Carta de Guarajuba
Querida Antonia, aqui de Guarajuba, tenho recebido noticias não alvissareiras, acham que escrevo muitas besteiras e por isso mesmo me colocaram na geladeira, do jeito que as coisas correm eu não passo em nenhuma peneira... – Como? Achas também tudo asneira? E, tens essa certeza? Oh, não! Olhe, para mim, tudo é maravilha, é beleza... – Sabe Antonia, tenho andado com tanta insônia, aquela carta do Bambara que você achou uma jóia rara, – O que? Não falou isso? Ué! Você disse que a carta era hilária e eu ia entrar numa camisa de sete varas? Pois é! Entendi tudo errado, agora estou pelo fio da navalha. Xiiiii... O que faço para sair desta enroscada? Em? Pedir a Lia, aquela do pratinho para livrar a minha cara? Mas...? Hei, eu nessa situação e você dando gargalhadas? Quer ver minha caveira, é? Você é muita da assanhada! – Olha, deu tango no mango e eu crente que estava abafando, acho que andei sonhando... Veja bem Antonia, escrevi aquela carta como uma homenagem, uma brincadeira, como forma de desopilar, interagir com o pessoal e até pensei todos nós em Guarajuba fazendo aquele lual... Ia ser tão legal! Você já imaginou o Toninho lampejo, o caseiro, vestido de mestre cervejeiro? A Lia tocando piano, a galera cantando e coladinho dançando? Depois, naquele marzão em frente, os casais contando as estrelas e se arrumando? E aquela lua dengosa filmando e enciumando? – Como, eu blefando? Sim! Se as canetas andam falhando? Antonia, me tire desse bolo, isso é você quem esta falando... Saiba que o pessoal anda se gabando, depois não fique se queixando! – Pois é, estão dizendo que fiz a carta do Bambara para aparecer e por tabela enviar as minhas poesias, pode? Eu sei... Elas são umas porcarias, parecem até iguarias e só quem lê é a Lia, mais não tem avarias! – Hei, não ria! Assim vão pensar que estou de arrelia... - Em? Você ainda vai descobrir o que a Lia tem comigo? Qual é? Antonia, Antonia! Se segura para não cair, se não eles vão rir... È que somos bons amigos, mesmo eu a perigo... O amor é lindo e o que vier será bem vindo! – Na realidade Antonia, eu quero que saibam que sou boa praça, não estou de pirraça e moram em meu coração, o problema é que eles não acham nenhuma graça... Como podes ver, esta carta não é insensata e não traz nenhuma bravata, é que no meu olho tem um cisco e não quero correr o risco de virar um grande fuxico... Mas, também sei que por dever do oficio ela vai para o lixo... – O que Antonia? Eu do Taliban? Mistura do Mulà com Bin Laden? Podem me enviar um torpedo? Ah é? Mas, falta o enredo e os Orixás me protegem em segredo! Além do mais, daqui de Guarajuba continuo comendo minhas jujubas... - Vê se não troca, alhos por bugalhos! - Antonia, vai haver um novo encontro e acabo de receber um convite, e ai? Você sabe, sou escrevente, é bom que não me tentem... - Em? Se eu for, vou pagar o pato por ser gaiato? Ah, se esse for o fato, combinei com a Lia para dizer que tudo não passa de boatos... Eu só tenho medo da minha caneta falhar, ai viro Judas e a galera vai me malhar, seria praga? - Para finalizar e não banalizar, brinco com as palavras e sinto a brancura das almas, pois, o perdão é quem salva... Antonia, a meninada manda beijos, todos estão bem queimados, o sol, apesar das nuvens, tem dado conta do recado apesar dos pecados...
Beijos
Pissoleta
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