Percorro os olhos, cerrados,
limitados ao véu da intimidade,
pela via sem fim, acima de mim,
algo assim, que transcende de mim,
e vai além, muito além de ti.
Interrogo a desordem da alma,
muito mais que nós, imensa,
infinitamente lugar, de mais não ir,
circunstâncias donde mais não vir,
unicamente te encontrar.
E fico nesse qualquer parar,
do lado oposto da insonte lua,
colhendo a preguiça do eterno luar,
a um passo da consciente alienação,
lá, próximo do fantástico.
Quiçá tudo se faça em fumo,
tal já irresponsável miragem,
que no infinito faz zombar de mim,
porque a pequenez do meu olhar,
não se lhe alcança a ordem.
Como uma ponte ausente,
entre o romance e a desventura,
mais um conselho indesejado e frio,
a um funâmbulo qualquer,
que pela navalha transita o fio.
Entrementes, o espelho cósmico,
houve por mil migalhas devolutas,
minha espada e meus anseios,
desvendar tua alma incandescente,
trunfo estupendo de minhas lutas.
AdeGa/2001
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