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Artigos-->Seria esse um governo dos trabalhadores? -- 17/03/2004 - 19:29 (Athos R. Miralha da Cunha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Seria esse um governo dos trabalhadores?

Athos Ronaldo Miralha da Cunha



A expectativa



Lula assumiu o governo sob forte clamor e apoio popular. Comprometido com as transformações sociais que tanto esse povo sofrido deseja. Brasília foi tomada por uma multidão que queria ver e recepcionar um retirante, um operário, que pelos braços do povo elegera-se presidente do Brasil. Em 500 anos de história jamais um brasileiro oriundo das classes mais humildes conseguiu assumir o comando da nação. Foi comovente ser um expectador desse momento histórico do país.



Quando a maioria do povo escolheu um sindicalista, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para ser o governante supremo, estava negando oito anos de liberalismo econômico, arranjos espúrios (no melhor estilo toma-la-da-cá), privatizações, proselitismo político, arrocho salarial e sacrifício dos mais pobres.

Os votos dados a Lula foram o contraponto ao superávit primário e um cartão vermelho ao modelo econômico subserviente aos acordos unilaterais do FMI.

O povo brasileiro superou o medo e votou na esperança.



O governo



Entretanto, podemos afirmar que as políticas de governo não foram àquelas almejadas pelo conjunto da população. Inclusive, acrescentar que houve uma continuação do modelo econômico de FHC. Alguns, mais irônicos, dizem que Lula está cumprindo o terceiro mandato de Fernando Henrique (sic).



O atual governo teve um tempo de maturação. É fundamental conhecer a máquina pública quando as reformas pretendidas são arrojadas. E, é plausível e correto esse tempo, pois como disse o presidente: “dar um cavalo-de-pau em um transatlântico é mais difícil que num fusca”.

O problema não reside no tamanho do navio ou do veículo e, sim, se há o desejo do comandante dessa embarcação em fazer um cavalo-de-pau. O governo de Lula ainda não acenou com esse cavalo-de-pau. Num horizonte de sete mares não há uma indicação de mudança de rota dessa embarcação chamada Brasil.



Algumas atitudes errôneas devem ser encaradas como lições para não serem repetidas. Nesses primeiros quatorze meses de governo houve um uso abusivo de metáforas, expressões megalômanas e discursos improvisados. Um marketing social de pouca grandeza, uma reafirmação da esperança, que “cuando parece mas cerca es cuando se aleja mas”. Uma inconquistável e longínqua terra prometida.

E o auge disso tudo foi o “espetáculo do crescimento”. Esperamos atentos e torcendo pelos artistas, mas o palco ficou encoberto pela cortina e o espetáculo virou uma “primavera social” que passou como uma noite de verão.

Excetuando-se a política externa, que no meu modo vista foi exemplar, todos os demais programas de governo ou foram implementados parcialmente ou estão andando a passos lentos.



O maior programa de combate a fome do mundo (sic) o Fome Zero, ainda nos acalenta com sonhos e nos proporciona expectativas fortuitas de implementação. Torço para que esse projeto, ou similar, seja a marca do governo Lula.



O escândalo



E para culminar, esse quase perdido primeiro ano de governo Lula, nós assistimos o escândalo envolvendo o senhor W. Diniz.

Se o ministro Dirceu sabia ou não sabia das “ligações perigosas” de seu assessor, se esse episódio atinge o governo ou o PT acho que é preocupante.



Nesse caso o importante a analisar é que há uma tentativa de macular o que é muito caro para o PT. O seu patrimônio ético. Um patrimônio construído ao longo de mais de duas décadas não pode ser jogado no ralo por um elemento individualista e corrupto. E a direita conservadora faz um jogo rasteiro e maledicente com essa intenção.

O Partido dos Trabalhadores está sendo colocado injustamente na vala comum, dos partidos tradicionais, pelos parciais analistas políticos. No melhor estilo farinha do mesmo saco.



