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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->BUSCA AO GRANDE TESEOURO -- 04/07/2002 - 10:33 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BUSCA AO GRANDE TESOURO

ROTEIRO CINEMATOGRÁFICO PARA MÉDIA METRAGEM
ADAPTADO DO TEXTO PARA TEATRO INFANTIL.
SEGREDOS, NO MUNDO ENCANTADO DOS SONHOS.

AUTOR: LUIZ CARLOS LOCATELLI

Personagens: BONECA. - (Lucélia)
ZEZINHA - (Menina)
CANÁRIO. - (filho do pardal)
PICA-PAU - (sobrinho do Pardal)
CORUJA - (Juciléia)
PAPAGAIO - (Marquinhos)
TARTARUGA. - (Godô)
AJUDANTE. - Serginho.
CHEFE. – Marcão.
PALHAÇO. Fernando Ramos.


SEQ. 01 – EXT/MATA/DIA.

INSCRIÇÃO:

A NOSSA MENTE É PURO MISTÉRIO, QUE AS VEZES TENTAMOS DESVENDAR.


AQUI, DOIS CAÇADORES ENTRAM PELA FLORESTA, PROCURANDO ALGUMA COISA. ELES VESTEM ROUPAS DE CAÇADORES E USAM CHAPÉUS. NAS MÃOS ARMAS E UM CANTIL. O CHEFE USA UM BINÓCULO.

O chefe entra mirando o binóculo para todos os lados.
Dá de cara com o ajudante.
Leva um grande susto.
Aponta a arma rapidinho, depois abaixa.

CHEFE: Encontrou alguma coisa importante, meu assistente Zé do Garrafão?

O ajudante, carrega a arma e uma garrafa de bebida.
Ele fala meio gago.
E é muito atrapalhado.

AJUDANTE: Não encontrei nada de importante, não Senhor. Mas o que é que nós estamos procurando mesmo? Que até agora eu não sei.

CHEFE: Seu Burro.

AJUDANTE: Meu burro?

CHEFE: Não, o burro é você. Procuramos um grande Tesouro.

AJUDANTE: Caramba! Chefe, tive um idéia. Será que não tem alguém escondendo o nosso tesouro?

CHEFE: Quanta inutilidade.! É claro que tem alguém escondendo o nosso tesouro. Se não, não seria necessário a gente procurar.

AJUDANTE: Há é. É verdade. (para a câmera) É por isso que ele me chama de burro o tempo todo. Tem lá suas razões.

CHEFE: Razões? Tenho milhões. Você é uma cruz que tenho que carregar. Não sei porque fui aceitar a sua ajuda. Acho que eu estava sonhando quando aceitei.

AJUDANTE: Só tem uma coisa que eu ainda não entendi. O senhor pode me responder?

CHEFE: Pois não, pode perguntar seu imbecil.

AJUDANTE: Imbecil não. Lerdo das idéias. Que tipo de tesouro nós estamos procurando?

CHEFE: Eu ainda não sei como é... Mas...

AJUDANTE: Mas?... Mas?...

CHEFE: Mas se a gente encontrar o tal palhaço. Com certeza ele vai nos levar até o Mágico.

AJUDANTE: Espera aí um pouco. Como que o Senhor espera que eu seja um sujeito rápido das idéias desse jeito? Primeiro o Senhor fala que nós temos que encontrar o grande Tesouro, agora o Senhor me diz que nós temos que encontrar o palhaço que sabe onde está o Mágico... E o Tesouro onde fica nessa história?
CHEFE: Meu pai do céu... como você é um retardado mesmo. No final das contas, vai dar no mesmo. Você vai ver. É que um sabe onde está o outro. Temos que seguir as pistas.

AJUDANTE: (Gritando) Mas o outro não sabe onde está o um não patrão?

PATRÃO: (faz sinal de psiu)

O ajudante apenas ri.

AJUDANTE: Patrão, eu encontrei.

CHEFE: Uma pista? Que bom, você foi muito rápido...

AJUDANTE: Um cocô de cabrito. Isso prova que aqui tem cabritos. Pode estar pinhocado de cabritos. E com isso, muito co...

CHEFE: E daí? (olhares) Eu mereço. (sai andando)

AJUDANTE: Palhaço, mágico... Isso daqui está parecendo um circo. (sai andando atrás)

CHEFE: Não te interessa. Eu quero esse tesouro aqui na minha mão o mais rápido possível. Custe o que custar. Será que eu fui bem claro? (bravo)

AJUDANTE: Claríssimo. Um claro bem claro. Na verdade um clarão.

CHEFE: Um claro bem claro? Ou um claro escuro?

AJUDANTE: Claro que está bem claro. (olhando para o céu)

CHEFE: Que está bem claro eu sei. O sol está de fora. Porque deveria estar escuro?

AJUDANTE: E se o sol estivesse apagado?

CHEFE: O sol apagado?

AJUDANTE: E se ele então estivesse desligado?

CHEFE: O sol desligado? Melhor a gente não continuar com o assunto. Pois posso ficar nervoso e quebrar a sua garrafa de cachaça, como punição pela sua burrice.

AJUDANTE: Não. A minha garrafa de néctar dos Deuses, não.

CHEFE: Então cala a sua boca. E procure para lá, que eu vou procurar para cá.

AJUDANTE: (saindo, grita) Chefe, o Senhor por um acaso sabe onde esse tesouro está escondido?

O chefe apenas olha com uma cara de mau.
O ajudante sai procurando.

SEQ. 02 – INT/QUARTO DE ZEZINHA/NOITE.

CENÁRIO: UM QUARTO COLORIDO, UMA JANELA EM FORMA DE LIVRO, COMEÇA A PISCAR, TROCA AS CORES DO FUNDO DA JANELA.

ZÉZINHA QUE ESTAVA DEITADA, ACORDA ASSUSTADA.

ZEZINHA: Não. Não. Não. (levanta-se molhada) Que pesadelo Horrível! Um baú lotado de ouro caindo na minha cabeça. O que será que está acontecendo comigo? Será que os sanduíches de chuchu que eu comi no jantar estão me fazendo mal? Essa não... (deita-se novamente, as luzes trocam de cores, ficam azuis. Aos poucos Zezinha senta-se novamente.)

UMA BONECA QUE ESTAVA CAÍDA NO CHÃO SE MEXE. ZÉZINHA SE ASSUSTA.

ZEZINHA: O que é isso? Uma boneca se mexendo?... será que eu estou sonhando novamente?

BONECA: Ou pensa que está ficando maluca.

ZEZINHA: Acho que estou ficando maluca.

BONECA: Por isso, é melhor você dormir novamente, antes que pira de vez.

ZEZINHA: Vou dormir novamente, antes que eu pire de uma vez. (Pausa, olha a câmera assustada) Tem alguém falando aqui...

BONECA: Calma, sou eu. Não se assuste.

ZEZINHA: (Salta da cama correndo, vai até um espelho) Espelho, espelho meu. Me diga, essa boneca está falando, ou eu estou sonhando?

VOZ: Te manca garota. Acorda.

BONECA: (batendo nas suas costas) Do que é que você está com medo?

ZEZINHA: Medo? Eu? Quem disse que eu estou com medo? (para a câmera, e choramingando) Eu estou apavorada. (tenta pedir socorro a voz não sai.

BONECA: Calma, sou apenas uma boneca.

ZEZINHA: Por isso mesmo. Onde já se viu uma boneca andando e falando? Só em sonho. (pausa, respira, e olha para a câmera) É isso mesmo, eu estou sonhando. Tenho certeza absoluta que se eu virar para trás agora, aquela boneca vai estar deitadinha lá no seu cantinho. (se vira e mostra)

BONECA: (do seu lado) Surpresa. Não estou lá, estou aqui, pertinho de você.

