Muge muito cedo a mãe no curral,
cá e acolá um filhote berra,
o choro dos leitões desperta o galo,
vassalo do campo que canta o canto,
um colono em pé na soleira toma café,
requenta as mãos e sai pro quintal.
Grasnar dos gansos em tom exato,
incentiva a angola dizer tô-fraco,
piu-piu de cá, co-co-ri-có de lá,
relincha o baio querendo milho,
a galope também chega o tordilho,
mas é hora da ordenha fazer chuá.
O sol se demora um pouco,
impacientes piam codorna e juriti,
molha botas o orvalho da manhã,
trinam alegres sabiá e cotovia,
o caminhar sossegado do caipira,
é como a regência desta sinfonia.
Ao calor do dia tudo se acomoda,
o riacho se embrenha e faz banhados,
é bucólico este lugar de privilégios,
onde a tarde virá trazer outra melodia,
fazendo outro enorme estardalhaço,
no meigo momento da Ave Maria.
AdeGa/96
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