CAPTANDO ONDAS...
Minha filha não estava preparada para o inverno em Paris e primeira coisa que fizemos foi procurar um casaco adequado. Entramos na loja Naf-Naf e ali encontramos. Quando me aproximei para pagar, a gerente recebeu um telefonema e não pude deixar de ouvir a conversa. Quer dizer, uma parte, a outra só imaginei. Tratava-se de uma funcionária que se desculpava por não ter ido trabalhar, estava doente. Desligado o telefone, ela me atendeu e fomos embora.
No final daquela tarde rumamos para a casa da nossa amiga Farida. Olhamos o mapa, descobrimos o trajeto, não era longe. Lá chegando, por sorte encontramos um pequeno elevador que nos salvou das escadarias. Quem nos recebeu foi uma moça que não conhecíamos.
Logo ela se apresentou, dizendo-se Carole, namorada do filho da Farida. Fomos entrando e ela pegou nossos casacos. Ao deparar-se com o da Mimi, ficou espantada. É da Naf-Naf, eu conheço, trabalho nessa loja!
Dissemos que era, sim, tínhamos acabado de comprar, mas na filial mais perto de onde estávamos... Dadas as referências, soubemos que ela trabalhava exatamente naquela casa. Como não nos lembrávamos de tê-la visto, desconfiei que havia faltado ao serviço. E afirmei: “Você não foi trabalhar, telefonou dizendo que estava doente! Eu ouvi!” A moça arregalou os olhos e acabou confessando a marotagem. Confesso também eu que fiquei surpresa.
Como é que pode? Captei “ondas” daquela francesinha horas antes de vir a conhecê-la...
Beatriz Cruz
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