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Artigos-->Pelas Ruas de São Paulo -- 04/04/2004 - 20:17 (Rosiris Guerra Inglese) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje sai, andei de ônibus, metrô, fiz baldeação, peguei ônibus novamente... Nossa! Há quanto tempo não fazia isso. Quanta coisa mudou, me senti meio perdida. Para começar entrei num microônibus e de imediato vi a motorista - uma moça bonita, aparentava uns 25 anos, discretamente maquiada, olhos delineados - e logo atrás da motorista a catraca. Fiquei meio parada, não sabia se pagava na entrada ou na saída, na dúvida perguntei: pago agora ou depois? paga agora, respondeu a moça.



Cheguei ao metrô, mudanças novamente. Já nos corredores, muitas lojinhas - roupas, bijouterias, doces - nada disso havia há alguns anos. Entro no metrô, nem bem sento, ouço uma voz vinda do auto-falante: senhores passageiros, segurem suas bolsas na frente do corpo, cuidado com carteiras, celulares... Olho para o lado, próximo a uma das janelas e vejo o cartaz: é dos distraídos que eles gostam mais. No cartaz, uma moça andando distraidamente e o desenho de mãos enlaçando-a e surripiando seus pertences.



Pensei, Rosiris, esse é o século XXI, primeira década, marcada pelo medo e pela preocupação com a segurança, mas também a época da igualdade entre os sexos, onde jovens mulheres, dirigem com muita feminilidade transporte coletivos. Também fiquei observando as pessoas, até os pedintes me pareceram diferentes.



Na volta, no terminal Metro Santana, espero o ônibus para voltar para casa. Uma senhora, gorda, meia idade, cabelo preso com uma presilha, formando um coque, vestia blusa de lã e vestido, calçava sapatos e meias, muito asseada, pedia esmola e respondia a cada `não` um Deus te Abençoe, com um sorriso nos lábios... Entrei no ônibus, sentei próximo à janela e fiquei observando. A maioria das pessoas não deu esmola a pedinte, acho que é porque ela estava muito limpa e também aquele sorriso... não, não combinava com uma pedinte, não sensibilizava as pessoas - aonde já se viu, pedinte tem que estar sujo, roupa rasgada, feridas no corpo, desdentado... Bem, acho que ela não vai ter muito sucesso em ganhar seus trocados se continuar assim sem fazer `tipo`.



Voltei um pouco no tempo e mudei o cenário. Lembrei de outro dia, no farol. Nem bem parei e lá veio um menininho, com uns paus nas mãos, fazendo malabarismo na frente do meu carro. Primeiro eu pensei : pronto! agora ele deixa isso escapar e pobre do meu carro ou melhor pobre de mim que vou ficar com o carro amassado. Mas depois, fiquei olhando o garoto e fui me emocionado, afinal ele estava trabalhando e mais que isso fazendo arte - nos dois sentidos. Depois ele parou e se posicionou ao meu lado, ficou me olhando pela janela do carro. Seu rosto era triste, resolvi conversar. Quantos anos você tem? 9. Sabe que você é um ótimo malabarista? perguntei. Ele sorriu. Continue treinando, você é um artista. Seu rosto se iluminou. Dei uns trocados , ele agradeceu e disse `Deus te Abençõe`. O farol abriu e eu fui embora, agradecendo a Deus por alguém ter desejado que ele me abençoasse e acreditando estar carregando comigo os bons fluídos que o menino me passou... Ele não pediu, não roubou, me distraiu por alguns minutos, mostrou sua arte e recebeu por isso algum dinheiro... Ah... também estava limpo, calçava tênis e meias.



Chego em casa, começo a folhear minhas revistas - estou atrasada com minhas leituras -- e eis que deparo com a coluna de Walcir Carrasco, na Veja São Paulo `Os Pequenos Malabaristas` - ele também havia vivenciado a experiência com os meninos malabaristas que andam pelos faróis de S. Paulo, distraindo os motoristas. Ele também sentiu vontade de pagar o seu ingresso pelo número que assistiu. De alguma forma, tivemos a mesma experiência e compartilhamos o mesmo pensar. Coincidência.



Enfim, a rotina nas ruas de São Paulo vista de diferentes primas, seja do ônibus, do metro ou do carro, tem sua histórias e personagens que mudam de visual e se adequam aos novos tempos...



Rosiris

30-11-03





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