ZEZINHA: ( com medo) Não, por muito tempo. (vai para o outro lado)

BONECA: Porque você está com tanto medo de mim desse jeito? Sou apenas a sua boneca amiga, confidente e leal. Que vim aqui para te dar um recado.

ZEZINHA: Eu ainda não acredito. Pois eu aposto que estou sonhando.

BONECA: Você quer uma prova?

ZEZINHA: De novo? Já não chega a minha professora... que tem preguiça de dar aulas e vive socando um montão de provas na gente.

BONECA: Credo, que palavreado ZEZINHA! Não precisa baixar o nível. E também não é nesse tipo de prova que eu estou falando. Eu quero provar que sou uma boneca que anda e fala de verdade.

ZEZINHA: Ah é? Então prova.

BONECA: (vai se aproximando)

ZEZINHA: Não encosta em mim.

BONECA: Você não quer uma prova?

ZEZINHA: Eu quero, mas...

BONECA: (dá um beliscão na bunda dela)

ZEZINHA: (saltando) Ai, isso dói sabia? Não precisa exagerar também. Você está parecendo a minha mãe quando eu não quero comer aquelas sopas de jiló.

BONECA: Sopa de jiló?

AS DUAS: Sopa de jiló? Eco, que negócio ruim.

ZEZINHA: Como que você detesta, se bonecas não comem nada? Te peguei, viu?

BONECA: Pois enganou-se tá? É que quando você come jiló, faz uma cara tão feia, que até me dá medo. Por isso, deduzi que deve ser um negócio horrível.

ZEZINHA: Vamos parar com essa história de jiló, o meu estômago já está embrulhando. Eu quero saber qual o recado que você tem pra me dar. Já que não tem outro jeito mesmo...

BONECA: Ah! Ia me esquecendo.

ZEZINHA: Pois é. Garrou a falar feito uma matraca. O que é que você tem aí dentro, um gravador?

BONECA: A dona surpresa mais dona realidade, te escolheram...

ZEZINHA: Me escolheram, pra quê? Não sou feijão de terceira... nem arroz quebrado..

BONECA: Pra encontrar um grande tesouro. Um tesouro muito valioso. De um valor inestimável.

ZEZINHA: ( ri feito uma maluca) Me engana que eu acredito. Tesouro... Hum...(para a câmera) Vai ver que a minha mãe perdeu a Tesoura e quer que eu a procure, então essa boneca falante não entendeu direito, e fica me enrolando com essa história de tesouro. (vira-se para a boneca) Porque vocês me escolheram?

BONECA? (batendo no seu ombro) Você saberá quando encontrar o Tesouro. E não se esqueça de uma coisa, é uma dica muito preciosa que vou lhe dar agora. SIGA SEMPRE A SUA INTUIÇÃO.

AS DUAS: ( à câmera) Siga sempre a sua intuição.

ZEZINHA:( à câmera) Siga sempre a sua intuição.

BONECA: E ela te guiará para o encontro de qualquer tesouro que deseja. (saindo)

ZEZINHA: Hei, onde você pensa que vai sua bruxa?

BONECA: Dormir um pouco. Estou exausta. Bons sonhos? Tchalzinho. (sai)

ZEZINHA: Caramba, chamei ela de bruxa, e ela nem deu bola. Era só o que me faltava. Encontrar um grande tesouro. Logo eu, uma menina de apenas 10 anos de idade. Tenho medo até de uma barata, como vou sair por aí procurando um grande tesouro. (pausa) Puxa, um tesouro... Um tesouro? (ansiosa) O que, que eu poderia comprar com um grande tesouro? Há já sei, uma Bike, um Roller, um vídeo Game novinho...Um patinete.. Agora é que eu estou entendendo... Então é por isso... (boceja, senta-se na cama) que aquele baú estava caindo na minha cabeça.

FADE OUT.



SEQ. 03 – INT/PALCO-DANÇA-SONHO/DIA.

AQUI TODO O ELENCO ENTRA DANÇANDO, EM RITMO SAPATEADO, VESTIDOS COMO SE FOSSEM LIVROS, E EM CADA UM UMA LETRA DIFERENTE, FORMANDO A PALAVRA (AMOR), NA CABEÇA UM CHAPÉU FEITO DE ESPUMA, COLORIDO.

ZEZINHA, ENTRA ESTÁ PERDIDO NO MEIO DA COREOGRAFIA, VAI FALAR, PARAM EM FOTOGRAFIA, ELA PERGUNTA:

ZEZINHA: Será que alguém podia me dar uma informação?

MÚSICA, TODOS VOLTAM A DANÇAR, ELA SAI PARA O LADO, VOLTA NOVAMENTE.

ZEZINHA: Seria possível, alguém me ajudar?

VOLTAM COM A COREOGRAFIA, DANÇAM A SAEM.
ZÉZINHA FICA SÓ.

ZEZINHA: Não sei porque fui aceitar essa missão... ninguém me ajuda. Dá a impressão de que ninguém está me vendo. Será que esse tal tesouro existe mesmo? Sei lá, isso está tão estranho.

NESSE INSTANTE, ELA SE LEMBRA DE ALGO, E DÁ UM PULO.

ZEZINHA: Há, já sei, vou seguir a minha intuição.

TODOS: (entram um de cada lado falando, todos misturados) Intuição. Intuição. Siga a sua intuição. Intuição. Siga a sua intuição.

ZEZINHA: (cantando e muito feliz) É isso, vou seguir a minha intuição. Alguém quer vir comigo? Pois que venham. Através do vosso entendimento. Intuição, intuição é o caminho para o coração. (sai)

SEQ. 04 – EXT/FLORESTA/DIA.

QUATRO PÁSSAROS ENTRAM PUXANDO UM SACO GRANDE.

PICA-PAU: (vem puxando na frente)

CANÁRIO: Força, muita força. Vocês vão conseguir.

PICA-PAU: (imitando) Força, muita força. Vocês vão conseguir. Porque você não ajuda a gente, em vez de ficar aí só dando Ordens.

CORUJA: É verdade seu Canário.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

CANÁRIO: É que eu já estou velho, muito cansado, e agora é a vez de vocês.

PICA-PAU: A época da escravidão já acabou sabia?

CORUJA: É verdade seu canário.

PAPAGAIO: Concordo Plenamente.

CANÁRIO: Puxem e não reclamem. Eu ainda estou sendo bonzinho, devido as circunstâncias.

PICA-PAU: Afinal de contas, onde vamos encontrar o tal menino, que vai nos ajudar a carregar o saco.

CANÁRIO: Ele vai nos ajudar é de uma outra maneira, vocês sabem muito bem disso.

PICA-PAU: Mas nós podemos dar esse saco para ele puxar, não podemos?

CORUJA: É verdade seu Canário.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

CANÁRIO: É claro que podem. Servirá como teste. Para descobrir-mos se ele é realmente o escolhido.

PICA-PAU: Ainda falta muito?

CANÁRIO: Acalmem-se, já estamos chegando, só mais um pouquinho.

OUVEM UM ASSOVIO, OU CANTIGA.

PICA-PAU: Acho que está vindo alguém, vamos nos esconder. (Se Escondem)

ZEZINHA: (entrando) Eu tive a impressão de que eu ouvi alguém conversando aqui. Quem será? (gritando) Hei, tem alguém aí? Apareça, precisamos conversar. (observando o saco) O que é isso? Tem louco pra tudo...

PICA-PAU: (levanta-se, faz os risos do pássaro depois se abaixa)

CANÁRIO: (levanta-se) Psiu. (depois se abaixa)

CORUJA: Psiu. (idem)

PAPAGAIO: (ídem) Psiu.

ZEZINHA: Pássaros, só podia ser. E o que mais eu poderia encontrar no meio de uma floresta? Se eles pelo menos soubessem falar... poderiam me ajudar. Mas como pássaros não falam...

