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Artigos-->EMOÇÕES -- 19/04/2004 - 20:37 (Antonio Albino Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje fiquei emocionado. Minha filha ganhou uma prova de triatlo. Foi primeiro lugar. É fato que só ela competiu na sua faixa de idade. Ana Keyla tem seis anos. Não importa. Os vinte e cinco metros de natação, depois a saída da piscina, subida até a bicicleta, tênis, capacete, e tome pedaladas. Dois mil metros foi o que ela pedalou. Sozinha na pista, tranqüila, sorrindo, alegre e feliz. Depois, deixa a bike e parte para a corrida. Quinhentos metros de corrida. E ela terminou. Confesso que fiquei mais cansado que ela. Ela nem pediu água depois de ultrapassar a linha de chegada.Eu clamava por uma cerveja gelada. E ela venceu, pois chegou. O tempo não importa.



Outra emoção tive nuns tempos atrás. Num concurso de poesia, vi minha outra filha, Ana Carolina, subir no palco e recitar uma poesia. Linda poesia, por sinal. Falava da vida e da morte. Ela, com treze anos, recitava a poesia e eu me emocionava. E o barato maior era o fato de que aquela poesia era dela. Sim, minha filha tinha feito a poesia e, ouvindo sua voz trêmula, seu jeito sem jeito de usar o microfone, me emocionei...e muito.



É assim. A vida nos traz emoções. Filhos proporcionam emoções. Muitas emoções. Mais até que preocupações, que são outras tantas. Ver o filho galgar um pedaço da vida; um pedaço que não alcançamos, é importante, emocionante, enfim, vibrante.



Tudo que eles fazem, de alguma forma, nos faz aprender Aquela história de que projetamos nos filhos o que a gente gostaria de ter conquistado não fecha muito bem nesse caso. Não quero projetar nada. meus sonhos foram sonhados, minhas conquistas conquistadas ou perdidas. Mas...Pensando bem... Eu tive dois sonhos.



O primeiro dos meus sonhos era fazer sucesso no esporte. Futebol foi a minha escolha. No meu entender, não decepcionei. Ganhei medalhas, fiz zagueiro mirim chorar, tentando me pegar. Eu era muito rápido, veloz. Fui titular da equipe do meu batalhão, quando servi o exército. Isto, para mim, foi uma vitória, pois estive entre os onze melhores do futebol dentre milhares de pessoas da mesma idade. Mas, confesso, queria muito mais.



Outra coisa que sempre me encantou foi a poesia. Sempre escrevi e tudo escondi. Muitas coisas rasguei, com medo que alguém pudesse ler. Até hoje me escondo. Escrevo, mas pouco divulgo. Muito do que escrevo fica só pra mim. Acho até que esta reflexão também ficará no anonimato. Ninguém vai ler. Mas explica a minha outra grande emoção. Então me projeto nas minhas amadas filhas.



Quando Carol inscreveu sua poesia, foi ao palco e a recitou, me emocionei. Quando Kekeyla nadou e foi fundo no triatlo me senti em forma. Mergulhei nos meus sonhos enterrados, pedalei na esperança de que nunca é tarde; corri, tentando vencer o ostracismo e escrevi, para não me enferrujar.



Com isto provei a mim mesmo que, mesmo sem querer, os desejos dos pais, tentando se projetar, podem influenciar os filhos. Ou será o sangue?







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