Dentre as atribuições que têm os espíritos, estão aquelas relativas à transmissão mediúnica.
Na qualidade de fiel discípulo do Espiritismo, muito me preocupei, durante a vida, em favorecer que os trabalhos no centro se desenvolvessem da melhor maneira possível. Para tanto, incensava a sala durante o dia, não deixando jamais de rogar ao Senhor que enviasse as melhores entidades espirituais disponíveis para o arejamento do ambiente.
Não dispunha, então, da terminologia empregada nos dias de hoje nem conhecia a metodologia mais eficaz de defumação meramente energética, contentando-me em tudo fazer com o máximo de convicção e boa vontade.
Como os resultados sempre foram satisfatórios, tive para comigo que a minha maneira era a melhor, até que, um dia, após algum tempo de desencarnado, fui a uma instituição terrena, com a precípua finalidade de observar como é que se dão os trabalhos de mediunização.
Evidentemente, não vou reproduzir todos os aspectos conhecidos dos leitores, mas não posso furtar-me a dizer que muito me surpreendi com a maneira pela qual agem os desencarnados. Juro que a imaginação flutuou bem longe da verdade, parecendo-me agora que as coisas se fazem com extrema simplicidade, bastando que haja pureza de intenções em todos os envolvidos.
Naquele dia, compareceram alguns familiares, acostumados com os meus cuidados materiais, e pude perceber que nenhuma de suas atividades teve o dom de favorecer as providências das entidades responsáveis pelo eficaz transcurso da reunião. No entanto, como eram bons e honestos e pretendiam, deveras, auxiliar os necessitados, foram utilíssimos na disciplina geral estabelecida para os que, em inferiores condições, para lá se levaram à revelia.
Naquela memorável noite, assumi a cadeira destinada aos exortadores da fé e discursei longamente, dando a entender claramente de quem se tratava. Como, contudo, fiz menção à inutilidade das providências de defumação e da presença de certas plantas tidas como de poder sobre os maus, ninguém acreditou que fora eu mesmo quem dera a comunicação.
Quando ia ficando triste pela inoperància das observações, assumiu o posto de doutrinador o responsável maior pelas atividades e determinou ao grupo que envidasse esforços para a leitura das obras kardequianas.
Devo confessar que foi bastante complicado para o povo ali reunido combinar ambas as explanações, tendo havido necessidade de outras manifestações, no sentido da advertência de que os frutos iriam ser os melhores, caso se vislumbrasse a possibilidade de serem melhor desenvolvidos os aspectos espirituais dos processos de comunicação mediúnica.
Reforço, passados alguns anos, a peroração que venho repetindo, insistindo, porém, em ponto de suma importància para os trabalhos. Ou seja. Não é porque haja qualquer complicação nas transmissões que não se devam adotar providências de caráter material. É para dar o sentido do valor espiritual que propugnamos a espiritualização dos preparativos.
Temos visto alguns encarnados limparem o ambiente com alguns petrechos dispensáveis, como velas, flores, folhas, sons e odores, na crença de que tudo decorrerá fatalmente sob a proteção dos guias pessoais e do grupo. Entretanto, colocar o sucesso das realizações espíritas naqueles mecanismos primitivos tem levado a conclusões erróneas, no caso das sessões perturbadas ou frustradas. Esquece-se de examinar as verdadeiras causas, ou seja, a falta de concentração mental, os excessos cometidos durante o dia, a invigilància quanto aos aspectos morais etc., para atribuir as falhas à inobservància rigorosa dos procedimentos prévios.
É notável, não obstante, o grande número de instituições que se compenetraram da verdadeira orientação que se deve dar aos trabalhos, tanto que, no que se convencionou chamar de kardecismo, bem poucos fracassos estão sendo verificados nas sessões mediúnicas.
Que esta dissertação venha para reforçar os preceitos da evangelização dos atos de benemerência espiritual, afastando das mentes e dos corações as crenças nos amuletos, nas fórmulas mágicas e nos encantamentos que, muitas vezes até inconscientemente, praticam, por força da cristalização dos maus hábitos.
Que tudo se faça em nome de Jesus, que se obterá a presença de seus legítimos representantes, segundo as necessidades de cada reunião. Acatar tal delegação será, com certeza, reconhecer-se também representante do Senhor, nos sublimes momentos do socorrismo fraterno.
Roberto.
Observação
Desejava o irmãozinho discorrer mais a respeito do desempenho especializado de cada membro da equipe espiritual, durante as tarefas mediúnicas. No entanto, fizemos ver a ele que os aspectos filosóficos ou doutrinários iriam ser de maior valia para os encarnados, os quais, se quiserem, poderão louvar-se das obras que tratam do tema em profundidade, a principiar por O Livro dos Médiuns, de Kardec.
Óbice maior dentre os que relacionamos era o de que nem todos os procedimentos "técnicos" são passíveis de compreensão pelos mortais, dado que aqui trabalhamos diretamente sobre os fluidos cósmicos ou energéticos, a exigir conhecimentos específicos deste tipo de "matéria-prima".
Que nossas aspas sejam capazes de indicar as adaptações que precisamos fazer, para levar à mente dos leitores idéias parecidas à s que se harmonizam em nosso intelecto.
Por outro lado, este tipo de informações só pode ser transferido para a realidade dos encarnados, por iniciativa das autoridades superiores, a quem está sujeita a governadoria "sideral"; jamais por um aluno da Escolinha de Evangelização.
Álvaro.
|