CANÁRIO: (SE levantando) Quem te disse que nós não falamos?

PICA-PAU: Quem disse que não podemos ajudá-la?

CORUJA: É verdade sua moleca.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

ZEZINHA: (que estava de costas para a câmera, se vira,) Quem são vocês?

Desmaia, e os pássaros a seguram, deitam ela no chão e começam a abana-la, ela começa a acordar, levanta a cabeça, vê os pássaros, cai novamente.

CANÁRIO: Porque será que esses humanos complicam as coisas?

PICA-PAU: Seria tão mais fácil, se eles entendessem a gente...

CORUJA: Eu também acho que é isso mesmo.

PAPAGAIO: Concordo Plenamente.

ZEZINHA: (acorda devagarinho) Por um acaso, vocês estão indo há um baile a fantasia?

PICA-PAU: Não. Somos pássaros, e viemos para lhe ajudar.

ZEZINHA: Me ajudar, há, há, há. (pausa) E De que jeito? Pássaros não falam. Isso é um sonho, eu sei que é um sonho. Tenho certeza que é um sonho.

CANÁRIO: Então, o que é que você está fazendo aqui na floresta dos sonhos? Quem te chamou? Quem te mandou? Quem é você?

ZEZINHA: Chi, você fala demais. Querem saber de uma coisa, não sei o que eu estou fazendo aqui, nem quem me chamou, muito menos quem me mandou. Só sei que tive um sonho.

TODOS OS PÁSSAROS: Sonho? Há. (admirados)

ZEZINHA: Sonho sim, o que é, pensam que estou mentindo? Tem até uma boneca de prova. Quer dizer, prova não. Testemunha. Odeio provas. Só não sei onde ela está. E no sonho ela me disse que é para eu encontrar um tal tesouro...

PICA-PAU: Tesouro é? Que tesouro?

CORUJA: Mais uma que veio para violar a Floresta, e destruir nosso reino encantado.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

PICA-PAU: Com licença, precisamos confabular..

ZEZINHA: Fiquem a vontade, a casa é de vocês mesmo. Meu anjinho da guarda, eu devo estar ficando retardada... O que as minhas amigas não vão dizer lá na escola depois... Lá vai a bobona que fala com bonecas, lá vai a birutona que conversa com pássaros. Só que tem uma coisa, ninguém precisa saber disso que está acontecendo comigo... se não estarei desmoralizada. Nunca mais vou arranjar um namorado, vão pensar que eu sou maluca.

PICA-PAU: Chegamos numa conclusão.

ZEZINHA: Até que enfim. Que conclusão chegaram?

CANÁRIO: Que o tal tesouro existe.

ZEZINHA: Então me digam, onde ele está?

CORUJA: Dentro do seu Coração, pertinho da razão.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

CANÁRIO: O caminho é a sua intuição.

TODOS: Intuição.

CANÁRIO: (Grave) Intuição.

PICA-PAU: (Médio) Intuição.

CORUJA: (Médio agudo) Intuição.

PAPAGAIO: (agudo) Intuição.

TODOS: (em coro) Intuição.

ZEZINHA: Está bem, eu seguirei a minha intuição. Só não sei onde isso vai dar.

PICA-PAU: Está vendo este grande saco? Está cheio de razões. E você vai levá-lo.

ZEZINHA: Pra quê?

CANÁRIO: Não faça tantas perguntas. As vezes é bem melhor.

CORUJA: E você está proibida de abri-lo até encontrar o local indicado.

ZEZINHA: E onde fica esse local indicado.?

PAPAGAIO: Concordo Plenamente.

CANÁRIO: É onde está o maior tesouro do mundo, você saberá.

PICA-PAU: Por isso siga a sua...

TODOS: Intuição.

Idem acima. Um de cada vez, depois em coral.

ZEZINHA: Muito obrigada pelas informações. (saindo)

CORUJA: Hei o saco.

ZEZINHA: É necessário mesmo?

PICA-PAU: Que menina teimosa, é imprescindível.

ZEZINHA: Se é pra ser assim, que seja assim. (pega o saco e sai puxando) E ainda me fazem de empregada. Acho que deve ser coisa da minha idade. Devo estar entrando em alguma fase diferente da minha vida, só pode ser. Que explicação se dá para isso?

CANÁRIO: Força.

PICA-PAU: Muita força.

CORUJA: Muita força de vontade.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

OS TRÊS: Cala o bico papagaio.

CANÁRIO: Você só sabe dizer isso?

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

(saem correndo atrás do papagaio)

FADE OUT.

SEQ. 05 – EXT/FLORESTA/DIA.

OS DOIS CAÇADORES ENTRAM, E PASSAM PROCURANDO.

Os dois caçadores chegam perto de um rio.
O ajudante está com muita sede.
Sai correndo e começa a beber água.
Quando ele olha para cima, o chefe está fazendo xixi.
O ajudante fica enojado.

AJUDANTE: Como o senhor é porco, será que não viu, que eu estava tomando a água?

CHEFE: Será que você não viu que essa água é descarga de um frigorífico, e que aí dentro só tem sujeiras?

AJUDANTE: Essa não. Frigorífico aqui, no meio da floresta?

CHEFE: Isso mesmo.

AJUDANTE: Tem gato na toca do coelho, só pode.

CHEFE: É claro que o frigorífico não fica aqui perto. Mas a sua sujeira, vem pelas águas.

AJUDANTE: Taí o gato. Desrespeito com a natureza.

CHEFE: É isso mesmo, mas o que é que nós temos a ver com isso. O nosso negócio é tesouro. Tesouro valioso, se esqueceu?

AJUDANTE: E eu vou tomar o quê? Água de chuva? Como? Se de tanto o homem derrubar as árvores, a chuva deu no pinote...

CHEFE: Saia daí já e vamos procurar mais pistas. O tempo está passando, e ele não espera.

AJUDANTE: Até parece que vai tirar o pai da forca.

Saem andando pela floresta, beirando o rio.

Passam, levam sustos, e saem procurando.

SEQ. 06 - EXT/FLORESTA/TARDE.

ZEZINHA ENTRA CANSADA, PUXANDO O SACO. DEIXA-O.

ZEZINHA: Puxa... eu estou exausta. Já andei demais. É quase noite, preciso dormir um pouco. Mesmo porque, é muito perigoso andar pela floresta à noite. (senta-se sobre a tartaruga). Pode Ter feras de todos os tipos.

TARTARUGA: (Geme de dor) Ai.

ZEZINHA: (Se assusta e levanta-se) O que foi isso? Quem está gemendo? (olha ao seu redor) Acho que estou ouvindo coisas demais, deve ser o cansaço ou pura imaginação. (senta-se sobre a tartaruga novamente)

TARTARUGA: Sai daí folgada.

ZEZINHA: Santo protetor das criancinhas indefesas... quem está falando?

TARTARUGA: (Se levantando) Sou eu forasteira. Ninguém ousa invadir minha privacidade. E quando isso acontece, tem que se defender. (Usa roupas de cowboy). Vamos duelar? (saca o revólver )

ZEZINHA: (Saltando) Eu deveria estar acostumado com essas coisas, mas não estou. Eu não consigo acreditar que estou falando com animais. (para a tartaruga) Quem é você, uma tartaruga Ninja?

TARTARUGA: Querida Amiga...

ZEZINHA: Alto lá. Eu não sou tua amiga. Nem aqui, nem na conchinchina. Vê se eu, Maria José do Nascimento, 10 anos de pura sabedoria, ia ser amiga de uma tartaruga burra e lerda?!

TARTARUGA: Pra quê tanta violência verbalizada? Estamos a sós. (chega perto, fala grosso) E quero que você saiba de uma coisa. Eu sou macho.

ZEZINHA: Há, há, há. Macho... (pausa) Macho em que sentido?

TARTARUGA: Do sexo masculino. Adoro garotas.

