Todos sabem que não se faz doce de coco sem quebrar a casca. Talvez seja este o plano de diversas categorias funcionais que votaram no candidato Luís Inácio para governar o Brasil.
Acostumados a serem rechaçados pelo neoliberal Fernando Henrique Cardoso enxergaram na eleição de Lula uma chance de recompor salários e recuperar o velho prestígio dos sindicatos, muitos deles filiados à Cut, esquecendo que o momento econômico é bastante delicado.
Os sindicatos durante anos suportaram a indiferença fernandista, mas querem que Lula torne os funcionários públicos cidadãos de classe média novamente, com direito a pagar escolas particulares, ter férias de qualidade e se possível permitir gastos em centros comerciais todos os finais de semana. Não se pode esquecer do churrasquinho com amigos e familiares todos os domingos, marca registrada do funcionalismo federal durante anos.
Bem, é o que tudo indica. Um dos fundadores do movimento sindical afirmou em matéria alusiva ao aniversário do PCdoB que os sindicalistas atuais só pensam em dinheiro e esqueceram a função social das entidades. Não falam de política, apenas de bens e serviços que lhes confiram status.
Parece que é isso. As categorias federais em greve(fiscais, policiais federais e funcionários do INSS) não têm compromisso social. Os traficantes e contrabandistas que o digam, com acesso livre nas fronteiras nas últimas semanas.
O funcionalismo está querendo o doce salário de volta, aquele que recebiam por volta de 1980, no surgimento do neoliberalismo. Acham que é possível encontrar velhos hábitos, desconhecendo as novas regras do mercado de capitais, as mesmas que aconselham ministros de todos os países a terem parcimônia com gastos, especialmente de salários públicos.
Provavelmente Lula vai ter que radicalizar e seguir a política de contenção de FHC. Caso contrário quebra o coco chamado Brasil para agradar aos sindicalistas e funcionários mais exaltados.
Se o coco quebrar os funcionários exaltados e os sindicalistas quebram também, já que não são ilhas, mas apenas parte da estrutura. O impasse está longe de ser resolvido.
Se Lula ceder os governadores serão as próximas vítimas. Aí quebra tudo de vez. A direita não teria um plano tão bom quanto a esquerda sindical para quebrar um governo popular.