falávamos em traição. Uma palavra simplesinha de sete letras mas que de alguma forma num significado universal expressa antes e tão somente: enganar a pessoa que se ama ou que se diz que ama.
E não falo apenas numa via de mão única, ou seja, só os homens é que traem. Nada disso, nós mulheres também traímos, e muito, apenas somos mais discretas e ocultamos muitas vezes até de nossa melhor amiga. Algumas de nós até mesmo do confessor. Isso é muito engraçado, se não fosse cómico seria trágico.
Bem, mas de qualquer forma se enumerarmos as traições possíveis de serem executadas por um ser humano, com certeza absoluta teríamos que listar um número sem fim de coisas.
O que quero abordar hoje são as traições que impetramos ou que sofremos e que na maioria das vezes nem sequer tomamos conhecimento, ou que talvez nem estejamos atentos para saber que o são: traição.
Trair é literalmente enganar, submeter alguém a um engano não consentido. Um engano proposital, preparado, muito bem pensado.
Vendo dessa forma simplista, temos que trair é coisa de quem engana a pessoa a quem diz amar. Ponto final.
Não é bem assim, trair é submeter outra pessoa, ou várias pessoas a um engano sim, mas um engano que vai trazer sofrimento de alguma maneira quando tudo for revelado, ou denunciado por outrem.
Falo dessa traição, que na minha modesta opinião é a pior. A traição de uma amizade, a traição dos políticos que elegemos, a traição dos governantes que são em suma os responsáveis por toda a nação, a traição dos homens da mídia quando veiculam inverdades que bem a seguir serão de alguma forma desmentidas, por eles ou por outros que tenham a notícia correta, a
traição dos fabricantes de medicamentos que nos enganam com remédios que nada curam, que nada resolvem.
Poderia com certeza listar pelo menos umas cem formas de traição.
Mas vou mais longe um pouco, e quero chegar no tipo de traição mais vil e feroz que se possa presenciar: a traição do desvio de verbas que deveriam impedir de ver uma criança morrendo de fome, em estado de subnutrição ou inanição tão profunda que mal consegue mover os membros para pedir ajuda.
A imagem é terrível mas verdadeira e presente neste nosso Brasil continental, imenso e mal distribuído em todos os sentidos.
Observar as crianças brincando com coisas que nem brinquedos são, apenas restos de outrora lindos e fabulosos brinquedos, é uma dor imensa e que muita vezes nos faz virar a cabeça e fugir para longe desta realidade.
Olhar na rua uma criança estender a mão magrinha em um braço quase ausente de músculos, apenas ossos e pele, preso este braço a um corpo mirrado e sem possibilidade de se recuperar ( sim, devemos saber que uma criança mal alimentada na primeira infància com certeza carregará sequelas de crescimento e aprendizagem por toda a vida, e não só isso).
É nessas horas que me vejo pensando, conjeturando, costurando tentativas de soluções, buscando formas de ajudar, e noto algo singular acontecer em mim. IMPOTÊNCIA.
Sinto-me impotente diante de tanta pobreza, falta de esperança, desespero, falta de futuro melhor,falta de tudo mesmo, para aqueles que como nós os mais abençoados e privilegiados seres humanos (sabia que todos nós somos seres humanos?) nada podem esperar a não ser o dia de um milagre, ou de morrer para acabar o sofrimento.
Minha impotência muitas vezes me faz tomar atitudes malucas, assim como paliativas apenas, pois resolvem momentaneamente os problemas que vejo, só que é o único jeito que encontro para ajudar.
Muitos me dizem: faça tua parte, e se cada um fizer a sua tudo tende a melhorar. Mas sabemos, eu sei, não é assim que funciona o tempo todo. Não é assim mesmo.
De qualquer forma, continuo a fazer minha parte, procuro puxar cada vez mais gente para isso, porque sabemos que cada um tem sua missão neste plano terreno. Estas missões vem junto conosco desde tempos que nem sequer desconfiamos.
Uso muitas vezes um termo para dizer que é assim que funciona: quando me perguntam porque faço eu respondo "MAKTUB", aprendi isso já faz muito tempo. Cada um tem seu MAKTUB, e deve descobrir qual é. E colocar em prática o mais rápido possível.
Para mim definiria traição da seguinte forma: TRAIÇÃO é impor a alguém ou um grupo condições de provação extrema em todos os campos da existência digna e respeitável para que um ser humano possa sobreviver e ser feliz.
É assim que vejo, é assim que busco mudar, é nisso que eu acredito hoje depois de muito procurar um caminho, uma luz de verdade.
E a luz eu descobri que felizmente está dentro de cada um de nós, e como ela foi parar lá? Procure você também descobrir a sua, e o seu porque, aí vais entender.
