Usina de Letras
Usina de Letras
118 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62186 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50587)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->BERNARDO VIEIRA DE MELO-Herói Pernambucano -- 20/04/2004 - 11:00 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
BERNARDO VIEIRA DE MELO -O PROTOMÁRTIR DA REPÚBLICA



Quando o estudante brasileiro abre um livro de História do Brasil, vê-se diante de uma grande inverdade histórica. Refiro-me à coroação da Inconfidência Mineira de 1789 como sendo a "1ª sedição de cunho republicana ocorrida em solo pátrio", mesmo que nessa Insurreição não tenha havido lutas, combates e nem sequer um "tirinho" tenha sido disparado, pois quando Joaquim Silvério dos Reis denunciou a conspiração ao Visconde de Barbacena, este suspendeu a cobrança dos impostos atrasados – dia em que seria deflagrado o movimento – e mandou o delator apresentar a denúncia diretamente ao Vice-Rei, no Rio de Janeiro. Tiradentes, que estava no Rio, foi logo preso, e em Minas Gerais os demais conspiradores foram sendo presos um a um, sem maiores resistências, malogrando assim a Inconfidência, que não chegou a acontecer. Demais disso, quando da punição dos cabeças da conspiração, apenas Tiradentes foi condenado à morte enquanto o poeta Cláudio Manoel da Costa foi encontrado morto na sua cela, provavelmente assassinado (embora as autoridades tenham dito que ele cometera suicídio), enquanto que todos os outros envolvidos tiveram suas penas transmudadas para degredo.



Entretanto, malgrado o fiasco da sedição mineira, os historiadores, com raras exceções, insistem em menosprezar o movimento republicano ocorrido em Olinda (PE), no ano de 1710, que culminou com a decretação de uma república nos moldes de Veneza. Assim, querendo fazer valer a "Inconfidência Mineira" como movimento libertário pioneiro, alegam que os documentos que provariam o movimento republicano acontecido em Pernambuco, "se é que existiram", nunca apareceram, pois foram extraviados ou destruídos durante a Guerra dos Mascates.



Esses documentos seriam as atas do Senado da Câmara de Olinda nas quais o pernambucano Bernardo Vieira de Melo, em 10 de novembro de 1710, conclama os olindenses a adotar forma de governo republicana, tornando-se independentes de Portugal sob o manto de República "nos moldes de Veneza".



Ora, se tais documentos sumiram ou foram destruídos, isto não invalida o fato histórico acontecido, se esse fato puder ser comprovado de outras formas.



No caso em discussão, outros documentos coetâneos, COMPROVADAMENTE existentes não só no Brasil como em Portugal, provam sem sombras de dúvidas que realmente cabe a Pernambuco a primazia de querer adotar forma republicana de governo em desfavor da monarquia, separando-se de Portugal.



O historiador pernambucano Nelson Barbalho, no livro "1710: Recife versus Olinda – A Guerra Municipal do Açúcar – " faz menção a esses documentos, afirmando que " são fartos, incontestáveis, irreversíveis, desafiadores e insuspeitos" -opus. cit. p. 141- . São eles:



1-Carta datada de 28/07/1712, do Des. Cristóvão Soares Reymão, enviada ao Rei de Portugal, dizendo "Faz presente a S. Majestade que quando, em novembro de 1710, se sublevaram alguns moradores em Pernambuco, e intentaram fazer República"



2- Carta de Sebastião de Castro e Caldas, de 05/02/1711, fazendo várias denúncias contra os pernambucanos e registrando "que dilataram alguns dias a entrega do Governo ao Bispo ( D. Manuel Álvares da Costa ), por dizer concorrer, intentando reduzirem o Governo a República ".





3- Carta do Conde de São Vicente, de 15/12/1712, coonestando o que disse o Des. Cristóvão Reymão, que "em 1710, os pernambucanos sublevados, intentaram fazer República ".



4- Parecer do Conselheiro Antônio Rodrigues da Costa, do Conselho Ultra Marino de Lisboa, de 11/12/1714, acerca dos fatos motivadores da rebelião, cujo parecer (que foi aprovado pelo Rei em janeiro de 1715) diz: " De que nasce haverem entrado em pensamentos desleais, e cuidam nestas últimas alterações em se erigirem em República livre ".



5- Parecer do Conselho Ultramarino de Lisboa, de 22/02/1715, estudando representação do chefe paraibano João da Maia da Gama, sobre esse assunto dos pernambucanos (fazer República), e no qual o esperto e bajulador paraibano, após dizer do zelo e suma vigilância com que obedece as ordens do Rei, motivo pelo qual a sedição não influenciou o povo da sua capitania, pede providências rigorosas para se evitar novos fatos da mesma natureza. No Parecer, o Conselho diz "sendo certo que estes homens que chamam da nobreza de Pernambuco faltaram a ela e fizeram uma guerra civil, por não obedecerem a criação da vila do Recife, entrando em pensamentos desleais, como foi o de fazerem República".



A estes ditos documentos, citados por Nelson Barbalho às fls. 141/143 do livro já referido, acrescente-se o processo judicial e as consultas do Conselho Ultramarino, documentos existentes na Biblioteca Nacional, editados pelo governo federal na coleção "Documentos Históricos", mais de 100 volumes à disposição de quem quiser pesquisar sobre o assunto e que, se coligidos com isenção pelos historiadores, afastariam quaisquer dúvidas ainda existentes e obrigatoriamente, acarretariam a revisão da maioria dos nossos livros de História.



Enquanto tal não acontece, rendemos aqui, nossas homenagens a Nelson Barbalho, e ao historiador Capistrano de Abreu, que na sua "História Colonial", assim escreve: "Com a retirada de Sebastião de Castro e Caldas vagara o lugar de governador; abertas as vias da sucessão para saber o nome do substituto, saiu o do bispo da diocese. Alguns insurgentes opuseram-se à posse. Bernardo Vieira de Melo, sargento-mor, um dos cabos de guerra dos Palmares, propôs se proclamasse UMA REPÚBLICA À MODA DE VENEZA ou se procurasse a proteção de alguma potência cristã ".



Destarte, a Guerra dos Mascates, quando comparada à Inconfidência Mineira, faz esta, data venia, parecer uma "questiúncula" interiorana, porque a Guerra dos Mascates, durou mais de 1 ano, com batalhas renhidas, travadas em diversas vilas, e que custou a vida de 722 pessoas, entre elas o próprio Bernardo Vieira e seu filho André Vieira de Melo, mortos sem nenhuma explicação plausível na prisão do Limoeiro, em Portugal, sendo ele, portanto, e não Tiradentes, o verdadeiro protomártir da República no Brasil!



Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui