Estou na noite vazia,
Sonhando na insônia,
A perspectiva do meu destino.;
Que me parece de tudo ser tão pequeno!
Eu não tenho a mão do ensino...
Eu não tenho a graça do emprego...
Eu vivo no degredo do medo...
Eu me vejo correndo no escuro...
Vida sem gosto de sal...
Caminhos salgados como tal...
Sonhos perdidos nos enganos...
Os olhos sem visão de planos.
Eu sou um cidadão do século novo.;
Eu sou viajante a caminho sem chão.;
Eu sou o torrão sem algum cercado.;
Eu sou praia sem mar da imaginação.
Não vejo descanso para guerra...
Não vejo neblina sobre a serra...
Não vejo beleza sem poluição.;
Não vejo fantasias no coração.
Os mistérios são cemitérios.;
Os gritos são malditos.;
Os choros são impuros.;
Os passos são fracassos.
A lua lá, acima, bela, fica
Sem que dela se perceba.
E as estrelas, - luz sem tristeza,
Descansam cheias de sutilezas.
Oh! criaturas deste nosso mundo...
Chega-se a hora de pensar profundo!
Oh! Homens que falam tantos,
Marcam-se-nos novos rumos, portanto!
Quero a paz!
Quero a estrada onde faça
boa viagem!...
Quero a fala!
Quero a escola onde se conquista
a cidadã liberdade...
Quero a chuva!
Quero a mata onde tenha
o meio virgem...
Quero o mundo!
Quero o governo onde ascenda
outra modernidade.
Não me basta a internet.;
Não me basta os chicletes.;
Não me basta os transplantes.;
Nem, que se façam, as viagens a marte.
Oh! vastos cérebros,
de sabedoria cônscia, dotados,
da imensa, diversa, humanidade!
Bastaria-se-me do moderno:
O flamular do que seja, estandarte:
Se, dado a um legado justo
e humano,
- Fora da vasta horta indigesta do descaso.
Faça que, a sirene que soa aos cantos,
Os acordem para os reais ventos dos fatos.
Francklin dos Santos – 10/02/2000
|