Usina de Letras
Usina de Letras
140 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50587)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Pão dormido -- 01/08/2023 - 14:06 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Pão dormido

Aroldo Arão de Medeiros

        Ao escutar a música “O pão da minha namorada”, me deu vontade de escrever sobre as gírias dos anos 1970, época da minha adolescência, já chegando à juventude. Nessa canção, escrita pelo jamaicano Frederick Hibbert e traduzida por Tio Jovem e Zé Nilton, são mencionadas algumas características especiais de jovens com a palavra pão.

O pão, alimento surgido há mais de 4 mil anos, na Mesopotâmia, foi transformado em gíria no Brasil significando homem atraente, bonito. Poderia também ser denominado pão doce. Como o brasileiro tem criatividade incrível, foi anexando adjetivos ao pão e cada uma das locuções tinha conotação diversa.

“Pão fofo” era um cara afetuoso, companheiro, carinhoso, educado, refinado e, quase sempre, um pouco acima do peso que as mulheres escolhiam para serem amigos e confidentes.

Quando o moço era fraco e insípido ganhava alcunha de “pão chocho”.

Não podemos esquecer do famoso “pão duro” que nada mais é que um cidadão avarento, apegado ao dinheiro.

        Mas chega de tanto pão e vamos entrar na seara de gírias usadas naqueles anos 70. Quando um cara estava “abafando”, dizia-se que ele estava chamando a atenção, com gestos, palavras ou roupas. É o mesmo que “causar” nos dias de hoje.

        Quem mais usou o próximo jargão, que eu me lembre, foi o Roberto Carlos. Ele chamava os amigos de “bicho”. O termo é usado para referir-se a amigo do sexo masculino. Primeiro foi substituído por “cara” e “xará”. Atualmente, o lance é dizer “brothe” ou “bro”.

        Se alguém dizia estou “gamado” nela, significava que estava apaixonado. Atualmente se fala “caidaço”, ou algo parecido.

        Nos anos 1980 muito se falou a palavra “sacar” que na década anterior correspondia a entender, “manjar”. Atualmente se fala “tá ligado”.

        Até agora não entendi porque se usava “tá russo” quando a situação era preocupante, difícil de enfrentar ou de resolver. Hoje, diferente dos tempos passados se diz, sem qualquer cerimônia, “tá f**a”.

        O que me levou a essas considerações foi minha irmã ter me revelado um segredo: “Fulana disse que na juventude tu eras o pão do bairro”.

Desconfio que a moça, na época, tinha deficiência de visão, ou gostava muito de mim, pois eu estava mais para “pão dormido”, não no sentido de sovina, mas sim de velho, ultrapassado, como fica o pão de um dia para o outro.

Mas para não ficar somente nas gírias, vou enumerar alguns ditos populares com a palavra “pão”. Porque é muito curiosa a quantidade de provérbios, frases e ditados que têm por base esse saboroso e milenar alimento.

Vejam só: “Bole com o rabo o cão, não por ti, mas pelo pão”, “Mais vale um pão duro que nenhum pão”, “Nem só de pão vive o homem”, “Quem não tem pão, contenta-se com as migalhas”, “Pão de pobre cai sempre com a manteiga para baixo”, “Pão que sobre, carne que baste, vinho que farte”, “Para pão de quinze dias, fome de duas semanas”, “Pão de centeio, o melhor é o alheio”, “Pão mole, a rir se engole”, “Um pão no mato dá para quatro”.

E, certamente, os ditos não se esgotaram aqui. Os mais antigos, que viveram a juventude nos anos 1970, devem conhecer mais ditados populares com a palavra “pão”. Os mais novos, provavelmente buscarão na internet e encontrarão muitos outros mais.

 

               

       

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 16Exibido 56 vezesFale com o autor