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Cordel-->Um poeta analfabeto -- 29/08/2002 - 22:42 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O poeta analfabeto

Vou falar de uma pessoa
Que nesta terra morou,
Deixando muitas lembranças
Em cada canto que passou,
Apesar dele ser pobre
Foi uma pessoa nobre
Pois no folclore ficou.

Fez parte de nossa história
E também desta cultura,
Manezinho do Gavião
Que bonita criatura,
Viveu nesta região
Dizendo versos de montão
Sem nenhuma formatura.

Tipo caboclo e franzino
Queimado pelo sol quente,
Às vezes fumava seu pito
Bebia uns goles de aguardente,
Seus cães eram seu companheiro
E em cada passagem pelos terreiros
Mais cães lhe seguia em frente.

Conta-se que esses cães
Onde Manezinho passava,
Ia seguindo o seu carreiro
Que por ali farejava,
Porque Manezinho repartia
Um pouco do que recebia
E esses cães alimentavam.

Dos anos 90 para trás
Quem é quem não o conheceu,
Este caboclo franzino
Que nesta terra apareceu,
Veio para cá viver conosco
Não nos dando nenhum desgosto
Até o dia que faleceu.

Todo pessoal quando o via
O Manezinho em um lugar,
Ia logo para perto
Pra qualquer coisa perguntar,
Pois sabia que respondia
Com muita sabedoria
Suas respostas a rimar.

Um porrete para escorar
Aquelas pernas já fracas,
Era um caboclo alegre
Não fazia aqui arruaça,
Tomava lá o seu gole
Mas ninguém de sua prole
Nunca viu bêbado numa praça.

Morava com sua mulher
Augusta Maria de Jesus,
Veia pra esta terra em 57
Quando aqui não tinha luz,
Estou contando o seu enredo
Morou na rua do segredo
Com a ajuda de Jesus.

Em sua casinha de taipa
Eu vi algum pessoal,
Que foram lhe visitar
No dia do seu funeral,
E ali naquele instante
Não tinha gente importante
Foi um enterro normal.

Também fui neste enterro
Ainda lembro aquele dia,
Quando entrei no seu casebre
Que pouca gente cabia,
Vi o seu corpo estirado
Com amigos simples do lado
Tudo isso ali eu via.

Seus filhos Julio e Domício
Ainda mora lá no Segredo,
Onde viveu Manezinho
O personagem desse enredo,
Virando tudo ao reverso
Não guardaram nem um verso
Porque não acordaram cedo.

No ar ainda tem seus ecos
Das suas rimadas respostas,
A cultura não foi guardada
Deixou uma lembrança morta
A cultura desta cidade
Morreu com a mocidade
Preservar são poucos que gosta.

Manezinho foi um poeta
Que nenhum livro escreveu,
Era um poeta do mundo
Que a vida lhe concebeu,
Em outra vida deve estar
Rimando em qualquer lugar
De um jeito que era só seu.

Airam Ribeiro
13/01/95
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