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Contos-->O Garimpo -- 14/12/2001 - 09:02 (Euripedes SIlva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
GARIMPO



Aquele dia amanhecera preguiçoso. A chuva caíra durante toda a madrugada, fazendo um barulho gostoso no telhado de telhas finas de zinco. A balça estava aportada na boca de uma corredeira, onde começava um remanso bem no meio do rio Grande. Este imenso rio vinha da serra da Mantiqueira e dividia os estado de Minas e São Paulo. Em seu leito havia muitos diamantes que aventureiros buscavam por ocasião da seca. Sildo Borges e seu filho Gute, tinham trazido a embarcação para o local a mais de uma semana, com esperanças de que conseguissem garimpar no local alguns diamantes. Não havia ventos naquela manhã e apenas uma aragem fraca soprava rio acima. Ainda com o escuro o velho Sildo, garimpeiro experiente de cata seca, se levantou e acendeu fogão a gás para fazer o primeiro café do dia. No colchonete do quarto o seu filho roncava, talvez sonhando com diamantes enormes, pois sorria como se estivesse muito feliz.
Na mesma embarcação estava dormindo em outro compartimento, ao lado do motor de acionar o compressor de ar e energia elétrica Carlinhos Brasileiro que namorava uma irmã de Gute e também era garimpeiro. Ele era um dos mergulhadores. A chuva caia mansamente, arrepiando a superfície do rio. A barra do dia vinha ao longe, trazendo uma claridade embaçada naquela manhã. De vez em quando algum peixe abria água nas proximidades. O velho desejou ter algum tempo disponível para jogar uma linhada e tentar fisgá-lo. A casa das maquinas era aberta, sendo provida apenas de uma cobertura de zinco, para permitir ventilação mais folgada no resfriamento do motor. Carlinhos dormia do lado oposto do motor em relação ao sentido daquela aragem fraca e por isto não era incomodado por ela. Com o barulho na pequena cozinha eles foram acordando e cada um foi cuidar de suas obrigações para o primeiro mergulho daquele dia.
Pela manha chegaria Jandes e Pedro, dois irmãos que trabalhavam no mesmo projeto e tinham ido para a cidade, onde dormiram e trariam de lá algumas provisões para a semana. Enquanto Gute ultimava os preparativos para o seu primeiro mergulho, Carlinhos conferia o motor, olhando o nível de combustível, de óleo lubrificante, água, correias etc. O escafrando era inspecionado por Gute, que examinava as mangueiras, reguladores de pressão e se percebia algum vazamento. Tomaram o café forte, tido como corajoso, pois estava desacompanhado. Gute vestiu a roupa emborrachada própria para mergulho, colocou a camisa do escafrando ajustou os pulsos e seu pai pegou a campânula de bronze e vidro, vestindo-a na cabeça do mergulhador, e ajustando para conectar com firmeza. As mangueiras de alimentação foram ligadas.
O ronco do possante motor mercedes estabilizou com firmeza. Todos olharam para o painel de controle de pressão, estava correto. Uma lanterna colocada no alto da beça do mergulhador foi acionada e viram que estava bem. Uma mangueira de duas polegadas e meia, foi amarrada no braço direito do mergulhador. Era a ponta da “chupadeira” que ele deveria manobrar no fundo rio, procurando os pilões de cascalho, para que a draga puxasse para cima e fosse lavado, separando as pedras , areia e algum diamante se houvesse. Carlinho, trouxe um relógio e o prendeu no pulso esquerdo do cunhado. Este vibraria por cinco segundos a cada meia hora, dando ao mergulhador a contagem do tempo que estava dentro d’água. Cada mergulhador ficava no máximo quatro horas continuas. Mais do que isto era muito perigoso.
Gute caminhou para a parte mais baixa da balsa, do lado de baixo. Carlinhos trazia um cinturão de chumbo, com mais de trinta quilos e o prendeu na cintura do mergulhador. Este sentiu o peso extra que o firmaria no fundo do rio. Dentro do capacete de bronze e vidro ele ouvia apenas o barulho constante do ar comprimido entrando. Quando estivesse submerso era sua vital fonte de vida. No punho direito, passando por dentro de umas alcinhas estava uma cordinha de náilon, única comunicação com o mundo exterior. Em situação de emergência ela era acionada e dependendo da insistência que era usada, se sabia da extensão do perigo no fundo. Ele olhou para o operador do motor e este fez sinal de positivo. Ele poderia saltar para a sorte.
Gute caminhou mais um passo estava fora da cobertura de zinco e escorria água pelo aparelho descendo até o seu pé calçado em uma nadadeira de borracha semi rígida. Olhou fixamente para a água e saltou. O peso extra que carregava o levou rapidamente para o fundo. Desceu mais ou menos oito metros e pisou no leito do rio. As mangueiras permitiam que ele se afastasse até por quarenta metros da base. Em suas costas, havia um cinto de segurança, preso em uma corda e esta estava sempre meio tensa, de tal forma a puxa-lo rapidamente se necessário fosse. Pelo seu próprio esforço jamais conseguiria voltar a tona. A luz que trazia no alto da cabeça era forte e preparada para clarear uma distancia suficiente de mais ou menos três metros. Ele começou a andar rio acima, procurando algum fervedor onde pudesse encontrar cascalho fino e areia. A pressão que o ar fazia no equipamento era maior que a pressão da água do rio e a saída do ar pela válvula de alivio fazia um barulho de dar sono. Ele dirigiu o foco da luz para o chão e viu tudo azul. Imaginou que fosse alguma pedra do fundo rio e deu mais alguns passos naquela direção.
Havia um canal abissal, não percebido por ele. Ele caiu neste buraco indo aos trambolhos desequilibrado. Tentou alcançar a cordinha do alarme, mas como tinha se desequilibrado, perdeu momentaneamente o sentido. No convés as mangueiras deslanchavam com uma rapidez assustadora. Como eram os primeiros minutos do mergulho, Carlinhos tinha aproveitado para ir na cozinha tomar uma doze de pinga para espantar o frio. Sr Sildo, estava do lado contrario da balça lavando alguns talheres. De repente eles ouviram o insistente apito da sirene de alarme, num silvo continuo e desesperado. Os dois correram para o lado do motor e do compressor, imaginado que algo tivesse ocorrido com as mangueiras de ar. Estavam normais. Olharam para o local onde devia estar o monte de mangueiras. Não havia nenhuma reserva. A corda de segurança e retenção estava estirada em seu limite. A cordinha do alarme parecia uma corda de violão tal a força que o mergulhador imprimia.
Carlinhos correu para o acelerador aumentando a rotação e ato continuo puxou a alavanca do guindaste para erguer o escafrando. Ele começou puxando lentamente e quando ia imprimir maior torque nele, ouviu o barulho do motor mudando, como se fosse solicitado mais força. A balça abaixou do lado do braço de força, mostrando que havia um peso muito maior do que o normal. Se insistisse por mais um minuto, ou a corda se partia, ou o barco afundava daquela lado se o motor agüentasse. Estendeu a mão e afrouxou a tensão na alavanca do guindaste. Olhou de forma inquisitiva para o sogro que neste instante estava desesperado rente da água. Algo muito estranho tinha ocorrido no fundo do rio, a mais de vinte e cinco metros de fundura.
Com o destravamento da força a catraca de segurança prendeu a roldana da corda, mantendo a balsa meio inclinada para aquele lado, ele fez mais uma manobra, para afrouxar o cabo de força, e o barco voltou ao normal. Experimentou trazer novamente o equipamento para a superficie. Estava preso no fundo do rio. A sirene do alarme não parava. Isto era mal, indicava que possivelmente o mergulhador, não tivesse o controle dela, e poderia mesmos estar inconsciente. Sr Sildo retirou a calça que vestia, ficando somente de calção e pulou no rio. Iria fazer um mergulho livre e de inspeção descendo pela corda até onde desce para ver o que tinha acontecido lá embaixo. Era seu filho quem precisava de socorro e ele não pensou meia vez. A corda não estava no prumo e vinha para baixo da balça.
Como ainda era muito cedo daquele dia não havia luz suficiente e tudo parecia escuro, principalmente em baixo da embarcação. O velho desceu pela corda mais ou menos dez metros e teve de voltar. Precisava calcular melhor aquela empreitada. Saiu em baixo do cabo do guindaste e nadou para a balsa. Neste instante a sirene calou. Um certo alivio percorreu os dois companheiros. Ela repicou novamente e parou. Era o sinal convencional de que algo estava errado no fundo mas em relativo controle. Logo em seguida houve três apitos breves. Gute avisava que alguma coisa tinha ocorrido com a alimentação de ar que deveria estar chegando menos. Olharam para o painel de relógios, examinado o pressostato. Ele indicava que a pressão de trabalho nas mangueiras tinha sido alterado e possivelmente havia alguma coisa prensando a mangueira, dificultando a passagem. Se fossem forçar novamente o erguimento teriam de tomar o maior cuidado, talvez quando forçasse imprensava a mangueira.
O barranco do rio do lado de minas, ficava a mais ou menos cem metros e viram quando o farol do fusquinha 66 chegou no barranco. Minutos depois ouviram o ronco do motor de popa JONSON de doze cavalos empurrando a canoa para o lado da balça. Como estava chovendo eles apressavam a travessia. Cinco minutos depois o barco atracou do lado de cima da balsa. Jandes desceu correndo para abrigar-se na varanda da casa das maquinas e fez um gesto inquisitivo com a mão apontando para o braço do guindaste em seu limite. Ele foi colocado a par da situação. Pedro entrou na cobertura e também soube do ocorrido. Examinaram juntos o painel de ar. Havia passagem de mais ou menos cinqüenta por cento da vazão. Era suficiente para alimentar um homem que não estivesse fazendo esforço. Jandes era muito habilidoso com equipamentos e examinou novamente o guindaste. Havia um tanque de ar improvisado por ele do tamanho de dois tambores e com capacidade para mais de quatrocentos litros de liquido. Suportava uma boa pressão e deveria estar sempre cheio de ar, pois em caso de pane no motor este seria suficiente para alimentar quem estivesse no fundo do rio por pelo menos trinta minutos.
Conferiu o manômetro deste equipamento. Ele estava em seu limite de reserva, se fosse necessário poderia ser usado. Acionou o guindaste com cuidado para sentir como estava. Com este movimento a pressão da mangueira de trabalho do ar subiu alem do seu limite. A sirene disparou e logo depois deu um pique breve. Era a mensagem de que não poderia ser repetido aquele movimento, sobre pena de faltar ar totalmente no aparelho de mergulho. Jandes era despachado e começou a tirar a roupa, abrindo um armário de onde tirou um macacão proprio, vestindo-o rapidamente. Sr Sildo, avisou já ter descido, mas o escafrando estava muito embaixo . Jandes explicou que iria inspecionar acorda e ver se o que a prendia estava alem das hélices da balça. Poderia estar enroscado nelas. Ele entrou no rio e foi para a corda do guindaste. Esperou por um instante e desceu de cabeça para baixo correndo pela corda o mais que podia.
Passou uma eternidade e ele voltou correndo pela corda e saltou na superfície. Estava muito cansado e segurava com uma mão na corda arfando com dificuldade, enquanto acenava para os demais, mostrando alguma coisa que prendia as mangueiras em uma fenda de pedra. Assim que melhorou nadou a pequena distancia de mais ou menos três metros para a balsa, sentando no seu convés. Explicou aos companheiros como Gute estava preso. Era uma situação emergencial e não tinham equipamento extra para mergulhar e socorrer o companheiro. Dias antes haviam substituído a mangueira de alimentação de ar, porque a velha estava aparecendo muitos furos, remendados por fitas isolantes. Esta tinha sigo jogada no barranco, dentro de um rancho que servia de garagem. Pedro pegou a canoa e saiu na toda para buscar esta mangueira.
Esta mangueira foi inspecionada rapidamente e feito alguns novos remendos. Ela foi conectada em uma Segunda torneira de ar e visto que vazava pouco. Ela tinha tamanho suficiente para alcançar o escafrando. Jandes mordeu nesta mangueira e mergulhou levando consigo uma Segunda lanterna. Desceu com calma e respirando com uma certa dificuldade, pois não era uma equipamento próprio, mas apenas uma fonte de ar. Quando chegou perto da fenda ao fazer um movimento para mostrar aoa companheiro que estava ali, a mangueira escapou de sua boca e ele não conseguiu alcança-la. Por causa da diferença de pressão esta subiu em uma velocidade espantosa. O ar que ele tinha retido nos pulmões era insuficiente para regressar. Jandes desceu uns três metros mais, olhou para Gute que estava lívido pela situação, fez alguns gestos apressados para ele e pegou firmemente a mangueira de ar que o mantinha vivo, retirando e tampando o orifício com a outra mão, enquanto puxava fundo o ar da vida. Em seguida recolocava a mangueira em seu lugar original. Assim repetiu a manobra por mais duas vezes. Desceu um pouco mais, e desprendeu o cinto de chumbo da cintura de Gute. Este sentiu um alivio mas a manobra não foi muito feliz. Com a perda daquele peso extra Gute começou emergir. A cordinha, o fio da luz e a mangueira de ar estavam presas na fenda a mais ou menos um metro e meio dele. Subindo este conjunto de suprimentos deu uma laçada na fenda da pedra. Quando Jandes pegou novamente a mangueira para respirar, percebeu que ela tinha sido prensada de vez e não permitia a passagem de nada. Ele voltou a ponta da mangueira para o capacete de Gute e levou a mão lateralmente na perna, alcançando o canivete corneta de quase um palmo de lamina. Não tinha muitas alternativas, precisava pensar com rapidez.