ZEZINHA: Epa sai prá lá. Você não faz o meu tipo.

TARTARUGA: E nem você faz o meu. É criança, fala pelos cotovelos, e é muito convencida. Pensa que é a rainha...

ZEZINHA: Era só o que me faltava, discutir com uma Tartaruga em pleno sonho? E ainda ser desafiada para um duelo.
TARTARUGA: Calma. Você está no mundo encantado dos desejos. Não se assuste. Porque aqui tudo é possível, desde que você queira.

ZEZINHA: Então quer dizer que eu quero que você esteja falando comigo agora?

TARTARUGA: Exatamente. Quer dizer, pode ser só um desvio de pensamento. Uma vontade reprimida... um desejo reprimido.

ZEZINHA: Desejo reprimido? E como você quer que eu acredite nisso? Se souberem que eu penso essas coisas, vão achar que estou louca.

TARTARUGA: Está no seu subconsciente.

ZEZINHA: Credo! Cada besteira que existe no subconsciente da gente! Eu hein! Falar com uma tartaruga... não desejo isso, para a minha pior inimiga. É deprimente.

TARTARUGA: (chegando perto, ZEZINHA salta longe) Fique calma, para que ter medo? Essa é uma verdade. E só os homens ruins de coração é que tem medo da verdade. E aqui só falamos pela verdade.

ZEZINHA: Pois é, está todo mundo falando a mesma coisa. Quer dizer... todo mundo não, esses bichos. (para a Câmera) Isso é caso pra se pensar.

TARTARUGA: Por favor, você poderia arrumar um pouco da sua água, estou sedento.

ZEZINHA: Claro, pode tomar. Mas só um pouco.

TARTARUGA: (tomando) Puxa vida, pensei que nunca mais tomaria água. (agradecendo) Obrigado, estava uma delícia. (entrega-lhe o cantil vazio).

ZEZINHA: Você tomou toda a minha água, seu guloso. Como vou matar a minha sede de agora em diante.? Vou reclamar ao rei dos animais, e pedir que ele te dê um corretivo...

TARTARUGA: Você vai encontrar logo uma fonte de água cristalina, e nela saciará toda a sua sede e poderá encher o seu cantil até derramar.

ZEZINHA: Ah é? E porque você não foi lá tomar dessa água, em vez de acabar com a minha, seu preguiçoso.

TARTARUGA: Eu sou uma tartaruga. E como você mesma já me classificou... as tartarugas são muito lerdas. Por isso até eu chegar lá, morreria de sede pelo caminho.

ZEZINHO: Essa história está mal contada. Em todo caso, vou acreditar em você.

TARTARUGA: Não tens do que duvidar.

ZEZINHA: Eu preciso de um lugar para dormir essa noite. Será que...

TARTARUGA: Pode dormir na minha casa.

ZEZINHA: Na sua casa, será que devo?

TARTARUGA: É uma toca que fica ali no barranco. Não é muito confortável, mas dá para passar a noite. E assim amanhã, você estará bem mais disposta para continuar sua missão.

ZEZINHA: (Se assusta) E como você sabe que eu estou numa missão?

TARTARUGA: Por causa da sua mala.

ZEZINHA: Isso não é mala não. É um saco cheio de esperanças que uns pássaros me deram pra eu levar.

TARTARUGA: (Para si) Interessante e legal, saber que você está envolvida nessa missão.

ZEZINHA: Pergunto de novo, e espero ter uma explicação lógica. Como você sabe que eu estou numa missão?

TARTARUGA: É como eu já te disse. No mundo encantado dos desejos, você pode tudo, como também nós podemos saber de tudo.
ZEZINHA: (Abrindo a boca) Pois é, a única coisa que eu sei nesse momento, é que estou caindo de sono e preciso dormir. Onde é sua toca Dona Tartaruga.?

TARTARUGA: Seu Tartaruga, por favor. Por aqui, venha. (saem, e ZEZINHA leva o saco).

SEQ. 07 – EXT/ ASFALTO-FLORESTA/TARDE.

Um palhaço vem correndo pela estrada numa bicicleta bem pequena.
Ele para, olha para todos os lados.
Pega a bicicleta e joga numa moita de capim.
O palhaço entra para a floresta.

O palhaço anda apressado pela floresta.
Tromba nas árvores.
Encontra uma bananeira.
Come as cascas e joga a banana fora.

Anda mais um pouco, e para perto de uma lagoa.
Ele encontra um boi no pasto.
O palhaço tem medo do boi.
O palhaço corre para todos os lados para esconder do animal.

O palhaço está novamente na floresta.
Está muito cansado.
Ouve vozes, faz sinal de psiu.
O palhaço corre muito apressado.

SEQ. 08 – EXT/FLORESTA/DIA.

Os dois caçadores, vem andando.
O chefe na frente olhando com o binóculo.
O ajudante vem colado nele.

Os dois cantam:

OS DOIS: Eu vou, eu vou. Caçar agora eu vou. (bis)

AJUDANTE: (Atrás) Patrão, será que estamos no caminho certo? Eu não estou enxergando direito. (Olhando bem nas costas do patrão.)

CHEFE: Claro que estamos, eu sinto o cheiro daquele palhaço.
AJUDANTE: Patrão, eu não queria perguntar isso, mas vou perguntar. Será que esse tal palhaço fez cocô por aqui? (cheirando um pé)

CHEFE: Fez o que?

AJUDANTE: Cocô, queca, carniça.

CHEFE: Sei lá, acho que não.

AJUDANTE: Então que carniça é essa?

CHEFE: (Começa a sentir o cheiro. Anda pra lá e pra cá.) Esta carniça é sua. Seu porco.

AJUDANTE: Caramba é verdade. Deve ser porque estou morrendo de medo de fantasma.

CHEFE: Fantasma? Acho que ele bebeu além do além que ele bebe normalmente.

AJUDANTE: Patrão e se aparecer um fantasma, o que é que nós vamos fazer?

CHEFE: Nós vamos arrancar o couro desse miserável e continuar a caçada ao palhaço Fujão.

AJUDANTE: Se é assim. Então vamos meu querido chefinho maior e combatente.

(OS DOIS) Eu vou, eu vou. Caçar agora eu vou. (bis) (saem de cena cantando)

SEQ. 09 – EXT/FLORESTA/DIA.

Zezinha está chegando perto de um rio.
No fundo ouvimos o barulho de uma caxoeira.

ZEZINHA: Aquela tartaruga lerda, tomou toda a minha água ontem, agora estou morrendo de sede. (assusta-se com o que vê) Gente, que cachoeira maravilhosa! Vou encher o meu cantil e me esbaldar de tanto tomar água. Oba que legal!

Chega o palhaço correndo e tropeçando em tudo.
Está muito cansado.

PALHAÇO: Me ajude, me ajude por favor.

ZEZINHA: (de costas) Que bicho é está falando agora? (se vira) barbaridade, quem é você? Um fantasma pintado?

O palhaço sempre faz sinal com a cabeça que não.

ZEZINHA: Há já sei, você deve ter comido alguma coisa estragada, e agora deve estar passando mal. Não é? Então me diga, um leão te rasgou inteiro?

PALHAÇO: Me dá um pouco de água, estou com muita sede.

ZEZINHA: Beba, olha quanta água tem aí na cachoeira.

O palhaço se abaixa.

PALHAÇO: Eu não acredito que encontrei alguém descente nessa floresta...

ZEZINHA: Afinal de contas quem é você, um ET?

PALHAÇO: Olha aqui, a minha fome eu tenho amenizado com frutas que eu encontro pelo caminho, e já faz dois dias que eu não durmo.

ZEZINHA: E eu com isso? Eu quero saber que bicho é você?

PALHAÇO: Eu sou um palhaço fugitivo. Será que você nunca viu um palhaço na sua vida?

ZEZINHA: Desse jeito não. Você está fugindo de quem?

PALHAÇO: De dois caçadores de recompensa. Pensam que eu sou o culpado.

ZEZINHA: Culpado de quê?

PALHAÇO: Do roubo do baú.

ZEZINHA: Que baú?

PALHAÇO: O baú das ilusões, o baú das mágicas, o baú do tesouro.

ZEZINHA: (animada) Tesouro? (pensativa) De que tesouro você está falando?

PALHAÇO: Do maior tesouro do mundo.

ZEZINHA: I, I, I, mais um que está atrás do maior tesouro do mundo...

PALHAÇO: Quem é você? O que sabe sobre o tesouro?

ZEZINHA: Nada. Mas eu estou procurando o maior tesouro do mundo?

PALHAÇO: Porque?

ZEZINHA: Eu também não sei. É como se alguém tivesse me jogado para a história na marra. Nunca pensei nisso, nunca sonhei com isso... espera lá, tem aí, uma história de subconsciente...

PALHAÇO: É uma caçadora de recompensa?

ZEZINHA: Sou? Se sou, não sei. Será?

PALHAÇO: Mas você não tem cara de caçadora de recompensa...

ZEZINHA: E quem disse que eu sou? Credo que história mais enrolada. Eu não estou entendendo mais nada. Preciso acordar.

PALHAÇO: Acordar? Mas você está acordada.

ZEZINHA: Estou não. Isso tudo deve ser um sonho. Eu nunca vi tantas besteiras juntas. Uma boneca falante. Pássaros que me dão ordens. Tartaruga que pensa que é vaqueiro. E agora um palhaço que pensa que é fugitivo. (Pausa) Ah já sei, você é um fugitivo do hospício, não é?

PALHAÇO: Não.

ZEZINHA: E do que é que você foge então?

PALHAÇO: Olha aqui garota, desculpe ainda não sei o seu nome...

ZEZINHA: Maria José do Nascimento. Mas pode me chamar de Zézinha.

PALHAÇO: Essas pessoas estão atrás de mim desde o dia em que o meu irmão desapareceu. E no mesmo dia desapareceu também o tal tesouro. Eles acham que eu sei onde ele está.

ZEZINHA: E você sabe onde estão?

PALHAÇO: Nem um nem outro. Mas eu gostaria de saber por onde anda o meu irmão, ele era um mágico maravilhoso.

ZEZINHA: Então o baú era dele?

PALHAÇO: Era, só que o dono do circo havia escondido dentro do baú do meu irmão um grande tesouro, e não contou para ninguém. Quando o meu irmão foi embora, levando consigo o seu baú, levou também o tal tesouro, sem saber que estava levando. Mas o mistério é ainda maior, porque até agora, ninguém sabe o motivo pelo qual o meu irmão fugiu. Ele era adorado por todos.

Ouvem vozes.

ZEZINHA: Está vindo alguém, vamos nos esconder ali atrás.

PALHAÇO: São os caçadores de recompensa, vamos. (saem correndo)

SEQ. 10 – EXT/FLORESTA/DIA.

Os caçadores se aproximam.
Entram cantando.

OS DOIS: Eu vou, eu vou, caçar agora eu vou. (bis)

CHEFE: Eu percebo que este palhaço, está cada vez mais perto de nós.

AJUDANTE: E eu sinto que aquela lingüiça que o senhor comeu no almoço está fazendo um mal efeito. Hum, credo! (abana-se com as mãos)

CHEFE: O palhaço sabe onde está o mágico, seu Irmão. E ele vai nos contar.

AJUDANTE: E se o tal tesouro não tiver com o mágico, irmão dele?

Nesse instante o Tartaruga se aproxima em pose de cowboy.

O ajudante ao ver o tartaruga se assusta e quase perde a fala.

CHEFE: Tem que estar, foi ele quem roubou.

AJUDANTE: Patrão, a coisa tá ficando preta. (disfarçando o olhar e virando-se para frente) Acho que a cachaça está me fazendo mal. (Olha para trás, a tartaruga faz sinal de silêncio, ele treme) A história que me contaram é outra.

CHEFE: E qual é?

AJUDANTE: Bem, naquela época, correu um boato de que o dono do circo queria dar um fim no mágico. Ele descobriu que a sua afilhada, a equilibrista, gostava muito do tal mágico. (Vê a boneca entrando pelo o outro lado, disfarça os olhos e...)

CHEFE: A afilhada dele? Aquela beleza? Não é possível. Mas o tesouro desapareceu e é isso que estamos procurando. Como você sabe de tudo isso?

AJUDANTE: Patrão, vamos embora daqui? Esse lugar está ficando muito povoado. (mostrando com os dedos que há gente demais) Está parecendo a peça de teatro, O fantasminha camarada, o senhor não acha?

CHEFE: Eu não acho nada. Você está vendo somente uma...

TARTARUGA: Uma tartaruga de pé e...

BONECA: E uma boneca de pano falante. Vocês não poderiam estar fazendo parte dessa história.

AJUDANTE: Patrão, antes eu não estava enxergando direito, mas agora eu estou vendo coisas demais. Será que eles são os violões?
CHEFE: Vilões, vilões seu retardado.

AJUDANTE: Não. (chorando engraçado) Não, não. Retardado não. Retardado não. (tapa os olhos, vira-se ao voltar ao normal continua vendo a boneca, chora mais forte)

TARTARUGA: No nosso sonho, vocês é quem são os vilões.

CHEFE: Fique calmo, porque a minha espingarda, ainda está bem carregada.

BONECA: Porque vossas Senhorias não tomam o caminho de volta?

AJUDANTE: Porque a minha Senhoria e eu não queremos. Certo? (chegando bem Perto) Patrão, essa eu conheço lá da televisão.

TARTARUGA: Essa história não vai acabar bem para vocês dois. Querem duelar?

AJUDANTE: Eu topo. Vamos contar os passos até dez. (se encostam, costas com costas, começa a contar) Um, dois, três... (contam até dez, ao virarem, o revólver do bêbado se desmonta inteiro e cai os pedaços no chão) Xi, faiou.

CHEFE: Escutem aqui uma coisa...

BONECA: Escute aqui seu caçador de recompensas safado...

CHEFE: (calmo e disfarçando) Sim Senhora dona Boneca Falante, pode falar, eu sou todo ouvido.

BONECA: O que vocês dois estão fazendo aqui na floresta?

AJUDANTE: Epa, agora o caso é comigo também. Vou lá resolver essa parada. É que a gente tava caçando um palha...

CHEFE: (dá-lhe um beliscão)

BONECA: Um palha, o que?

TARTARUGA: Vamos, se explique é a sua vez?

AJUDANTE: Um paca, é isso um paca.

BONECA: Sei um paca...

AJUDANTE: Claro, um paca macho. Um pacão. Um pacasso. Um baita paca. Você precisa ver que tamanho de paca. Mais grande que essa floresta. (ao chefe) Boa não é chefe?

CHEFE: Cala a sua boca. A gente só estava passeando e acabamos nos perdendo.

AJUDANTE: Não. É brincadeira dele. A gente estava caçando um palha...

CHEFE: Cala a sua boca.

AJUDANTE: Assim não dá. A gente tenta falar a verdade, mas ele não aceita. Prefere mentir. Quer um gole? (para a tartaruga)

TARTARUGA: Não bebo, isso faz mal para a saúde.

AJUDANTE: Só se for para você. Para mim faz um bem danado. Eu vejo tudo dobrado. A minha garrafa são duas, o meu pagamento é o dobro, e quando namoro, vejo duas mulheres na minha frente...

CHEFE: E vai ver duas balas saindo de uma vez só, da minha espingarda, se não calar suas duas bocas...

AJUDANTE: Sim senhor Patrão.

TARTARUGA: Para que essa arma na sua mão?

