Schopenhauer foi quem escreveu que "nossa vida é um episódio que perturba, sem nenhuma utilidade, a serenidade do nada".
O que teria levado o grande filósofo a materializar tal raciocínio? Seria o fato de que não conseguia um bom relacionamento com alguém? Um frustrado amoroso?
O velho Schop poderia ter ainda acreditado em políticos, mas tudo leva a crer que certa vez conheceu uma mulher que não sabia corresponder aos seus gestos discretos, como a flor não depositada na soleira, a poesia não escrita, o encontro não confirmado, a fumaça constante que envolve os amantes.
Sei lá, de repente o velho Schop descobriu que o Brasil é a casa da mãe Joana e ficou um pouco triste. Tudo leva a crer que o filósofo tomou conhecimento do calote mais ilustre sofrido pelo BNDES, que durante o governo FHC emprestou a pequena quantia de R$ 2,2 bilhões a um grupo norte-americano(consórcio Southern Electric Brasil, liderado pela americana AES, dinheiro perdido na operação desastrada com a empresa mal administrada.
O empréstimo foi concedido em 1997 para a compra de ações da Cemig e deixou de ser pago em 2003. A instituição não espera mais receber este dinheiro, embora continue negociando com a AES, e já provisionou recursos para cobrir as perdas com o calote no balanço de 2003. Os dados foram encaminhados ao BC, mas isto para os leitores não têm importância.
O importante é saber que durante os dois anos finais da administração FHC centenas de milhões de reais foram retirados para cobrir empréstimos como o supra citado.
O neoliberalismo brasileiro mais uma vez não foi capaz de garantir o recebimento de contas de empresas estrangeiras que captam dinheiro fácil no sistema oficial e não dão qualquer tipo de garantia.
O governo Lula recebeu o presente e vai contabilizar o prejuízo do rei dos tucanos, FHC. Realmente o Brasil parece a terra da serenidade do nada, da incompetência e do desprezo com as coisas do povo.
Caberia mais uma CPI para achar o responsável pela transação. O povo parece ser o nada, sem importância, que perturba a vida sem nenhuma utilidade da classe dirigente.