Usina de Letras
Usina de Letras
147 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62219 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50614)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140800)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Eu -- 23/01/2002 - 15:34 (Ademir Garcia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Fugir do egocentrismo, do egoísmo, dos ísmos, enfim.; e parar de fugir de mim.., melhor primeiro me encontrar.; e assim..."

_________________________





Do outro lado da rua,

o décimo andar iluminado,

altas horas iluminado certa noite,

outra noite, e outra noite.



Todas as noites iluminado.



As pessoas circulam e sentam,

levantam e andam.;

andam e se movimentam na varanda.



Do outro lado da rua,

o décimo andar parece sempre festivo.;

sempre festivo é o que parece.



Deste lado da rua,

o décimo andar na penumbra,

na parca luz do abajur uma noite,

outra noite, e outra noite.



Tentei descrever os convivas,

das noites, do outro lado da rua,

imaginando suas vidas boas e fartas.



Incontável número de papéis amassei,

sentindo o amargor de amassar vidas.



Noutra noite acendi as luzes,

fui até a varanda,

e da outra varanda alguém me acenou.



Acatei o convite.



Descendo o elevador, pensei .;

vou conhecer os desocupados.

Atravessando a rua, pensei .;

vou gostar de uns e de outros não.

Subindo o elevador, indaguei-me .;

por quê me convidaram ?



Tarde demais. A porta se abriu.



Amáveis e cordiais.;

com amabilidade ímpar me receberam.



Dentro já estava e resolvi ficar.



Muitos conhecidos e muitos desconhecidos.;

todos já falecidos.



Suave música de harpa,

soava de lugar nenhum.



Todos de branco e semblante ameno,

nenhum deles se agitava.



Olhavam, apenas olhavam.

Senti que, serenamente, me estudavam.



Tive receio de fazer gestos bruscos,

e ser avaliado como afoito.

Tive receio de pensar maldades,

e ser tomado por vilão.



Não pronunciei palavra,

para não interromper a fina melodia.

Não pronunciei palavra,

conquanto era, apenas, um convidado.



Aos poucos, um a um, de mim se aproximaram,

e depois saíram para a varanda.

Notei que cada um trazia um broche,

intitulado por cada trecho da minha vida.



Por fim, o último deles,

o mais conhecido dos homens se aproximou.;

acompanhou-me até a porta,

e com a mão em meu ombro, disse :



—Sempre que olhares para os outros,

antes, porém,

procures olhar para dentro de ti mesmo.



O estado prodigioso,

seguido de grande sensação de paz,

fizeram-se-me esquecidas as despedidas.



Descendo o elevador, pensei .;

por quê fui convidado ?

Atravessando a rua, pensei .;

por quê fui o escolhido ?

Subindo o elevador, pensei .;

Por quê nada perguntei ?



Acordei sentado ao lado do abajur,

e num repente,

respondi minhas próprias indagações .;



— Porque precisava saber quem sou.



AdeGa/98

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui