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Cronicas-->31. ANARQUIA CONCEITUAL -- 09/08/2001 - 10:24 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Na Terra, participei ativamente, ao mesmo tempo, de diversas seitas religiosas, dentre as quais o Candomblé e o Catolicismo, personificando em mim o que vulgarmente se conhece como sincretismo religioso.

Durante muito tempo, não acreditei em nada, mas fazia, religiosamente, tudo que me era determinado, menos rejeitar as sugestões dos outros sacerdotes. Não comia carne na quaresma, nem que me fosse impingida no terreiro. Em compensação, ia às missas de vestuário branco, em mudo desafio às proibições católicas.

E não era o que se possa chamar de revoltado. É que não estudava nenhum ponto de doutrina, julgando que as exterioridades do culto bastassem para o efeito da salvação e da proteção.

No confessionário, não ocultava nenhum dos pensamentos e sofria calado as severas censuras dos sacerdotes. No terreiro, entre uma baforada e outra, ouvia contrito as recomendações dos guias, que me ensinavam que estava permitindo a diversos obsessores se aproximarem demasiado de mim. Mas não fazia caso nem de uns nem de outros, crente de que Deus iria resguardar-me de todos os males.

As orações eram meras repetições sem sentido, de pronto anuladas por pensamentos materialistas. Não que não temesse o sobrenatural. Morria de medo. Mas era inconsequente, que me mantinha alheio à prudência e à morigeração.

Não será preciso dizer que me vi apanhado nas grossas malhas da força policial, por alguns crimes em que lesei o património de concidadãos. Não era, portanto, flor que se cheirasse.

Dessa forma, fui levando a vida até o momento de surgirem os primeiros netos. Como não tivesse nada a oferecer-lhes, os pais buscaram furtá-los às minhas péssimas influenciações.

Foi o primeiro aviso de que estava prestes a malbaratar completamente a oportunidade de crescimento espiritual. Tal conceito não me veio claro à mente, fruto de meditação transcendental. Foi um amigo padre quem me advertiu de que estaria perdendo o paraíso e foi um dos protetores do centro espírita que me pós a par das dificuldades que teria pela frente, caso me desencarnasse logo.

Essa última fase da vida foi decisiva para o acolhimento que tive ao afastar-me do convívio carnal. É que deliberei ouvir os espíritos, sem o ensurdecedor ruído dos atabaques, com a mente lúcida, por força de não ingerir bebidas alcoólicas.

Levado por parente próximo, fui ter em centro de mesa branca, o chamado kardecismo, onde as pregações, mais que nos outros lugares, me conduziram a fervorosos raciocínios, em busca da compreensão da lei de causa e efeito. Sabia da reencarnação, mas não dera qualquer importància ao fato, pois julgava que tudo se repetiria, conforme o que via ocorrendo à minha volta. Diante dos débeis mentais que eram trazidos para os passes, fiquei sabendo da possibilidade de qualquer um volver ao plano terrestre com doenças congênitas de perfil aterrorizante.

O medo me convenceu de que deveria regenerar-me do ponto de vista conceitual, repelindo a flacidez mental que se estruturara devido à anterior postura religiosa. Lutei muito contra os hábitos e, por meio de trabalho sacrificial, iniciei o estudo das diversas obras de Kardec.

Gostaria de dizer que li atentamente todas elas, mas, na verdade, não consegui alcançar nem a terceira página da Gênese. Entretanto, as demais fui capaz de decifrar, com a ajuda dos doutrinadores.

Se me fosse perguntado o que considero essencial nos centros espíritas, direi que a parte dos estudos são imprescindíveis para que possamos exercer os ministérios do amor e da caridade, com perfeito conhecimento de causa. E isso digo de cátedra, pois a miscelànea de idéias que levei para o Espiritismo categorizava-me para avaliar as preciosidades doutrinárias que se alojaram na codificação.

Mas não devo exaltar nenhum aspecto em particular, pois tudo ocorre segundo o nível de adiantamento e de necessidade de cada um. Sendo assim, permitam-me tão-somente dizer que não me livrei de todo das aperturas conscienciais, tendo de curtir momentos desagradabilíssimos às mãos de diversos obsessores. Contudo, a alma estava lavada nas águas lustrais do evangelho de Jesus, de sorte que pude socorrer-me dos protetores, angustiando-me profundamente por ter percebido que não estaria em mim auxiliar aos que me perseguiam.

Foi por isso que me atrevi a oferecer-me para a psicografia, na expectativa de vir a ser útil para malfadado leitor que esteja flutuando entre a adoção ou a simbiose de diferentes idéias religiosas. Reflitam bastante sobre o que escrevi e ponham-se às ordens dos espíritos mentores, para que venham a cumprir destino de luz.

Honorato.

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