O ano que eu conheci o inferno.
Cheguei ao inferno de um dia pro outro.
Mas, me decepcionei.
Primeiro quando cheguei achei tudo muito chato.
Fazia outra ideia.
Achei que ia pintar ao menos umas ninfas, sexo, droga e rock in roll.
Enganei-me.
De cara, vi um monte de religiosos de joelho, acendendo velas e orando.
Já achei esquisito.
O som era o da moda e muito ruim por sinal.
Comida boa, cama boa e roupa boa.
Celular, TV a cabo e internet.
Ai me bateu uma vontade de conhecer o Capeta, já que eu estava no inferno mesmo, porque não conhecer o chefe.
Para minha surpresa lá não tem chefe.
De repente me apareceu uma pessoa sem sexo.
Perguntei: disseram-me a vida toda que você tinha chifres, rabo, cheirava enxofre e cuspia fogo.
Ele me respondeu:
Bobagem é tudo simbolismo.
Os chifres significam a tentação, mas não tentações que passaram pra você.
O cheiro de enxofre não é pior que a inveja e a injustiça.
O rabo é pra quem não tem onde sentar.
O fogo do cuspe é nojo da mentira e da calúnia.
Depois, me deu um abraço e disse:
A porta esta aberta pode ir você não é daqui.
O lugar era frio.
Pirei! O inferno era frio e eu não sabia. Burro!
Autor: Marco Túlio de Souza
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