A mangueira velha que Jandes tinha usado para o mergulho salvador, apontou na superfície dando chicotadas em cima da água. Todos ficaram desesperados com a nova situação. Sabiam que o fôlego de qualquer mergulhador não era suficiente para voltar a superfície com vida, naquela profundidade. Se prepararam para o pior, pensando que o corpo dele aparecesse logo em seguida. A cigarra do ar disparou, mostrando que o fluxo de ar para o escafrando havia sido interrompido. Carlinhos correu para a torneira daquela mangueira velha e a fechou. Ela estava a vista e não precisava de ar. Todos estavam tensos demais, e querendo pular no rio para ver o que poderiam fazer. Sr Sildo, deu um grito com Pedro que estava mais desesperado dizendo para ter calma, pois Jandes era muito diligente e certamente iria encontrar um meio de sobreviver e salvar Gute. Deveriam aguardar mais uns minutos.
Carlinhos recolheu a mangueira velha, pegou um pedaço de fio, deu um nó cego envolvendo a mangueira, e amarrou em sua cintura. Não havia tempo para explicações, e Pedro entendeu o lance, trazia um segundo cinto de chumbo que foi prendido na cintura de Carlinhos. Este pulou no rio, quando Pedro corria para a torneira do ar liberando a torneira. Carlinhos descia pelo conjunto de suprimento do escafrando com maus presságios pois ela tremia e da socos. Imaginou que com a perda da mangueira os dois que estavam lá em baixo, pudessem estar lutando pela a única mangueira visto que ambos sabiam ser impossível voltar a tona, sem auxilio de ar suplementar. A cigarra do ar voltou a silenciar.
Jandes viu Gute se debatendo ao seu lado e subindo. Ele tentava dizer alguma coisa e puxava com força a corda do alarme. Ela não respondia pois estava enlaçada na fenda da pedra. Ele passou a lamina do canivete na mangueira, logo acima de onde estava o torniquete. Puxou o amigo pelo braço e sentiu que este não tinha força, mas estava movimentando a boca tentando falar alguma coisa. Parecia estar ficando arroxeado. O seu fôlego estava no fim mas Gute parecia estar mais alem dele. Ligou a mangueira em seu capacete e viu quando o amigo começou a aliviar e deu um sorriso para ele. Seus olhos começava a ver estrelinhas. Era a indicação, que daí a alguns segundos entraria em colapso por falta de oxigênio. Retirou a mangueira e repetiu a operação feita anteriormente. Assim o fez por varias vezes e falava através de gestos com o amigo, indicando o que pretendia fazer. Gute fez sinal de positivo aprovando a idéia.
Jandes passou o canivete na cordinha do alarme cordando-a. Apenas o cabo de energia eletrica estava preso na fenda. Cortá-lo era uma operação arriscada pois o choque elétrico poderia ser muito grande e matar. Nele havia corrente alternada de 220 volts. Carlinhos chegou neles e sentiu um alivio mas não entendeu como Jandes estava vivo e gesticulando. Passou-lhe a mangueira de ar e ele serviu-se dela, voltando-a para o amigo. Confabularam os três sobre o que deveria ser feito. Finalmente concordaram que Jandes e Gute ficariam no fundo, enquanto Carlinhos iria na superfície para desligar a energia. Carlinhos emergiu e saiu na corda do guindaste gritou para Sr Sildo desligar a energia elétrica. O velho não tinha muita intimidade com o equipamento e acionou a chave errada desligando o motor que morreu no ato. O fluxo de ar para o escafrando foi interrompido. Pedro correu para o motor e tentou acioná-lo. Ele não ingrenava. A partida deslizava no bendiz e pressa só piorava a situação. Carlinhos veio desesperado para cima da balça. A sua agilidade estava prejudicada pelo pesos extra de sua cintura. Ele puxou com força a mangueira do ar direto e a engatou no tanque reserva abrindo o registro. Ele arfava do cansaço e olhava com censura redobrada para o sogro. Este estava com os olhos cheios de lagrimas se punindo sem ninguém dizer nada. Não era preciso .
Carlinhos foi na tomada elétrica desligando-a. Em seguida pegou o manche do guindaste e tentou faze-lo subir e viu que o aparelho correu livre, indicando que trazia pequeno peso. Logo depois apareceram na superfície Gute e Jandes e eles acenaram, mostrando que estavam vivos. Uma saudação estrondosa foi ouvida, gritada pelos cincos garimpeiros. Mais uma vez um deles driblava a morte

Goiânia, GO 24 de Novembro de 01

Dior D´Ávilla e Silva

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