A CANOA VIROU...
Daquelas férias de outrora, o mais engraçado era o relato que mamãe fazia sobre a história de uma senhora, que na época ela nem conhecia. De como ela veio a encontrar aquele que no futuro seu marido seria.
Foi assim: numa estação de águas, São Lourenço, se não me engano, a moça e mais uma companheira, muito bem arrumadas, de salto alto e saias rodadas, remavam de lá pra cá, de cá pra lá... Sempre de olhos esticados pra dois rapazes que por ali também flanavam.
De repente, não se sabe por quê, talvez distração, ou atrapalhação, em meio àquela paqueração, o barco das moças virou. Nenhuma das duas sabia nadar e logo começaram a afundar.
Por sorte os rapazes valentes prestaram imediato socorro, tirando-as daquele sufoco. E como elas haviam engolido água à beça, tontas e envergonhadas, bateram em retirada às pressas. Só na hora do jantar, no hotel, é que voltaram a se encontrar.
Um dos heróis, já apaixonado, foi bem recompensado. A naufragada nossa conhecida, ainda que abatida, de longe lançava-lhe olhares plenos de emoção.
Amor à primeira vista!
Mais tarde casaram-se, tiveram filhos e viveram juntos para sempre... até que a morte, um a um, os levou.
Beatriz Cruz
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