Vovô Zezinho era um avô especial. Dizíamos que era bonzinho e não legal ou bacana, como hoje eu o classificaria. Ele morava na cidade vizinha, mas todos os dias vinha nos ver. E nos divertia, contando passagens engraçadas de sua vida. Coisas que tinham acontecido mesmo, que ele exagerava, criando detalhes um tanto mirabolantes.
Foi ele quem nos mostrou a árvore do dinheiro. Era uma só e nem muito alta. Quando ele a sacudia, moedas se espalhavam pelo chão... e nós corríamos para catá-las. Só que ninguém conseguia o mesmo feito. Tentávamos sacudir a árvore e nada! Ele explicava, então, que crianças ainda não tinham a força necessária, era preciso comer bastante verdura...
Ali perto, uma ala de mangueiras apresentava os troncos pintados de branco que ele nos mostrava, dizendo sempre que gostava de ver suas árvores de cueca. Na época das mangas ele passava horas pendurado nos galhos. Achava mais gostoso comer as frutas ali mesmo.
Mamãe contava que ela era pequena ainda quando ele comprou um carro e à noite saía orgulhoso com a família, para passear. Pouca gente tinha esse privilégio naquele tempo e ele fazia questão de rodar pela cidade com a luz interna acesa...
