A MAGNÍFICA SONORIDADE DO SILÊNCIO
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A tua voz já não existe,
Mas ouço-a constantemente
"No meio desta gente
Toda nascida ontem,
Ou, quando muito, agora"...
Exemplares sobreviventes
Que buscam e rebuscam
A selecção das coisas,
Das pessoas, dos espíritos,
E o espaço sideral continua vazio...
São o bem, meu Amigo,
O bem imperial que afronta
E marginaliza piedosamente o mal....
Depois exibem-se
Para que os pobres diabos
Se babem de inveja,
Se contorçam de ódio,
Ao comtemplar os excelsos gozos
Dos sábios filhos de Deus...
Vaticano, ONU e quejandas organizações,
Todas para o bem....
Para matar a fome aos meninos de ninguém
E aos velhos que já não mexem os membros,
Uma cambada que há um século
Vem no dicionário explicada:
Fariseus, sofismáticos,
Que prometem o céu-terreno
Onde só há sustentação possível
Para os mortos dispersos em cinza...
Mas a memória paira, meu Amigo;
Ouço nitidamente a tua voz
Resplandecendo em luz
A magnífica sonoridade do silêncio
E adormeço tranquilamente.
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António Torre da Guia |