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cronicas-->NATUREZA MORTA -- 25/03/2000 - 14:42 (MARIA DA CONCEIÇÃO MATOS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Avistei a casa.
No mesmo lugar de sempre.De longe, admirava a sua modesta arquitetura: uma porta de entrada logo ao centro, entre duas rasgadas janelas. Ao oposto, recebendo os primeiros raios solares, outra janela se abria, dando vista para um canteiro de miuçadas margaridas. Uma demão de tinta bem alva cobria-lhe as paredes, ao mesmo tempo que lhe tingiram os portais, as janelas e as portas de um azul bem forte.
De longe, a pequenina casa era um destaque entre as folhagens, não numeráveis. O jardim, apesar de modesto, era enriquecido pela variedade de margaridas, jasmins, manacás, lírios brancos e amarelos, crisàntemos, violetas, saudades branca e roxa, bem como uma coleção de roseiras, cujas rosas, majestosamente sobressaíam-se entre as demais.
Chovera dias antes e o mato tornara-se um "intruso", em meio às lindas flores, as quais sorriam sonolentas, espreguiçando-se e afogando-se por entre a ramagem verdejante. Uma cerca viva de gerànios circundava a casa. Nas traseiras do casebre, folhagens multiformes de coração magoado, resguardavam suas folhas crestadas pelo sol.
Naquela quietude, ouvia-se o cantar sonoro de uma bica, cuja água escorria de dentro de um canudo de bambu, artezanalmente fabricado para o devido fim. Refrescante e cristalino, o líquido era um convite tentador à garotada circunvizinha. Com as mãos em concha, acolhiam o precioso produto,que fluia em abundantes jatos e escorria para dentro de uma espécie de bacia de pedra sabão. Daí o motivo de se ver constantemente, uma récua de crianças, rodeando em algazarra, a referida fontezinha. Os seus gritos eufóricos, afugentavam um bando de aves de espécies várias. Elas também apreciavam bebericar daquela água fresca.
Um vento persistente deixava o meu cabelo em desalinho e eu me sentia leve como uma pluma.
Com os olhos da minha alma, busquei captar as imagens que consequira reter no meu cérebro e tentei criar um quadro só para mim.
As reproduções projetavam-se rapidamente, em cada pincelada que eu ia procurando transferir para a tela.
Um céu magnificamente azul cobria de sonhos os meus desejos ocultos, cujo sol, irradiante e belo parecia torná-los reais. Algumas escassas nuvens brancas eram evidentes sinais que estavam de passagem, assim como aquela fantasia que eu tentava converter em realidade.
A casa dos meus sonhos era pequena e modesta. Também era ingênua e pura a minha vontade de transformar uma tela imaginária, num quadro famoso e verdadeiro de fato.
Ouvia o alarido das crianças e projetava os seus sorrisos na tela, mesclando as cores e difundindo-as entre as flores que eu procurava retratar. Aos poucos o meu quadro foi adquirindo formas, cores, vida.
Vida?! Não!
Uma natureza morta.
A casa era vazia. E... continuava sendo. Não se habitava mais nela. No seu interior, apenas fantasmas...
Na minha tela, simples lembranças...
Deixei-me levar pelos caminhos de recordações pueris.
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