Vamos logo tratar de desmistificar essa história desse golfinho de água-doce ficar levando virgens para o mau caminho.
Venhamos e convenhamos, um golfinho drag, cheio de balangandãs, mais rosado que a Sula Miranda, e que a palafita da Evita, não desvirgina nem hímen de lambari fêmea, quanto mais uma mocinha na flor da idade. De onde surgiu essa história da carochinha? Será que é coisa do Green Peace? Deve ser coisa de ecologista.
As meninas lá da região norte são argutas. Ficam balançando a moita e depois o boto é que leva a culpa de fazer parir Mateus.
Na cidade, a culpa da iniciação sexual precoce é imputada à mídia famigerada. Lá no norte, a culpa é do boto. Os pais de família ainda vão extinguir a raça dos flippers-florzinhas.
Vamos colocar as coisas às claras. Para quem não sabe, boto é um cetáceo, da família dos platanistídeos lá da Bacia Amazônica. É homo, e pedófilo, porque gosta de comer peixinhos. Portanto, a hipótese das virgens está deflorada definitivamente.
Já o primo marinho deles, que gosta de uma prainha, é um tremendo lobista do capitalismo selvagem. Por causa dele, todos nós, que temos filhos metidos a salvar o mundo, temos que substituir a latinha de atum mais barata, pelas top de linha, que trazem a grife "Dolphin Safe", e custam os olhos da cara. Esse negócio de ser ecologicamente correto é coisa de punguista, de batedor das nossas carteiras.
Segundo consta, a pesca do atum acarreta a morte dos golfinhos, já que eles devem manter uma relação com os atuns que é, no mínimo, suspeita. Aí, algum economista inventou a tal grife, que só pode aparecer nas latinhas de quem pesca atum sem incomodar os deslumbrados delfins. E quem paga o pato, ou melhor, o atum mais caro, é a gente.
Toda vez que eu quero fazer meu tuna-fish perto das crianças, tenho que comprar a latinha inflacionada, senão vão me chamar de destruidor da fauna, anti-Cristo, senador, malufista, e outras coisas do gênero. Tive que destinar um quarto do meu cofre de parede como guardião das minhas latinhas de atum do Chile. Aquelas vermelhas e sem a tal grife, que eu sempre usei nos meus sands e na pizza e que, aqui entre nós, estão por um preço de ocasião.
Para mim, comer aquele atum predador é melhor que caviar. E o ralado é perfeito. Misturo com maionese, cebola bem picada, salsinha, e voilà! Como três seguidos no pão-de-forma. Se fosse do etiquetado, dois já iam pesar no orçamento.
Esses ecologistas, que só comem caroço de mamão, ficam inventando moda, e quem sofre as conseqüências é o meu cardápio. Queria ver eles encararem a peixeira do caboclo com a filha embarrigada lá no Rio Negro. A coisa ia ficar preta, isso sim.
Viado é sempre assim. Fica esperneando deslumbrado, e espirra para todos os lados, principalmente no meu sanduíche. Se ao menos comessem as ribeirinhas, mas nem isso. Ficam levando a fama feito periquitos, e fogem das periquitas feito o diabo da cruz.
- Vai um tuna aí? É lá do cofre, coisa de primeira! Mas se a minha filha entrar de repente, eu não te conheço!
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