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Artigos-->A esquerda e a corrupção -- 15/03/2004 - 10:42 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ESQUERDA E A CORRUPÇÃO



Moacyr Scliar



Tomamos um táxi em Havana e a primeira coisa que o motorista perguntou foi se queríamos pagar pelo taxímetro ou combinando com ele. Perguntei qual a diferença.



- Pelo taxímetro - foi a resposta -, o dinheiro vai para o governo. Se combinarmos, vai para o meu bolso, mas custará menos.



Esse diálogo, é bom assinalar, ocorreu num país considerado comunista, onde os táxis não são propriedade privada; estão sob controle governamental. Remete-nos, assim, a um tema interessante, e agora atual: a esquerda e a corrupção. Coisa que aliás não interessava muito aos líderes e teóricos esquerdistas. Para Marx, o grande vilão era o capital; a corrupção seria, portanto, apenas um dos meios aos quais o capital recorreria para se multiplicar. Uma sociedade sem capital, a sociedade comunista, seria teoricamente imune à corrupção, mesmo porque os ganhos dela resultantes não poderiam ser aplicados em nada que se caracterizasse como propriedade privada. Mas corrupção é uma coisa insidiosa, disseminada e surpreendente; como vírus de computador, aparece quando menos se espera, e progride por etapas. A primeira etapa é a da mordomia. Na finada União Soviética, os membros da elite tinham privilégios especiais, um dos quais era clássico: a datcha, a casa de campo. Os cidadãos comuns comprimiam-se em apertados apartamentos, mas os líderes tinham um lugar especial para repouso e outras atividades. Depois das mordomias vem a grana propriamente dita; sempre se arranja um jeito de desviá-la. Não é de admirar que a Rússia pós-comunismo tenha se revelado um país especialmente corrupto; o know-how já existia, e estava só à espera do liberou geral.



Num país totalitário, só o governo pode combater a corrupção; se ele não a combate, ninguém tem como fazê-lo. Num país democrático, é diferente, mas esta diferença não resulta de boas intenções, e sim de uma contradição inerente ao capitalismo: não se pode permitir a livre difusão de dinheiro e de mercadorias sem permitir a livre difusão de informação, inclusive de informação sobre a corrupção. Se há sacanagem, todo mundo fica sabendo. E aí é preciso fazer alguma coisa. Ao fim e ao cabo, a democracia ainda é a melhor forma de fazer justiça social, uma coisa que a esquerda está descobrindo (ou redescobrindo). É um aprendizado lento e doloroso, que implica em descobrir as próprias fraquezas da esquerda. Mas é um inegável progresso. Mostra que, apesar de tudo, o mundo em geral, e o Brasil em particular, estão melhorando.



*****************



E Zélia Gattai, em recente entrevista, contou que esse tipo de coisa foi a gota d água que levou Jorge Amado e ela a sairem do PCB. Quando moraram na URSS havia cartões para compras em lojas de produtos importados, que eles como intelectuais "não comuns" recebiam... ainda que não estivessem de acordo com tal prática. Gostemos ou não, assim acontecia... dream was over.



Tania



***



Obs.:



Moacir Scliar deixou de comentar uma coisa, talvez a mais importante: ele está a favor do regime tirânico de Castro ou é contra? Fuzilamento ele aprova, desde que "sem corrupção"? (F.M.)











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