Quero que digas qual estrela te encanta,
neste véu que do céu desaba sobre nós,
quando na relva em recosto te confortas,
mirando onde meu olhar me abandonara,
pelo anseio de vagar na imensidão a sós.
Cumpras entanto, o desejo que ora conto,
diga-me a estrela e oculta-me a direção,
fala-me do brilho mas não o seu tamanho,
que buscá-la e trazê-la intata a teus pés,
será meu destino neste mundo de Platão.
Viajando na biga celestial e seus alados,
quero a todo instante espiar-te pela fresta,
onde a luz da lua te banha dentro da noite,
por onde raios de sól fazem rósea tua face,
transformando meu ser um enleio de festa.
Quero adorar-te como a estrela escolhida,
que no cosmo parece brilhar por ti somente,
mesmo quando dela te desvias em descaso,
pois vejo que donde se encontra não arreda,
e mantém-se a brilhar de maneira insistente.
Desejos que me fazem da sorte o alvo certo,
um contínuo acelerar das asas do meu siso,
que rasga o universo qual meteóro em fogo,
que busca teu siso em meu peito compassar,
pois o bater de um só coração será preciso.
Como sempre fazem os poetas e os amantes,
hei de cumprir esta sina que me foi escolhida,
e voar, sonhar e desejar deste amor platônico,
que sucumbir ao mando dos demais sentidos,
seja de encantamento por tua estrela preferida.
AdeGa/96
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