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Contos-->Minha Doce Senhora Morte -- 10/12/2001 - 17:43 (Marcelo Finavaro Aniche) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se a morte um dia viesse ao seu lado, ou ao lado das pessoas que lhe deram a vida, você a vê, mas ninguém mais, o que faria ?
Loucura, demência, esquizofrenia ou uma simples maluquice ?
Morte é o que vê e o que sempre verá depois, não a morte das pessoas, mas a própria morte, lhe visitando dia após dia, verá que mal pessoa não é mas boa, estará longe de ser...
Se a vida fosse tudo, a alma não existiria, pois apenas o material importaria... ou se a alma fosse o mais importante para quê passar pelo corpo, que logo extinguirá ?
---

“Convivo assim há anos, dia após dia... tristeza, agonia, saudades... o que não daria para ver pelo menos minha mãe, ou meu pai, novamente !
A morte, que de forma tão pomposa os levou, e ainda um ultimo suspiro me deixou... se continuasse a viver, acho e espero que não, irei ter de aturar os pesadelos, as visitas, e os pesadelos que essas visitas me trazem...
Antes de preocupar a qualquer pessoa que leia isso antes de eu ir, pois estou a escrever ao lado da própria morte, minha doce e odiada companheira, que já me avisou de tudo o que estará para acontecer.
Espero que minha história de vida mostre a todos o que ela é, ou o que faz... seja ao bem ou ao mal. Ela leva, por obrigação...
Mas, o que me diriam se ela conversasse com você e avisasse a chegada de sua vez, o que pediria ? Imploraria, choraria, rezaria ?
Se isso adiantasse milhares seriam poupados, mas não peço para fazerem o contrário, pois mesmo sabendo da própria morte “que nunca espera ou se atrasa, que vem e vai e consigo as velas já apagadas” – como a mesma me diz – a fé enche a alma, que será útil, ao menos uma vez...”
---


- MÃE, IMPLORE PELA SUA VIDA ! – gritava a pequena Linda dentro do carro, para sua mãe.
- O que você disse, amor ? – respondeu a mãe com um enorme bocejo, já estava tarde e totalmente exausta, fora isso ainda tinha de dirigir.
- MÃE, ELA ESTÁ AQUI ! MÃE IMPLORE PELA SUA VIDA ! MÃE ! – urrava com todas as forças.
Ao lado do carro, e aos olhos da pequena garota, uma figura negra, tão negra que nem a própria escuridão a abatia, voava ao lado do carro, não tinha pernas, apenas manchas borradas... o rosto ou o corpo era negro, ou revestido por uma capa, a única parte que se notava era sua foice, grande e afiada, que reluzia aos poucos de um vermelho, que parecia pingar ao chão...
- MÃE ! MÃE !
A figura negra deu um sorriso para a menina, um sorriso sem rosto apenas com dentes, nem olhos ou orelhas, apenas dentes que logo sumiram...
A figura jogou a menina para fora do carro, e ao mesmo tempo passou de tal relance o seu foice no pescoço de sua mãe, sussurrando algo... o carro desgovernou e bateu quilômetros depois.
- POR QUÊ ?! – chorava a menina.
- Era sua vez’sss... – esguichava a morte, parada flutuando, com um certo ar de piedade ou dó da menina – amanhã encontrará seu pai, e com ele partirá’sss. Mas logo voltará a me ver, e jamais se esquecerá’sss...
Riu alto e desapareceu em caminho da lua, mas antes que desaparecesse um pingo de sua foice caiu do alto da lua, e caiu na mão da menina, e nela se formou o rosto de sua mãe, que não durou segundos, pois já fora encharcado por lágrimas, que as teve de beber, pois durante toda a noite, não obteve água... doce...
...
- Pai, quer mais sopa ? – perguntava Linda, ao seu pai.
- Quero... – disse o pai choramingado.
- Eu sei... eu sei... – dizia a filha – já fazem dois anos que a mamãe foi, mas ainda não a esquecemos...
O pai sorria, e detrás dele uma sombra reluzia mais negra do que o comum...
- Tem razão, querida ! – dizia o pai passando a mão pelo nariz que escorria – vamos tentar superar, vamos tentar...
A menina arregalou os olhos... o mesmo sorriso de dois anos voltava, e detrás dessa escuridão total saia um grande foice...
- PAI ! PEÇA PARA VIVER ! POR FAVOR ! – e abraçou, para impedir sua morte.
- Acalme-se, minha querida. Nada irá acontecer comigo... não se preocupe...
- PAI, POR FAVOR, IMPLORE ! PAI, REZE ! – chorava a menina.
- Claro... – o pai começou a ficar preocupado, mas resolveu tentar obedecê-la, não gostaria de contrariá-la.
O pai ajoelhou-se e começou a rezar, junto da filha. Rezavam de cabeça baixa.
A morte riu alto, mas esperou...
- Amém !
Sussurrou algo no ouvido de seu pai, que rapidamente abriu os olhos, com um grito, e sua cabeça rolou para as pernas da menina...
- POR QUÊ ?!
- Da vida muito’sss se dá como muito’sss se tira... um dia terá sua chance outra eu a terei, mas tenha certeza’sss: o mais forte sempre vence’sss !
E riu sarcasticamente... riu com uma felicidade, enquanto a menina chorava em lágrimas, saudade e raiva...
A morte desapareceu deixando um pingo em sua mão, seu pai... bebeu pois seu futuro já estava traçado.

***
“A resumi para poupar tempo e poder chegar ao fim, pois todos os dias após esse ela, minha doce e odiada senhora morte, vem me visitar todos os dias com a sua risada... apenas com a sua risada. Vou logo acabar a minha história, antes que seja tarde, mas isto não será talvez de grande ajuda para quem leu isto... vou acabar com a história agora, pois a morte já está ao meu lado, com sua foice...”

“Que a vida seja eterna enquanto dure, mas que acabe com a honra da morte, e ela assim lhe mate com prazer...” um de seus sussurros que jamais lhe será esquecido...

---
Às vezes o que importa é o que se aprende na vida, independe dos meios de ensino, ou dos modos como são utilizados...
Assim como a lagarta, que quando achou que a vida havia terminado, virou uma borboleta e viu que apenas começara outra vida...

“Se a vida não lhe ensina a teoria, que a morte lhe mostre a prática...” – las almas (Marcelo Aniche).
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