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Contos-->UM MENINO DE SORRISO SUAVE (UM CONTO DE NATAL) -- 17/12/2001 - 21:12 (guido carlos piva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM MENINO... DE SORRISO SUAVE.






Dezembro, noite de Natal... Um canto cortava os ares da rua colori-da: “... a Paz do meu sorriso... suave como ave, voa de encontro a ti...” Orestes, embevecido, ouve o canto enquanto admira a vitrine de uma loja de brinquedos. Absorto, choraminga pensamentos:
— Quanto tempo se passou! Não percebi... É Natal! Ah... Quanta fes-ta já viveu! Ah... Os natais de outros tempos! Tempos felizes! Pacotes de presentes... Mesa cheia! Quanta alegria! Tempos que se foram. Tem-pos que não voltam mais! Os tempos mudaram! Não sei se o Juca irá compreender por eu não poder levar a bola que pediu!”...
O interior de Orestes estava triste. Era Natal, não deveria estar sen-tindo tanta melancolia, contudo preocupava-se com a sua família. Há muito estava desempregado e sem condições financeiras para poder se-quer comprar uma simples lembrança para seu filho Juca, nem sequer para sua meiga esposa Maria! Naquele momento não conseguia escon-der a nostalgia que tomava conta de seu ser. Não se conformava em ter que voltar a sua casa de mãos vazias. O melhor que poderia fazer era voltar... Juntar-se aos seus e tentar amenizar o que sentia. Nada adian-taria remediar o que não conseguia encontrar remédio!
Enquanto pensava, um menino dele se aproximou. Orestes o olhou surpreso. Era um menino maltrapilho; sardento, ruivo, com o nariz esfo-lado. Tinha um sorriso suave. Assim que chegou ao lado de Orestes, fa-lou:
— Oi... Tio!... O senhor viu Papai-Noel?
Aquela pergunta fora feita com tal simplicidade que fez Orestes sor-rir! Com tanta amargura em seu coração, aparece-lhe um garoto para perguntar-lhe sobre Papai-Noel!? Orestes respondeu aborrecido:
— Papai-Noel!? Ora garoto... Ah... Se ele existisse!
— Poxa tio!... Claro que ele existe! Não vá me dizer que o senhor ainda não o conhece?! Sabe tio... Papai-Noel é aquele velhinho barrigu-do que se veste de vermelho. Barbudo! Aquele que em noite de Natal realiza os desejos de todo mundo... Até o seu!
— Meu desejo?!... Ah!... Filho... Quem me dera ele poder realizar os meus desejos! Sabe garoto... Se eu soubesse onde Papai-Noel está, eu lhe pediria uma boa coxa de peru... Uma garrafa de vinho... Uma bola para o meu filho, Juca... E, ao menos... Uma flor para minha Maria.
— Xi! Tio... Tudo isso. Não sei não?!... Acho que essas coisas ele não traz... O que ele pode trazer é a bola... O resto é muito difícil! Se eu en-contrar com ele, peço para ele trazer o que o senhor tá querendo... Tá?... Falaram que ele só traz brinquedos! Em todo caso... Põe o sapa-to na janela... Quem sabe?... Tchau tio! Feliz Natal!
O encontro fora rápido. Orestes, sem saber por qual razão, ficou mais leve. Aquela mistura de ansiedade, esperança e certeza, estampa-da nos olhos do menino... Aquela conversa envolvendo Papai-Noel, fez Orestes ficar mais aliviado. Orestes retirou-se pensativo: foi para sua casa envolvido em pensamentos: Papai-Noel?! Sapato?! Brinquedo?! Ao chegar em casa, seu filho Juca, feliz, com a sua chegada, vem recebê-lo:
— Corra pai... Venha ver! Eu e a mamãe estamos terminando de fa-zer o nosso presépio.
Na sala, Maria, esposa de Orestes, dava os retoques finais no presé-pio. Era um presépio diferente, singelo, feito de pedaços de qualquer coisa.
— Oi... Que bom! Você chegou! Orestes, venha ajudar a terminar o nosso presépio. Eu e Juca estamos fazendo um presépio com as tran-queiras velhas que encontramos espalhadas no porão. Veja Orestes... Está quase pronto: a vaquinha; o burrinho, o berço, as ovelhas... São José... A Virgem Maria... Não está ficando bonito? Só não consigo en-contrar algo que possa substituir o Menino Jesus... Sobrou só este car-retel!
— Ora Maria... Isso é bobagem! Ponha qualquer coisa... Só para a-gradar o Juca. Se tudo isso representasse a verdade, não estaríamos nesta miserável situação — Orestes estava muito chateado! — Sabe Maria... Essa história é igual a do Papai-Noel... Todo mundo fala dele, mas ninguém o vê. Como disse, isso é bobagem... Bobagem que judia! Tudo isso é ilusão! Hoje eu conversei com um menino na cidade... Ima-gine Maria, o menino, mesmo já grandinho, procurava por esse tal de Papai-Noel! Você acha que pode? Coitado... Deve estar até agora procu-rando!
Nesse momento Juca, sorrindo, vem de seu quarto com um boneco na mão:
— Olhe pai! Eu o encontrei no baú. Ele é grande, não é mais nenê. Acho que podemos fazer ele de Jesus. A gente o põe de pé, perto do bercinho do presépio. Vamos fazer de conta que ele cresceu! O que o senhor acha?
Orestes, querendo por um fim naquela incômoda situação, apoiou a idéia de seu filho:
— Isso filho! Põe ao lado do berço... Assim você completa o seu pre-sépio!
Juca sentiu-se importante por ter conseguido resolver o problema. Contente, abraçou seu pai. Orestes sentou-se no sofá e continuou a choramingar pensamentos.
Pela janela da sala entrava um vento brando. Levantava e baixava. A velha cortina desbotada. Junto com o vento, um canto... Um canto do-ce, o mesmo canto que Orestes ouvira na rua colorida: “... a Paz do meu sorriso... suave como ave, voa de encontro a ti...”
Ao ouvi-lo, Orestes surpreendeu-se! Afinal, jamais o ouvira e naquele dia, ouvia-o pela segunda vez! Correu à janela, curioso para identificar o autor daquele mavioso canto. A rua estava deserta, nada viu além de árvores e as luzes que iluminavam as casas vizinhas. Ao olhar o canto do beiral da janela, sobressaltou-se! Ali estava uma coxa de peru, uma garrafa de vinho, uma bola e uma flor... Junto, um sapatinho de criança com uma mensagem: Feliz Natal!... Ass: Papai Noel.
Orestes não se conteve:
— MARIA... Corra!... Venha ver, Maria! Olhe! Não é possível! Justa-mente o mesmo desejo que contei para o menino da cidade... Não pode ser!
Esfregou os olhos para certificar-se de que não estava sonhando. Olhou outra vez para a rua: continuava deserta... Somente o canto ain-da soava pelo vento, cada vez mais distante. Orestes, emocionado, a-braçou-se a Maria e a seu filho Juca e, abraçados, foram para junto do presépio: queriam agradecer pelo acontecido...
Quando Orestes deu-se conta, o boneco colocado por Juca ao lado do presépio: era de um de menino maltrapilho... Sardento, ruivo, com o nariz esfolado. Tinha um sorriso suave! Igual, exatamente igual à figura do menino que ele havia encontrado na rua colorida! Apenas uma dife-rença: somente um dos pés estava calçado!

Não sei se o Menino Jesus era o boneco... Ou se o boneco era o Pa-pai-Noel, mas algo inacreditável ficou muito claro: o sapatinho encon-trado, por Orestes na janela, fazia par com o sapatinho do boneco!
A partir daquela noite, Orestes nunca mais desmanchou aquele pre-sépio feito por Maria. Ainda hoje, em tempos de Natal, um canto doce ouve-se pelo ar: ”a Paz do meu sorriso suave, como ave, voa de encon-tro a ti...”

O que sobrou da história

“DEUS APERTA... MAS NÃO ENFORCA! SEMPRE!”
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