Caem salivas do céu.
Garoas nuas que refrescam o ar. É Deus que pede calma ao povo?
Confinados em caixotes de cimento
As casas conservam a velhice da parte externa,
Fachadas sucumbem ao lodo que brota nos pés da calha.
Bebês vislumbram a quietude do mundo,
vozes inaudíveis que a televisão diz dizer.
Logo eles, que chegam fazendo o maior protesto,
Dizem nos berros
O que aprenderão alguns anos depois,
Acalentar em poesias.
Versos perdidos num mundo de produção,
adjacentes ao salário do final do mês.
Novamente a história se repetirá:
Bebês gritarão, bradando marteladas em nossos ouvidos,
Que não sabem codificar a pureza de sua expressão.
Nosso mundinho,
Esmagado pelo mundo que inventamos.
Na terça-feira tem faxina, coloque-o no sofá.
Não, não, apenas um pano úmido serve...
O banheiro deve Ter aquele cheiro característico de desifetante .
As TVs minando clarões pela sala escura.
Tudo, circundado lá fora, por uma garoa taciturna, diáfana.
Será Deus que pede alma para esse mundo esquecido?
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