AJUDANTE: É porque... Porque a gente ia duelar, se lembra? Lerdão.

CHEFE: Sabe de uma coisa, vocês dois estão me deixando nervoso. E quando eu fico nervoso, o que eu faço Zé garrafão?

AJUDANTE: Bem, depende. As vezes o senhor tira a roupa e desfila como uma modelo, lindona.

CHEFE: Idiota, eu mato ou morro.

AJUDANTE: É verdade. Ou ele corre pro mato, ou pro morro.

CHEFE: Se você abrir a boca mais uma vez, eu faço você engolir essa espingarda sem mastigar.

AJUDANTE: Aí não vai dar. O senhor se lembra daquela vez que tentou me fazer engolir um abacaxi sem descascar. O trabalho que deu para tirar depois?

BONECA: Os senhores sabiam que estão falando com uma tartaruga e uma boneca de pano? (dando de dedo)

CHEFE: Claro que sim, falo com todo mundo. (imponente, depois medroso) Uma tartaruga e uma boneca? (engole seco).

AJUDANTE: Patrão, só agora é que me toquei que eles são uma Tartaruga e uma Boneca. (medroso) Uma Tartaruga e uma boneca.

OS DOIS: Socorro. (desmaiam, caem e se levantam rapidinho)

CHEFE: Eu não posso ter medo de uma tartaruga e uma boneca. Deve ser um sonho.

AJUDANTE: Acho que não é sonho não. Tá dando vontade de fazer aquilo.

CHEFE: (Olham um para o outro)

OS DOIS: Socorro. (saem correndo um para cada lado, depois voltam e se trombam, e saem juntos.)

A tartaruga mais a boneca saem cantando.

OS DOIS: Eu vou, eu vou, atrás agora eu vou. (bis)

SEQ. 11 – EXT/FLORESTA/DIA.

ZÉZINHA E O PALHAÇO APARECEM.

ZEZINHA: (saindo) Então quer dizer que o seu irmão tinha um caso com a afilhada do patrão? E foi por isso que ele fugiu?

PALHAÇO: Dessa eu não sabia. Meu irmão tinha um bom gosto. Ela realmente era muito bonita. (divagando) Eu ainda era muito criança, e já podia ver que tratava-se de uma beleza imensa. Ela se parecia com uma Deusa sobre aquela corda, era a melhor equilibrista.

ZEZINHA: E essa tal equilibrista tão bonita, o que pensa disso?

PALHAÇO: Hum, depois da fuga do meu irmão, ela também desapareceu.

ZEZINHA: Puxa que história triste.

PALHAÇO: Muito triste.

ZEZINHA: Mas não foi pra isso que vim aqui. Preciso encontrar o tal tesouro, é a minha missão. Será que você não gostaria de me ajudar?

PALHAÇO: Se eu servir para essa missão... é claro que eu ajudo. Embora eu acredite que tudo isso não passa de um engodo. De uma histórinha infantil feita para enganar inocentes.

ZEZINHA: Enquanto não temos a certeza do que você fala e eu penso. Vamos tentar encontrar o maior tesouro da terra.

PALHAÇO: Então vamos encontrar o tal tesouro. (saem)

ZEZINHA: O que será esse tal tesouro, hein? (saem pela floresta)

CORTE:

SEQ. 12 – EXT/FLORESTA/DIA.

Os caçadores reaparecem, impressionados.
Haviam escutado a conversa.

CHEFE: (entrando) Agora embananou tudo de vez. Então quer dizer que o palhaço não sabe onde está o tesouro. Que nós estamos só perdendo tempo?

AJUDANTE: Mas numa coisa estamos certo. Existe um tesouro.

CHEFE: Bem pensado meu ajudante, Zé garrafão. Vamos seguir os dois. Se eles encontrarem, será nosso. Se eles não encontrarem, é porque ainda está por procurar, e nós vamos procurar, certo?

AJUDANTE: Sim Senhor, meu chefe combatente e superior maior, vamos à luta. (Bate com força na testa e cai com a força)

CHEFE: (apenas olha-o, que levanta envergonhado)

AJUDANTE: Faiou.

(os dois saem um bem junto do outro)

CHEFE: Sai de perto de mim, esse seu bafo de cachaça está horrível.

AJUDANTE: Eu acho bom mesmo. Porque esses seus puns de lingüiça, tá me embrulhando o estômago. Eca. (saem).

CORTE:

SEQ. 13 – EXT-INT/BARRACÃO ABANDONADO/DIA-NOITE.

Zézinha e o palhaço se aproximam de um barracão velho no meio dos arbustos.

ZÉZINHA: Será que mora alguém aí?

PALHAÇO: Vamos ver.

Os dois chegam mais perto do barracão.
Batem palmas.
Dão a volta no barracão.
Alguém aparece no segundo andar, e se esconde.
Os dois não vêem o vulto.

PALHAÇO: Olha, já tá ficando tarde. Parece que está desabitado. Vamos passar a noite aqui?

ZEZINHA: Ai dentro?

PALHAÇO: Qual o problema?

ZEZINHA: Fantasmas...

PALHAÇO: Isso não existe.

ZEZINHA: Você garante?

PALHAÇO: Bem, aí já é demais. Eu não sei o que se passa por essa mente fértil sua. Pode até ser que...

ZEZINHA: Quer saber de uma coisa, vamos entrar. Estou exausta.

Os dois entram calmamente para dentro do barracão.
É um local abandonado.
Não tem portas e nem janelas. Somente os vãos.
Ao entrarem ouvem um barulho na parte de cima.
Zezinha pula no pescoço do palhaço.

ZEZINHA: Acho que são fantasmas.

PALHAÇO: Essas coisas não existem, quer ver.? (sai correndo)

ZEZINHA: Ei, onde você vai? Não me deixa aqui só.

PALHAÇO: Só vou tirar as suas dúvidas.

O palhaço sobe pelas escadas.
Zezinha fica só, está com medo.
Ela fica olhando em volta e observando tudo.
Uma mão bate em seus ombros.
Zézinha leva um grande susto.
É o palhaço.

PALHAÇO: Só achei um ninho de pássaros. Devem ser os donos do lugar.

ZEZINHA: Espero que seja mesmo.

PALHAÇO: Vou me arrumar por aqui, e descansar bastante. Amanhã temos muito trabalho pela frente.

O palhaço arruma um lugar ali pelo chão e Zezinha continua olhando para cima.

CORTE.

É noite, num canto há uma pequena fogueira acesa.
Zezinha, assa uma batata doce num espeto.
Está inquieta.
O palhaço dorme tranquilamente.

CORTE:

Zezinha está dormindo ao lado do palhaço.
Um vulto se aproxima dos dois.
Da uma volta nos dois. Vemos as mãos se mexendo como uma bruxa.
Zezinha sonha.

CORTE:

Zezinha está abrindo um baú.
Chega uma bruxa por trás e pega no seu pescoço.
Zezinha começa a gritar.

FUSÃO;

Zezinha acorda e grita, a sombra sai correndo do local.
Ela fica apavorada, mas não vê a sombra.
Dorme novamente.

CORTE:

No alto da casa, aparecem os pássaros.
Eles ficam olhando os dois dormirem.
Os pássaros se encostam um no outro e dormem.

CORTE:

É manhã, Zezinha está dormindo.
O palhaço entra falando alto.

PALHAÇO: Bom dia, garotinha do meu coração.?

ZEZINHA: (acordando assustado) Seu palhaço. Não faça isso.

PALHAÇO: Vamos levantando que o dia já começou. Temos muito o que fazer pela frente. Lembre-se a missão é sua.

ZEZINHA: Tinha que me lembrar disso...

A menina se levanta, dá uma espreguiçada. Estica os braços e boceja.

PALHAÇO: Tive um sonho tão estranho essa noite. Uma bruxa chegava e pegava no meu pescoço e gritava sem parar.

