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Artigos-->A entrevista de Dirceu -- 08/03/2004 - 10:38 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ENTREVISTA DE DIRCEU



Nivaldo Cordeiro

www.nivaldocordeiro.org

07/03/2004



"Se o cristianismo condena o pecado absolvendo o pecador, a moral gnóstica sacrifica o pecador para proteger o pecado, que assim renasce interminavelmente de sua própria punição simulada". (Olavo de Carvalho no artigo "É óbvio demais", em O Globo de 06/03/2004)



Dizia-se que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não carregava feridos. Ele substituía ministros, mesmo os mais amigos, como quem troca fusíveis queimados. Com esse método FHC conseguiu atravessar seus oito anos de governo sem maiores sobressaltos institucionais, mesmo tendo nos seus calcanhares a tropa de choque do PT, sempre pronta a chamar uma CPI a qualquer rumor, sempre pronta a mobilizar os procuradores amigos e os editores amigos para plantar escândalos pelo Brasil afora.



Vemos que nesse quesito o governo Lula se comporta de forma radicalmente diferente. A revista Veja que está nas bancas deu capa para o conteúdo da entrevista do ministro José Dirceu que ela traz, com a sugestiva declaração do ministro à guisa de chamada de capa: "Não vou sair do governo". A declaração é a síntese de toda a entrevista, que se caracteriza por uma mistura de arrogância e de auto-elogios dignas de quem está seguro de que é inamovível do poder e de quem é incapaz de um auto-exame.



Há ministros que são mais ministros que os outros. José Dirceu se comporta, na verdade, como se fosse um duplo do presidente Lula. É como se ele tivesse sido consagrado nas urnas. Isso é típico dos partidos de vanguarda revolucionária, para quem o processo eleitoral é um mero instante instrumental no processo político, mais das vezes o dirigente máximo da organização não tendo que passar pelo incômodo de buscar a legitimidade do voto. É como se Lula tivesse funcionado como puxador de votos, um cabo eleitoral para servir de trampolim para que os dirigentes na sombra pudessem acessar os cordéis do poder.



A frase final de Dirceu na entrevista é sintomática: "Não sou uma pessoa que caiu aqui no Palácio do Planalto, virou chefe da casa civil por acaso. Tenho quarenta anos de vida pública, entendeu? E não é um fato como esse, que, repito, é grave e cujas providências legais cabíveis foram tomadas, que vai manchar a minha biografia".



A exoneração de Valdomiro Diniz e a execração de Carlinhos Cachoeira pela mídia não foram o bastante para servirem de bode expiatório. A Medida Provisória com proíbe os bingos de funcionar foi a tentativa de se criar um fato compensatório, desproporcional, para apagar a imagem, associada ao PT, de que o partido tem sido beneficiado por verbas da jogatina. Até agora não funcionou. A opinião pública não engoliu a manobra e não se deixou engabelar. A imprensa, mesmo simpática ao partido do governo, passou a ficar cada vez mais ácida, cada vez mais descrente, cada vez mais impaciente com as manobras pueris dos governantes, ávidos em esconder o malfeito.



A única coisa sensata que Lula poderia fazer para conter a crise seria demitir José Dirceu. Vê-se que isso não vai acontecer. É a receita para levá-la ao paroxismo. O desdobramento da crise poderá custar muito ao País, especialmente em termos econômicos. Não é à toa que os petistas estão centrando fogo contra a política econômica em vigor, como se ela não fosse ditada por eles mesmos e como se outra política pudesse ser posta em prática. É loucura e, como tal, pode levar o seu portador à destruição.









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