Temos que ter ciência que em uma agremiação, associação, clube ou partido sempre haverá pessoas honestas e desonestas. Entendo que o PT e o governo não devam ser chamuscados por um indivíduo inescrupuloso estar assessorando um ministro. Esse elemento deve ser julgado no rigorismo da lei. Mas explica isso aos raivosos detentores de uma coluna de jornal ou de um microfone no horário nobre? Os ideólogos da direita conservadora estão tendo orgasmos múltiplos.

O PT é igual a nós, há corrupção no PT como em nossos partidos (sic). Essa tática é simplória, descabida e mal-intencionada.



Se existe outro funcionário nas mesmas negociatas que esse W. Diniz que seja investigado e devidamente enquadrado pela justiça. “Duela a quem duela” como dizia um certo ex-presidente.



A guinada



Esse escândalo envolvendo um alto funcionário do ministério da Casa Civil colocou o governo em alerta máximo. Esse episódio será um divisor de águas para o governo Lula. Ou Lula mostra a que veio e deslancha seu governo com a marca das transformações sociais, que foi o seu principal propósito e expectativa da nação, ou descamba para a mesmice neoliberal nos moldes de FHC e com ínfimos avanços sociais.



Temos assistidos algumas manifestações no meio sindical que apontam para um “endurecimento” para com o governo. Uma cobrança mais de fundo. Após um ano de governo “dos trabalhadores” já era tempo de vislumbrarmos no horizonte a rota das mudanças.



Temos que forçar o governo a vir para a esquerda (sic).

É uma das frases mais usadas. Reafirmando que o movimento sindical deve “puxar” o governo para a esquerda. Bueno! É um raciocínio de lutas. E tem lógica se for dito por uma liderança sindical, afinal, os sindicalistas estão sempre dispostos à luta.

Mas nós que participamos de todas as campanhas de Lula para presidente. E que só na quarta vez conseguimos colocar o Lula-lá, temos que ter o direito de influenciar nos rumos dessa caminhada pelo planalto.

Entretanto, sugerem que agora temos que, novamente, lutar para trazer o Lula para o nosso campo. Pombas! De que lado o Lula está?



Depois de todo esse esforço ainda temos que arrastar o Lula e o governo para os projetos sociais. Para o lado dos trabalhadores.

Temos que lembrar que o governo Lula é de esquerda, ou não? Afinal de contas, em que lado está Lula?

Se está do lado dos trabalhadores e dos excluídos, que governe para eles.



Esse negócio de vincular o crescimento econômico com os programas sociais é algo meio parecido com aquela história de fazer o bolo crescer para depois dividir. Ou o bolo nunca cresce e se cresce esquecem de dividir.



As conquistas dos trabalhadores sempre foram debaixo de muita luta, inclusive, no longo da história, com perdas de vidas e sacrifício. Nunca em toda a história do Brasil um trabalhador foi seu governante. Nesse sentido entendo que “as coisas” não deveriam ser tão difíceis para quem não é “as coisas”. Parodiando Drummond, o nosso poeta maior.



A lista



Outro dia, conversando com amigos na mesa de um bar, começamos listar grandes líderes que fizeram a história do Brasil. A nossa lista inicia-se após a Independência e está em ordem cronológica. Eles riram quando afirmei que não contaríamos esses líderes nos dedos da mão.

O primeiro nome que colocamos foi D. Pedro II, pelo longo reinado, por ser uma figura culta, ligada as artes e com trânsito internacional.

O controverso Getulio Vargas foi o nosso segundo nome. Reconhecidamente o destaque político do Brasil no século XX.

Com Juscelino Kubitschek ficamos em dúvida. Mas incluímos na lista, pois foi JK que impulsionou o país com grandes transformações: construção de Brasília e modernização do parque industrial.

Depois de JK colocamos Lula, pelo seu carisma e como o mais legítimo representante da classe trabalhadora.



Enfim, esse governo representa a maior conquista dos trabalhadores em cinco séculos de história e se Lula fracassar a desesperança tomará conta desse povo e a incerteza dilacerará nossos corações. E, com sorte, em trinta ou cinqüenta anos nós formaremos uma liderança da mesma envergadura e popularidade dos líderes citados em nossa lista.







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