BICHO CARPINTEIRO
Na adolescência e juventude ninguém pára quieto. Logo cedo já damos uma boa caminhada de casa até o ponto do ônibus e, em seguida, do ponto até a escola. Na volta é o trajeto ao contrário. Além dessa “obrigação”, vamos à casa dos amigos, passeamos em volta do quarteirão, damos um pulinho na padaria. Isso tudo quando não resolvemos ir até a “cidade” acompanhar alguém nas compras. Parece que temos “bicho carpinteiro”, como dizia meu pai. Sem dependência do carro.
Depois dos dezoito, alternamos os pés com as rodas. A vida fica mais agitada. Quase sempre, além da faculdade, arranjamos um empreguinho. Pode ser de estagiário na área escolhida, outro tipo de trabalho ou até um bico para garantir uma graninha. Mas a vida ferve e temos que sair à noite. Temos que namorar. Ir ao cinema, ao teatro e, hoje em dia, a danceterias e shows, a famosa balada moderna. Além de escapadas para a praia nos feriadões.
Resultado: dormimos pouco, apresentamos olheiras e mal sobra tempo para comer. Engolimos qualquer coisa rapidamente e somos capazes de passar alguns dias só com “lanches” (sanduíches, na linguagem atual). Quando a ocasião se apresenta favorável – um almoço na casa da avó ou na churrascaria – nos empanturramos.
E depois, nada de rede ou soneca feito os coroas. Rua, que a vida continua...
Beatriz Cruz
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