"Quando deres esmola... quando rezardes...quando jejuardes.. não sejais como os hipócritas"
(Mt 6, 2.5.16)
Estamos iniciando mais um tempo de quaresma, tempo onde somos convocados pela Igreja a vivenciarmos a penitência e estarmos numa busca sincera e profunda de conversão. A conversão (em grego metanóia) significa uma transformação integral da pessoa humana, ou seja, Deus nos convoca a mudarmos nossa maneira de pensar, de julgar e de agir. Precisamos inclusive revermos nossos conceitos humanos acerca de Deus. Não podemos querer "encaixar" Deus dentro de nossas reflexões religiosas e teológicas. Precisamos deixar Deus Ser, permitir que "seja feita a sua vontade, assim na terra como nos céus".
A esmola, a oração e o jejum são práticas antiquíssimas que nos permitem um caminho de con-versão ou de penitência diante de Deus. Esmola é participação na dificuldade do outro, na dor do outro, na vida do outro. A esmola não precisa ser doação de dinheiro (também pode sê-lo), mas doação de tempo, de partilha da vida, da cruz e do sofrimento. A oração é o canal que nos liga ao Pai do Céu. É ela que nos fortalece para todos os combates espirituais que enfrentamos e vamos enfrentar. O jejum é uma maneira de retirarmos alguma coisa do noso prato ou de nosso gosto arraigado em favor daquele que tem pouco ou nada. Eu também jejuo quando sou capaz de perceber que o mundo é muito maior do que meu próprio "eu" e entro em comunhão de vida com aqueles que estão além dos muros do não-ter e do não-ser.
Metanóia é mudança de mentalidade, de consciência e de postura de vida. É a única exigência que Jesus faz para aqueles que querem ser seus discípulos: "Cumpriu-se o tempo, o Reinado de Deus se aproxima. Convertei-vos e creiam na Boa-Nova" (Mc 1,15).
A quaresma está aí e nos convida a vivenciá-la com sinceridade de coração. Permitamos que Deus possa agir em nós para sermos transformados. Não precisa raciocinarmos muito. É preciso permitir Deus ser em nós, agir em nós, pulsar em nós...