ZEZINHA: Você também?

PALHAÇO: Ai meu Deus. É coletivo.

Ouvem os gritos de uma bruxa.

ZEZINHA: Socorro, esse lugar é amaldiçoado.

Os dois saem correndo para fora.
Correm e não olham para trás.

CORTE:

SEQ. 14 – EXT/LOCAL DO PORTAL/DIA.

Nesta cena, entram a Tartaruga, a Boneca, pássaros cantando a marcha.

TODOS: Um dois, feijão com arroz. Três quatro, feijão no prato. Cinco seis, feijão inglês. Sete oito, feijão com biscoito. Nove dez, feijão com pastéis. Onze doze, feijão com doce.

BONECA: Cia. Alto, volver?

TARTARUGA: Vou ver o quê? Ainda não estou vendo nada.

BONECA: Descansar, sua Tartaruga lerda.

TARTARUGA: Ah, ainda bem.

BONECA: E agora vamos brincar de arrumação.

TARTARUGA: Arrumação?

BONECA: Precisamos arrumar o cenário dos sonhos, o cenário do coração para a próxima cena.

TARTARUGA: Ah não, eu estou cansado.
BONECA: (BRAVA) Nós todos estamos cansados, mas temos que fazer o serviço.

TARTARUGA: Também não precisa ficar bravinha.

BONECA: Amigos ao serviço.

Marchando e repetindo a mesma música, viram o cenário. Aparece então um coração gigante como porta. E em seguida eles se posicionam como guardas, os outros saem.

CORTE
TEMPO.

BONECA: Amigo tartaruga, eu estou cansada de vigiar essa porta e nada acontecer.

TARTARUGA: Pois é boneca de pano, já faz cinco minutos que estamos aqui e nada aconteceu. Acho que hoje vai ser um dia como todos os outros, sem novidades.

Os dois sentam-se no chão de costas.

BONECA: Sem nada para fazer. (descansa-se sobre oTartaruga).

TARTARUGA: Que missão mais desagradável que deram pra gente nesse sonho.

BONECA: Cuidar de uma porta que nunca se abre. (cochila)

TARTARUGA: O que será que tem aí dentro? (cochila)

BONECA: Dizem que é um grande Tesouro. (Já dormindo)

SEQ. 15 – EXT/PORTAL-PÁSSAROS/DIA.

Os pássaros entram com um efeito musical.

PICA-PAU: Coitadinha da boneca, eu gosto tanto dela, mas acho tão triste.

CANÁRIO: O que um pensamento maldoso, não faz com uma pessoa?
CORUJA: Mas ela é só uma boneca, não devia Ter sentimentos.

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

PICA-PAU: Esperamos que tudo dê certo, não é? A primavera está se acabando, falta somente um dia. E segundo a lenda, a porta desse coração só poderá ser aberto numa primavera. E se não der certo, somente daqui há um ano, alguém poderá tentar abrir novamente.

CANÁRIO: O destino é imprevisível, os acontecimentos vem, de acordo como ele quer, esperemos que tudo dê certo, mesmo.

CORUJA: Eu acho que tudo não passa de momentos. Um sonho, um pesadelo, uma vontade, um desejo esquisito...

PAPAGAIO: Concordo plenamente.

PICA-PAU: Porque será que ela e o Tartaruga se dão tão bem?

CANÁRIO: Surpresas do coração. Desejos vários. Segredos do destino.

CORUJA: A terra é uma bola que gira sem parar. Está suspensa no ar. Quem segura?

PAPAGAIO: Uma mão invisível. A mão do criador.

PICA-PAU: Até que enfim uma frase decente... vivas.

CANÁRIO: Psiu, Vamos. Os momentos finais se aproximam. (saem todos)

SEQ. 16 – EXT/PORTAL-PALHAÇO E ZEZINHA/DIA.

ZÉZINHA E O PALHAÇO SE APROXIMAM DO PORTAL.

ZEZINHA: Amigo palhaço, acho que chegamos ao local indicado.

PALHAÇO: Será que é aqui mesmo?

ZEZINHA: Veja, essa é a marca. Um coração.

PALHAÇO: Como você sabe?

ZEZINHA: Intuição daqui. (põe a mão no coração)
Eles ficam maravilhados.

PALHAÇO: Será que é verdade mesmo? Que o tal tesouro existe. O que será? Ouro, prata, diamante? Jóias ou...

ZEZINHA: Ou uma bela surpresa?

PALHAÇO: Será que é aqui mesmo? Eu não acredito. Deve ser outro sonho.

ZEZINHA: Segundo o meu coração...

PALHAÇO: Santa paçoca Salgada, então é aqui mesmo.

BONECA: (de longe, acordando) Quem são vocês. (meia que dormindo)

TARTARUGA: (Sacando a arma de brinquedo) O que querem aqui? (atira e sai água do revólver)

ZEZINHA: De novo não, já se esqueceram quem sou eu? Afinal de contas o que vocês estão fazendo aqui?

BONECA: Fazemos parte da sua história. Podemos entrar e sair a qualquer momento. Desde que você queira.

ZEZINHA: Essa não. Será que isso está acontecendo mesmo?

TARTARUGA: Quem é ele? Um elefante da disney ou um tigre de bengala?

PALHAÇO: Muito prazer, eu sou um palhaço amigo, só quero ajudar. Engraçado, tenho a impressão de que conheço vocês de algum lugar.

BONECA: (SE OLHAM) Muito bem. Estávamos aguardando a chegada da menina salvadora.

PALHAÇO: Salvadora? E como vocês sabiam que ela viria? Ai ai ai ai, isso está me cheirando há uma baita de uma cilada.

ZEZINHA: Espera aí, se você sabia de tudo isso, porque não falou logo no início? Naquela noite de sono, cheia de sonhos e pesadelos.

BONECA: Porque não podemos mudar o destino. Você teria que passar por tudo que passou, para realizar essa tarefa. É claro se passar pelo teste.

PALHAÇO: Eu conheço esses dois. Para mim não são estranhos. Acho que estão pregando uma peça na gente.

ZEZINHA: Então me digam, como é que é esse teste?

BONECA: É simples, você vai abrir a porta com a sua mão esquerda. A mão do lado do seu coração. Se conseguir abrir, terá seu sonho realizado, mas se não conseguir...

PALHAÇO: Se ele não conseguir...?

BONECA: Ficará presa aqui para sempre, como um animal ou um brinquedo. É a maldição que foi lançada a anos sobre esse tesouro. E se você realmente for a escolhida, nada lhe acontecerá, e salvará os outros que tentaram a mesma façanha.

PALHAÇO: Eu não disse que isso era uma baita de uma cilada. E agora, vamos embora?

ZEZINHA: De jeito nenhum, vim até aqui, e vou terminar. E além do mais acredito nos meus objetivos.

PALHAÇO: Você ficou maluca, onde já se viu, abrir a porta com a mão esquerda, só pra ter certeza de que é a escolhida, isso não existe. E se o coração dela for no outro lado.

TARTARUGA: Eu vou dar uns petelecos na cabeça desse cara pintada. Entrou na história de gaiato, e fica enchendo a paciência desse jeito. Até parece o meu irmão mais novo, aquele pentelhinho.

BONECA: Calma, tudo vai depender das boas intenções da menina.

TARTARUGA: E eu que pensei que hoje seria um dia como todos os outros.

PALHAÇO: ZEZINHA, vamos embora daqui, esses dois não estão com nada.

TARTARUGA: Calado.

O palhaço vai dizer algo, mas não consegue, fica engraçado.

ZEZINHA: Pode deixar ele falar é um bom moço.

TARTARUGA: Que fale o Palhaço então.

PALHAÇO: Vocês são dois bruxos, ou bruxas, sei lá. Como conseguem fazer isso? Podem deixar amenina tentar abrir essa porta, que eu vou ficar no meu cantinho, bem quetinho, observandinho. Sem falar nadinha. Agaixadinho. (se abaixa).

nisso entram os dois caçadores.

CHEFE: A rá, então quer dizer que estamos todos juntos agora.?

AJUDANTE: Juntos e ricos. Porque o tesouro vai ser nosso.

Cantam de alegria.

OS DOIS: Nós viemos, nós viemos. E a caça encontramos. Bis.

BONECA: Alto lá, vocês de novo?

AJUDANTE: Não. É mãe dele que está aqui.

TARTARUGA: Porque vocês não se tocam?...

AJUDANTE: Ah, eu não consigo. Primeiramente que eu não sou sanfona, e Segundamente, como diria Odorico Paraguassú, aquele prefeito safado, eu não sou músico.

CHEFE: (gritando nervoso) Calem as bocas. (todos se calam) Eu não disse que esse tesouro existia, eu quero ele para mim. Vamos abram a porta.

Aponta a arma.

CHEFE: Sr. Zé do garrafão amarre a todos. Menos a menorzinha aí.

O ajudante começa a amarrar a todos.

BONECA: Como ousam atrapalhar a realização dos sonhos de uma menina? Será que vocês não perceberam que estão sobrando nessa história?

AJUDANTE: Patrão se essa boneca de pano não calar a boca, vou tocar fogo nela. (tirando uma caixa de fósforos grande)

TARTARUGA: Experimenta pra ver o que pode te acontecer.

O ajudante amarra o Tartaruga.

AJUDANTE: Não. Duelo de novo, não.

BONECA: (ainda desamarrada) Como tudo pode acontecer, vocês dois vão ficar quietinhos como dois bons anjinhos.

AJUDANTE: Patrão o que é anjinho?

CHEFE: Seu idiota, cala a boca que eu estou ficando todo duro. Anjinho não.

AJUDANTE: Grande coisa, eu sempre fui duro e nunca reclamei. Ei? Isso não vai dar certo. (fica duro de um jeito meio engraçado)

CHEFE: Eu vou fugir. (tenta correr, mas endurece, como um anjo)

A boneca desamarra a todos.

TARTARUGA: Amigos, podemos continuar com a missão.

ZEZINHA, vai até a porta e com a mão esquerda, tenta abrir a porta. Luzes começam a ascender, o coração da porta pisca várias vezes, há um som melodioso, angelical.

BONECA: Isso aqui está ficando muito esquisito não quero nem ver. Vou me embora.

Tenta sair correndo, mas não consegue.

O mágico se esconde dentro do saco.

Após a porta aberta, as luzes param de piscar, e as roupas do Tartaruga sobe com linhas e fica no lugar o Mágico, sob uma luz azul. )

Após o som o palhaço tira a cabeça para fora.

PALHAÇO: Meu irmão é você?

MÁGICO: Quinzinho é você? Meu irmãozinho....

Toca-se uma música emocionante e os dois se encontram.

PALHAÇO: O que você fazia nessa mata, vestido de tartaruga?

MÁGICO: Tartaruga? Eu era um tartaruga? Não me lembro de nada. Entrei aqui nesse coração com o meu baú, a porta do coração se fechou e eu caí num sono profundo. Só agora acordei. Que dia é hoje? Espere, você é o meu irmão, aquele garotinho? Como cresceu tão rápido? E a Aninha? Onde ela foi parar?

PALHAÇO: Meu irmão, isso já faz dez anos. E ninguém mais ouviu falar na equilibrista.

MÁGICO: Pois para mim não passa de uma noite, e ela deve continuar linda, como sempre foi.

ZEZINHA: E o tesouro?

MÁGICO: Quem é essa menina simpática?

PALHAÇA: A que te libertou.

MÁGICO: Eu sendo um grande mágico, tenho que concordar, que nunca vi uma mágica como essa que você fez. Você deve ser alguém muito especial, mesmo.

ZEZINHA: Apenas uma garota em busca dos seus ideais. E o tesouro?

MÁGICO: Que tesouro?

ZEZINHO: Que estava dentro do seu baú.

MÁGICO: Nunca existiu tesouros dentro do meu baú.

Os caçadores voltam ao normal.

CHEFE: Quer dizer, que enganaram a gente? Que isso daqui era uma cilada?

AJUDANTE: E eu acho que bebi demais, não estou entendendo mais nada.

MÁGICO: Quem são vocês dois, e essa gente toda?

Os pássaros vão entrando e tirando as roupas e se transformando em pessoas.

AJUDANTE: Muito Prazer. Somos caçadores de recompensa. E queremos o tesouro para nós. Na verdade, aqui só para nós dois, somos ladrões.

CHEFE: Seu burro, idiota. Palhaço.

PALHAÇO: Epa, o palhaço aqui sou eu.

AJUDANTE: Está vendo? Eu que bebo e o senhor é que fica vendo coisas. E eu vendo dobrado, socorro. (começa a se mexer, cai de quatro e começa a latir como um cão.)

CHEFE: Você está se transformando num cachorro?

AJUDANTE: Me transformando não. Eu sou um legítimo vira-latas. Me dá uma perninha aqui, que eu quero fazer xixi.

CHEFE: Ai ai ai. Acho que eu estou virando um. (late como cão)

AJUDANTE: Viu chefe, agora somos iguais. Quero ver você me dando ordens. Luluzão.

(O chefe late mais alto, e o Bêbado late fino e sai correndo de medo. O outro vai atrás.)

PALHAÇO: E o tesouro que sumiu do circo, onde está. Todos acham que estão no seu baú?

MÁGICO: Pode até ser. Porque eu nunca mais abri o baú, para esquecer tudo o que havia acontecido.

Nisso os Quatro que faziam os pássaros, entram puxando os cães.

CANÁRIO: (Mais velho) Obrigado por nos tirar da maldição, queríamos somente o tesouro, e por isso nos transformamos em pássaros. Agora prometo que nunca mais vou maltratar os animais. Vamos cachorrinho. (que rosna).

ZEZINHA: Gente, e a boneca? Onde ela foi? Ela ficou com tanto medo que desapareceu de medo.

ANINHA: (ENTRANDO) Eu estou bem aqui.

O dois se olham por um momento, luzes somente nos dois, quando vão se beijar, a porta vai saindo do lugar, ficando somente um baú enorme, brilhoso, a tampa começa a se abrir, e dentro do baú surge uma grande pedra de cristal, o casal sai dançando, uma valsa, o cenário vai se movendo, SÉZINHA fica maravilhado, começa a rodar em volta, e tudo fica como no início, o quarto de ZEZINHA.

ZEZINHO: O que é isso? O que está acontecendo? (repete várias vezes)

SEQ. FINAL – INT/CASA DE ZEZINHA/MANHÃ.

PAI: (Chefe, entrando) Sonhando novamente minha filha? Já são nove horas da manhã. O sol está brilhando lá fora. É um Domingo maravilhoso.

(ZEZINHA se levanta e começa a ver os personagens pelo quarto. Com uma música falando nos personagens, ele passa por todos)

A boneca de pano.

O tartaruga.

Uma foto de palhaço.

Os pássaros dentro da gaiola, que os soltam levando até a janela.

Os dois cães latem do lado de fora.

ZEZINHO: Pai tive o melhor sonho da minha vida.

Entra o empregado, bêbado.

AJUDANTE: ZEZINHA venha tomar o seu leite, que eu acabei de tirar da malhada.

ZEZINHA: E você não vai tomar também?

AJUDANTE: A minha cota eu já tomei. Lá na teta da vaca. Só que ela me deu um coice...

PAI: Minha filha, vamos tomar o café.

Eles saem do quarto, e o baú começa a se abrir novamente, as luzes vão se apagando e surge uma grande pedra de Cristal, Em seguida ela se fecha e...

FIM
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