Usina de Letras
Usina de Letras
147 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62220 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22535)

Discursos (3238)

Ensaios - (10363)

Erótico (13569)

Frases (50616)

Humor (20031)

Infantil (5431)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140801)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6189)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Júlia............. -- 28/01/2002 - 13:42 (Ademir Garcia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Ora! Tanto era um caso impensado,

Que mesmo sob a pecha do pudor,

Nos átrios contrariava beatos ditos,

Em instantes de gozo levava sofrer,

Pudera, entanto, jamais ser evitado.



Fora num daqueles dias de agosto,

As férias longe pareciam sopradas,

Já havia das festas juninas o vazio,

Que Júlia conheceu o visitante loiro,

Na casa grande onde era ele posto.



Sentia seu olhar quando lá passava,

E se conhecer-lhe o rosto desejasse,

Tinha na relutância a maior inimiga,

Eis que a vizinha hospedeira lhe era,

A antipatia que há muito ali rondava.



Mas houve o tão esperado encontro,

Talvez mais súbito que tão esperado,

Despojou-lhe das mãos pela calçada,

As frutas por descuido se espalharam,

E, calado, Antonio acudiu-a de pronto.



Num instante rompeu-se a distância,

Tocaram-se as mãos de um lampejo,

E nos olhares as festivas espelhando,

Fizeram-se conhecidas as certezas,

Que os anseios tinham concordância.



Ávidos encontros foram se repetindo,

Ainda que furtivos e longe dos dias,

Escondia ela na jovialidade presente,

Paixão incontrolável dentro do peito,

Como u’a flor sua beleza ia exibindo.



Tinha Antonio por ela grande mimo,

Mas, arredio da família se mantinha,

Denunciava visível o dobro de idade,

Pensando e jurando magoá-la jamais,

Sonhava cercá-la apenas de carinho.



Soberbas as estações se repetiram,

Antonio teve seu labor ali acabado,

Dele tornou-se inevitável a partida,

Quando então a tristeza se lhes veio,

A ambos como que os sonhos ruíram.



A solidão se impõe durante a noite,

E Júlia procura amenizar escrevendo,

Há que receber o amado suas cartas,

Respondê-las com palavras de amor,

Aliviar a saudade que parece açoite.



A chegada de outro loiro forasteiro,

Certo dia a atenção de Júlia chamou,

Tamanha sua semelhança a Antonio,

De quem em verdade o moço era filho,

Foi resposta ao que indagou primeiro.



Recaiu de logo numa enorme apatia,

Aquela moçoila antes cheia de vida,

Perdendo viço do sol se escondendo,

Mostrando o limite de leitosa cútis,

Fazendo notar a rapidez que adoecia.



O visitor da casa grande logo soube,

E quando cortês se fez comparecer,

Levando nos braços flores do campo,

Insistindo no desejo de vê-la curada,

Júlia no próprio imo quase não coube.



Mui galante, Heitor, o alegre visitante,

Não quis conhecer a razão da tristeza,

Levando alegria nas horas vindouras,

E também de contar-lhe se contendo,

Júlia então curou-se num rompante.



Longe Antonio mantinha-se dedicado,

Ao que tinha se proposto em silêncio,

Durante um longo processo amigável,

Teve com a mulher bom entendimento,

E agora estava legalmente separado.



Cumprindo a intimidade que ordena,

Deixou para trás serviço e pertences,

E com ímpeto de quem vai recomeçar,

Partiu em busca de seu grande amor,

De quem sonha ouvir sua voz serena.



Ora! Já era um caso pensado a dois,

Ela com certeza estaria esperando,

As duas últimas cartas sem resposta,

Quem se importaria com tal bobagem,

Se doravante nada ficará prá depois.



Não. Em silêncio Júlia também ficou,

Aguardando talvez o momento melhor,

Precisava falar-lhe da nova paixão,

Relutava muito, inda mais por escrito,

Foi então que por ela o destino falou.



Quando Antonio chegou a noite caia,

A luz cortando por entre as árvores,

Fazendo na alameda grandes listras,

Esculpindo nos transeuntes a ilusão,

Ora negro de breu, ora o claro do dia.



Na fosca sombra um casal se beijava,

Ao som dos passos ela virou-se e viu,

Que era Antonio que por ali passava,

Também ele num relance reconheceu,

A amada que agora um outro abraçava.



Em desespero e cego pelo desgosto,

Sacou a arma que sempre foi defesa,

Dava em verdade o primeiro disparo,

Que do grande amor a vida levasse,

E nem sequer do outro olhou o rosto.



Apontou para o peito a peça sinistra,

Junto ao estampido ele ainda pode ver,

Que para escudo da moça em prantos,

Foi seu filho querido a quem alvejou,

E ambos tombaram na calçada maldita.



Julia...........







AdeGa/97



























Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui