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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->O TOCADOR DE GAITAS -- 04/07/2002 - 10:42 (LUIZ CARLOS LOCATELLI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O ROTEIRO ABAIXO É UMA COMÉDIA PARA MÉDIA METRAGEM.

DIVIRTA-SE.

Por: Luiz Carlos Locatelli

TÍTULO: O TOCADOR DE GAITAS

Personagens:

Armando – O Promotor.
Antônio – O Mendigo Acusado
Tadeu – Guarda Municipal
Fernando. – Guarda Municipal
Soraya - A cigana.
O Prefeito.
Sacramentana. – A Secretária.
O Juiz
A Advogada. – de defesa.
A Primeira Dama.
Policial 1.

Secundários:

7 Jurados.
Pessoas para o julgamento.
2 Ajudantes para o tribunal.
Voz carro de som e Rádio.
Policial 2.
Homem da corneta fora do teatro e dentro.

SE 1: INT. – SALA – DIA.

A Sala parece estar vazia. Mostrar um quadro na parede com a foto de um homem. É o Prefeito da cidade. Uma fumaça de cigarros entra na imagem. A câmera abaixa e mostra o prefeito fumando na cadeira. Está quase dormindo. Uma mão coloca algumas correspondências sobre a mesa. Os pés da pessoa sai, não vemos quem é. A porta é fechada com força, o Prefeito acorda. Leva um susto grande pensa que sua sala pega fogo. Corre até o extintor e apaga o cigarro que está no chão. Aos poucos ele se acalma. O Prefeito vê as correspondências. Joga o extintor no chão. Começa a ler as correspondências.

Corte.
O Prefeito está sentado em sua cadeira, abrindo correspondências.

PREFEITO:
Extrato bancário, conta da TV a cabo, propaganda de livros, conta do motel. (pausa) Conta de Motel? Êpa, e esse não tem nome.

Ele abre o bilhete. Lê o bilhete. Não acredita no que lê, relê com óculos. Fica sério olhando no vazio. Faz micagens. Fala para si.

PREFEITO:
Então é isso. Estão querendo matar o Prefeito da cidade... (pausa) Estão querendo me matar? Vamos ver se conseguem. (Grita) Sacramentana Maria de Jesus, venha cá.

Sacramentana entra: É uma mulher que usa óculos, anda de passos curtos e rapidinho. Fala fino, e é muito puxa-saco.

SACRAMENTANA:
Pode falar meu prefeitinho, chefinho queridinho. O que o senhor deseja? Um copo de água, um biscoitinho, ou uma coxinha?. (insinuando-se)

PREFEITO:
De Galinha?

SACRAMENTANA:
Pode ser:... de galinha, de vaca, de porca, de cadela... de piranha...

PREFEITO:
De Piranha?. (pausa) Chega. A senhora viu, quem trouxe esse bilhete?

SACRAMENTANA:
Não senhor.


PREFEITO:
Onde a senhora estava quando deixaram, isso. (mostrando o bilhete).

SACRAMENTANA:
No toalete.

PREFEITO:
Fazendo o quê? Será que a senhora não sabe que não pode ausentar-se do posto, sem deixar alguém no lugar para vigiar?

SACRAMENTANA:
Sei sim Senhor, mas é que eu estava muito apertada. Para falar bem a verdade, já havia caído alguns pinguinhos senhor Prefeito.

PREFEITO:
Deus me perdoe! Pode ir.

SACRAMENTANA:
Obrigadinho. Preciso voltar lá no toalete. (fazendo caras) Eu ainda não havia terminado. (voltando) Continua pingando.

PREFEITO:
(Olhando para a câmera) Vocês agüentam isso? Podem levar.

SEQ. 2: EXT. – PRAÇA PÚBLICA – DIA.

Vários catadores de papel estão sentados num canto de uma praça pública. Há um rádio ligado.

RÁDIO:
Momento informativo. O atual Prefeito desta cidade, visando a reeleição nas próximas eleições, estará organizando uma carreata a seu favor, no próximo Domingo. Por isso, não deixem de prestigiar o seu Prefeito...

Durante a fala, a imagem vai se distanciando e aparecendo ANTÔNIO, ele está de cócoras.

ANTÔNIO:
Desliguem essa porcaria, só falam bobagens.

Uma criança desliga o rádio. Antônio tira uma gaita de boca e começa a tocar. Os mendigos ficam em volta dele. Toca uma música lenta. Em seguida toca uma música mais rápido. Os outros mendigos começam a dançar. São 5 crianças, um homem e uma mulher. De repente eles param de dançar e ficam olhando do lado. Aparecem dois guardas entrando com cacetetes nas mãos. Os guardas se abaixam, um de cada lado de Antônio. Ele continua tocando. FERNANDO, um dos guardas tira-lhe a gaita. Ele continua tocando só com a boca.

FERNANDO:
Bonita Gaita. (Assopra).

ANTÔNIO:
Mas tem dono. E Eu também acho muito bonita. (pega a gaita de volta).

FERNANDO:
O senhor está pensando que a Praça é salão de baile. (pega tira-lhe a gaita)

ANTÔNIO:
Não havia pensado nisso. O senhor me deu uma boa idéia.(pega a gaita de volta)

Recomeça a tocar a gaita. Os mendigos se reanimam e começam a dançar . Fernando toma-lhe a gaita. Todos param.

FERNANDO:
Esse troço quebrado não faz barulho, não é mesmo?

ANTÔNIO:
Troço, é aquele negócio que o senhor faz de cócoras atrás de uma moita de bananeira. E depois limpa com sabugo, só pra sentir cócegas no rabo.

TADEU Está sempre rindo como um bobo. Fernando fica nervoso e agarra Antônio pelos colarinhos.

FERNANDO:
Fique o Senhor sabendo que eu sou da lei. Posso te trancar na jaula para sempre. E de lá nunca mais sair.

ANTÔNIO:
Pode não. Eu tenho meus direitos de cidadão. Quer dizer, eu acho que tenho. Pelo menos eu tinha até alguns meses atrás. Sabe como é. Nas eleições para deputado. O cara falou que eu tinha.

FERNANDO:
Será mesmo?

ANTÔNIO:
Acho que ele queria o meu voto.

FERNANDO:
Então, escondido eu posso fazer qualquer coisa.

ANTÔNIO:
Até eu. Camuflado em alguém posso até matar.

FERNANDO:
Matar? .... O Senhor tá querendo matar alguém?

ANTÔNIO:
Não disse isso.

Tadeu ri novamente. Tapando a boca.

ANTÔNIO:
O que deu nele? Ele é normal?

FERNANDO:
Muito mais do que você pensa.

ANTÔNIO:
To vendo.

FERNANDO:
O senhor sabia, que temos uma ordem para mandar a sua gente, pro raio que os partam?

TADEU:
Assinada pelo próprio Prefeito. CDC De carne e osso.

ANTÔNIO:
Quer dizer que os senhores vão nos mandar pra PQP.?

TADEU:
PQP? O que é isso?

FERNANDO:
Onde você nasceu idiota.

TADEU:
Eu nem fazia idéia de que tinha nascido num lugar de nome tão feio assim.

ANTÔNIO:
Pois é. Tal lugar, tal habitante.

TADEU:
(distraído) Eu também acho. (Voltando a si) O que? Hã, hã. Será que não dava pro senhor juntar a tropinha e nos acompanhar até o nosso meio de transporte.

ANTÔNIO:
Que transporte?

FERNANDO:
O que vai levar a sua turma para a PQP.

ANTÔNIO:
(Olhando para os dois) Porque vocês dois não vão para o RQP?

TADEU:
Essa é nova, o que quer dizer isso?

ANTÔNIO:
Os Raios que os partam? (Levanta-se)

Os dois pegam Antônio, um de cada lado. Levantam-se juntos. Olham firme para Antônio.

FERNANDO:
Essa fala é nossa. E já foi dita. Que coisa feia! Copiando os outros. Isso é plágio.

TADEU:
Parece aqueles caras que querem fazer filmes por aí, não sabem o que fazer, então copiam os outros. Faz sem roteiros e dizem que é uma obra de arte. Obra eu sei que é, mas de arte?

FERNANDO:
Há não ser que merda, agora é arte.

ANTÔNIO:
Esse prefeito maldito merece uma bala, bem no meio da cara. Porque é que ele não tira a família, que está inteirinha enfiada na Prefeitura comendo dos nossos impostos.?

FERNANDO:
Calma, cuidado com que fala. Esse é um ano político, e ele é candidato para a reeleição.

ANTÔNIO:
Pois devia morrer. É um boneco na mão dos poderosos. Como não pode dominar os grandes, judia dos pequenos. (acalma-se) Nem sei porque estou reclamando. O país todo é assim.
FERNANDO:
E além do mais, isso é um problema particular dele. Não é problema meu. Vamos embora.

ANTÔNIO:
Minha Gente, vamos. Os moços aqui vão nos dar uma caroninha, para bem longe dessa cidade.

Eles saem andando. Eles entram numa combi bem velha. Dão a partida. Sai fumaça pra todo lado. Depois um estouro. A combi sai andando.

SEQ. 3: EXT. – MEIO DE UM MATAGAL – DIA.

Dentro da combi.

FERNANDO:
Acho que aqui está bem.

Estão perto de um rio. Local abandonado.

TADEU:
Concordo plenamente.

CORTE:

Fora da combi. O motor da combi dá um estouro, eles param. FERNANDO Sai do volante, passa pela frente da combi, dá uma caceteada no pneu, fala aos mendigos.

FERNANDO:
Aqui vocês estarão bem. Terão todo céu como teto, e muita liberdade. O sonho de todo condenado.

Todos começam a descer.

ANTÔNIO:
Nós não somos condenados.

FERNANDO:
Pela justiça, mas pelo resto do mundo...

Tadeu Fecha a porta do meio, prende o dedo, grita.

TADEU:
Ai. (sentindo dores, mas tentando disfarçar) E não darão mais trabalhos ao nosso Prefeitinho. (vira-se do lado) Merda, merda, merda, merda. (chupa o dedo)Que bosta!

ANTÔNIO:
Esse seu prefeitinho não vai viver por muito tempo, se continuar praticando essas barbaridades com o seu semelhante. Homem insensível.

FERNANDO:
Bem, a nossa tarefa está cumprida, vamos embora.

TADEU:
É claro.

Entra pela porta da frente da combi.

FERNANDO Passa esbarrando em Antônio, entra pela outra porta, liga o motor.

TADEU:
Tchalzinho.

Os dois saem com a combi.

ANTÔNIO:
Gente a nossa vida sempre foi assim, e sempre nos conformamos com isso. Sabem porque? Porque Somos o lixo da sociedade. Somos os ratos dos esgotos. Somos a podridão da nobreza. Somos o sinônimo da fraqueza. Mas se não fosse a nossa existência, como existiriam os ricos? Infelizmente é assim que caminha a humanidade. (pausa) O que é daqueles dois está guardado, tomara que aquela porcaria expluda pelo caminho.

Antônio Começa a tocar a gaita. Acontece uma explosão ao longe. Todos se assustam.

ANTÔNIO:
(para de tocar a gaita) Que boca a minha hein? Acho que falei demais.

SEQ. 4: EXT./RUA/DIA.

Cena a beira de um muro baixo. Uma cigana está lendo a mão de alguém. Esse alguém sai e ela senta-se fazendo trejeitos. Começa então a ouvir um tocado de gaita. O tocador toca muito mal. Ela põe a mão nos ouvidos. Passa um carro anunciando o candidato a Prefeito Zebrão. É um carro velho, com uma zebra bem grande sobre ele, feito de madeira.
A cena com o carro pode ser marionete ou recortes.

CARRO DE SOM:
Votem em mim para prefeito. Não sou racista. Pois tenho o preto e o branco na minha cor, dividindo meio a meio, e nunca deu briga. Tenho 4 patas e não sou burro. Tenho orelhas pequenas pelo meu tamanho, mas ouço longe. Zebrão, é o nome certo para Prefeito nessa Eleição.

O carro passa. A cigana olha o carro e diz...

CIGANA:
Esse coitado é um Zebrão mesmo, nem sabe o que espera.

A cigana começa a ouvir a gaita novamente. Ela levanta-se. O homem que tocava gaita também levanta-se, tocando a gaita. Os dois se olham, ela do lado de fora do muro e ele do lado de dentro. Ela assusta-se. Ele está de capuz. A cigana se abaixa rapidinho. Fazendo sinal da cruz. O homem também se abaixa. Surge então a carreata. (recortes) Muitos carros, todos fazendo um buzinaço. O Prefeito da cidade está sobre um carro aberto, acena às pessoas. O povo grita. Pode ser foto do prefeito acenando .
CORNETA:
Está passando nessa avenida o homem que mudou a história dessa cidade, e que continuará mudando. Só ele fez, está fazendo e fará muito mais. Ele é um homem do povo, que conhece os problemas de sua gente.

O prefeito continua acenando. Durante a passagem do Prefeito, a cigana joga beijos para o Prefeito. O prefeito retribui. Ela pega os beijos no ar e os coloca nos seios. O homem da gaita se levanta e atira no Prefeito. A arma está com silenciador. A cigana que estava no chão, olha para cima e vê o homem guardando a arma e saindo correndo. Ela se levanta. Começa a gritar.

CIGANA:
Foi o tocador de gaita, foi o tocador de gaita, eu vi, foi o tocador de gaita. Ele correu para lá, pequem ele. (calma sentando-se e os homens passando correndo) Foi o tocador de gaitas...

Alguns homens passam pela cigana e pulam o muro. Ela fica apavorada. Põe a mão na cabeça e senta-se.

SEQ. 5: EXT./ EMBAIXO DE UMA ÁRVORE/ DIA.

Os mendigos estão cochilando embaixo de uma árvore. Uma mulher cata piolhos na cabeça em uma criança. Um outro pesca no rio. Antônio toca a sua Gaita. É uma música Triste. Ele está de cócoras. Encosta uma viatura de polícia. Saem dois policiais do carro e vão em direção a Antônio.

ANTÔNIO:
(Parando de tocar) Boa tarde policiais? O que aconteceu agora?

POLICIAL:
O Senhor é o tocador de Gaita?

ANTÔNIO:
Não. Sou um tocador de Gaita, que música gostaria de ouvir?

POLICIAL:
(colocando as algemas em Antônio) Essa. O senhor tem direito a um advogado. Se não puder pagar o estado lhe fornecerá um gratuitamente. Permanecerá calado. Pois tudo o que disser poderá ser usado contra o Senhor no tribunal.

Os outros mendigos ao verem Antônio sendo levados, ficam amedrontados e se encostam uns nos outros. Antônio apenas faz sinal para que eles fiquem em paz. Jogam Antônio dentro do Camburão.

POLICIAL:
O Senhor será Julgado imediatamente, por um jure popular, acusado do assassinato do Sr. Prefeito.

ANTÔNIO:
(na porta do camburão) Então quer dizer que fizeram os figos dele, foi? Ele mereceu seu Policial. Mas não foi eu.

Fecham a porta de trás do camburão. Entram no carro e saem. Os outros mendigos se aproximam da estrada e ficam olhando o carro partir.

SEQ. 6: INT./TRIBUNAL/DIA.

Do lado de fora do Teatro um homem com um mega fone nas mãos convida as pessoas para assistirem o julgamento.

HOMEM:
Senhoras e Senhores. Não percam grande julgamento do acusado da morte do Sr. Prefeito.

Ninguém aparece.


HOMEM:
Chi, se depender do povo... Se ele tivesse que ser candidato novamente, tava ferrado. Nem para ver o Julgamento o povo comparece. Acho que o povo está aprendendo a pensar.

Corte:

No lado de dentro de teatro, Acontece o julgamento do acusado pela morte do Prefeito, o mendigo Antônio. Há apenas vinte lugares para platéia. Muita luz. As luzes nos holofotes estão expostas. Luzes brancas de todos os lados. Entram os mendigos amigos de Antônio pelo cenário vazio. Estão com medo. Sentam-se nas cadeiras. Em narração as pessoas vão entrando.

MICROFONE:
Com vocês os jurados.

Entram os jurados em grupo, e sentam-se. Estão todos vestidos iguais. Óculos, etc. No meio do palco eles fazem um pequeno número de dança em coreografia. ( KAN KAN) Os mendigos aplaudem.

MICROFONE:
E agora, a advogada de defesa.

Todos aplaudem. Ela entra e senta-se a mesa, onde vemos sobre ela uma plaqueta que diz Advogada. Está bem vestida. Cruza as pernas e as pessoas acompanham com corpo a cruzada de perna. Ela faz sinal para soltarem uma música, e ela dança um na ponta do pé. Tirando as roupas, em seguida ela pega as roupas e começa a se arrumar.

MICROFONE:
Sem demoras o Senhor Promotor Público.

Entra meio atordoado, como se estivesse com muita pressa. Senta-se no colo da Advogada. Ao descobrir a gafe, se levanta e vai para o seu lado. Senta-se à mesa do outro lado, onde vemos a placa, Promotor.

MICROFONE:
Não podíamos esquecer o Réu. Aquele que teve a coragem, ou seja a displicência de dar um tiro bem no meio do peito cabeludo do Sr. Doutor Prefeito dessa Maravilhosa cidade chamada.

TODOS:
Cala a boca.

Dois Policiais o trazem, ele senta-se meio de lado. Entre o Juiz e a Advogada. Os mendigos gritam seu nome várias vezes.

MENDIGOS:
Antônio, Antônio, Antônio.

MICROFONE:
E agora para dar início a esse Julgamento, O Senhor Juiz da FIFA que é membro da confederação Brasileira de contadores de Piadas..

Todos os Presentes se levantam. O Juiz entra. O juiz senta-se. Todos sentam-se. O Juiz levanta-se rapidinho. Todos levantam-se também. Ele volta a sentar, mas no meio do caminho desiste e se levanta. Uns sentam-se, outros voltam da metade do caminho, e ficam de pé. O Juiz mostra ter um tic nervoso.

JUIZ:
Posso contar uma?

Ficam todos calados. Ele levanta o óculos. Senta-se. Todos sentam-se.

JUIZ:
Estamos aqui para julgar Antônio Jacobino da Cunha Pinto. Pelo assassinato do Senhor Prefeito Municipal dessa cidade.

ANTÔNIO:
(Gritando) Eu não matei ninguém.

JUIZ:
(Bravo) Calado. (Se disfarça) O senhor só se pronunciará quando for solicitado.

ANTÔNIO:
Sim Senhor.

JUIZ:
Será que eu podia contar uma?

Ficam todos mudos.

JUIZ:
Então pausa para tirar ranho do nariz.

Todos começam a tirar ranho do nariz. O Juiz tira uma tira de pano de uns três metros de dentro do nariz. Todos ficam assustados.

JUIZ:
Hã, hã. Com a palavra o Senhor Promotor de Justiça dessa comarca para a sua explanação inicial.

O promotor levanta-se, e dirige-se até o meio. Olha para o quadro que enfeita o julgamento, é do Papa. Faz o sinal da Cruz. Olha para outro. É uma mãe de santo. Faz reverência dançando uma batida de tambores.

PROMOTOR:
Meritíssimo Juiz de Direito.

JUIZ:
Prazer, Teobaldo Feliciano.

PROMOTOR:
Genovevo Pinto.( vira-se para a advogada) Senhora advogada de defesa, membros do júri e mendigos convidados. É com muita tristeza na alma que lhes dirijo a palavra. Com muita tristeza sim, porque a vítima era um amigo pessoal. Um bom pai, um ótimo marido.

Mostrar a VIÚVA do Prefeito que está na platéia. Ela está de luto. Chora muito.

PROMOTOR:
E acima de tudo o melhor prefeito que essa cidade já teve. Com a morte dele, não só a família está de luto mas toda uma população que o adorava. E que por uma vingança absurda, o coitado perdeu a vida pelas mãos de um mendigo tocador de Gaita. Senhores, esse tipo de gente enferruja a nossa sociedade, faz apodrecer os laços da família brasileira. Olhem, lá na platéia. Vejam a diferença. De uma pessoa decente e um maltrapilho desses, sem destino e sem vergonha.

Todos olham para a viúva. Os mendigos olham para roupa dela depois para a deles. Ela abaixa a cabeça.

PROMOTOR:
Mas continuam por aí, soltos... Deveriam estar todos presos, trancados, e com as chaves jogadas na boca de um tubarão.

ADVOGADA:
Protesto Meritíssimo. Estamos aqui para julgar um crime e não um preconceito ridículo de um homem que se diz ser da lei.

JUIZ:
Sr. Promotor abasta-se em proferir apenas sobre o crime.

PROMOTOR:
Continuando... Esse homem que aqui está. Assassinou o nosso Prefeito cruelmente com um tiro no peito. Porque senhores Jurados? Porque?

TODOS OS JURADOS:
( um de cada vez, a câmera passeia) Porque?

JUIZ:
Porque?

RÉU:
Porque?

ADVOGADA:
Porque?

PROMOTOR:
Porque o Prefeito não queria essa raça imunda sujando a nossa cidade. Por isso, sem mais delongas, peço a pena máxima para esse seresteiro desconhecido.

Boxichos na platéia.

JUIZ:
(Batendo o martelo) Será que eu posso contar uma agora?

TODOS:
Não.

JUIZ:
Então pausa para cuspir.

Todos cospem em um balde que um ajudante passa para todos cuspirem. Enchem o balde.
O Ajudante lava a mão no balde.

JUIZ:
Com a palavra a Senhora Advogada de defesa.

ADVOGADA:
Meritíssimo Sr. Juiz de Direito, senhor Promotor de Justiça e membros do Jure. Porque será que podem haver duas opiniões tão diferentes a respeito de uma mesma pessoa. Olhando, aqui com mais profundidade nos olhos desse ser humano, o que eu vejo senhores jurados? O que eu vejo Senhor Juiz?

Antônio pisca os olhos várias vezes. O Sr. Juiz fica prestando a atenção.

JUIZ:
Remela? Dor de olho? Sujeira?

ADVOGADA:
Vejo um homem simples, honesto, e acima de tudo, de um coração tamanho. A sensibilidade aflora em sua pele, jorrando sentimentos no olhar. Como que uma pessoa assim, pai de família, amigo de todos, praticaria um crime tão brutal como esse. E como bem disse o Senhor Promotor, sobre “essa raça”.

O promotor levanta-se e levanta os braços para todos como que se estivesse se apresentando. Faz sinal de apertar as mãos para a Advogada. Apertando as suas duas mãos, uma na outra.

JUIZ:
Deixa de Frescura Senhor Promotor. E abaixa esses braços, porque o mal cheiro está chegando aqui.

O promotor senta-se rapidinho. Pegando um desodorante no bolso e passando nas axilas.
Começa a folhear um livro que está escrito. “EDUCAÇÃO SEXUAL PARA INICIANTES”. A advogada vê de longe e fica encabulada, volta ao julgamento.

ADVOGADA:
Lhe garanto Sr. Juiz, e garanto a todos aqui presentes. A raça dele é a mesma de qualquer um de nós. Portanto, ele também tem sentimentos, tem virtudes e respeita seu semelhante. Uma palavra de desabafo não mata ninguém, o que mata é o preconceito generalizado. Que transformam pensamentos em ações e mortes.

Aqui todos começam a ter sono. Começam a cochilar. Tapar a boca com as mãos. O Juiz despenca da Cadeira e cai para trás no final da fala seguinte.

ADVOGADA:
Peço a absolvição de Antônio, pelo crime que não cometeu, do Senhor Prefeito.

Aqui o Juiz cai para trás. Depois se levanta colocando os óculos.

JUIZ:
Será que eu posso contar uma agora?

TODOS:
(GRITAM) Não.

JUIZ:
Então Pausa para dar um pum.

Todos começam a soltar pum no mesmo instante. Puns lentos. Puns rápidos. Os puns vão parando. Até que cessam. De repente, ouve-se um pum forte. Todos põe a mão no nariz.

TODOS:
( em coro) Que porquice!

JUIZ:
(levantando a mão) Desculpem, escapou.

PROMOTOR:
Que saúde em Companheiro.! (solta um)

ANTÔNIO:
Eu queria falar. (solta um pum)

JUIZ:
Diga apenas dez palavras e pronto. Agora sem pum.

ANTÔNIO:
Eu,


JUIZ:
Uma.

ANTÔNIO:
Não,

JUIZ:
Duas.

ANTÔNIO:
Matei,

JUIZ:
Três.

ANTÔNIO:
Ninguém.

TODOS:
Quatro.

ANTÔNIO:
(fala rápido) Nunca tive uma arma sou inocente.

TODOS:
(Rápido) 5, 6 , 7, 8, 9, 10.

JUIZ:
Pronto, já disse. Senta-se. Vamos chamar a primeira Testemunha do caso.

MICROFONE:
Com vocês a Cigana Soraya.

Música de ciganos. Ela entra dançando uma dança do ventre. Todos começam a dançar também. O Juiz sente dores nas costas, e todos dançam como o Juiz achando que é uma coreografia diferente. A música para. Soraya se encaminha até a cadeira de testemunhas.
Senta-se e levanta-se rapidinho.

SORAYA:
Ai.

JUIZ:
O que foi?

SORAYA:
Aqui tem um prego de ponta para cima.

JUIZ:
Chi, então eles pregaram o danado do lado contrário. (grita) Marceneiros...

Ao som de uma música em ritmo marcha, entram dois carpinteiros malucos. Entram um de cada lado, muito apressados. Trombam no meio do palco. Caem, se olham, e vão bater o prego. Ao final sopram o martelo como pistoleiros. Todos aplaudem. Eles saem. Soraya senta-se.

JUIZ:
A senhora jura dizer a verdade, somente a verdade?


SORAYA:
Claro, acha que eu sou besta?

PROMOTOR:
Senhora Soraya, Cigana e cartomante. (se abaixa perto dela) Seria possível prever o futuro desse julgamento?

SORAYA:
Sim.

PROMOTOR:
Oba, e qual é?

SORAYA:
Mas não posso dizer.

PROMOTOR:
O que a senhora fazia no momento exato do crime?

SORAYA:
Eu.

PROMOTOR:
Sim senhora, há mais alguma cigana aqui?

SORAYA:
Isso é pergunta que se faça a uma dama?

PROMOTOR:
Mas nós todos aqui precisamos saber.

SORAYA:
Bem, minutos antes eu estava... Eu tenho que dizer mesmo?

PROMOTOR:
Precisamos saber da resposta quentinha.

SORAYA:
Porque o Senhor não entra dentro do vaso sanitário, pra ver a resposta vir quentinha de cima.

PROMOTOR:
A senhora que me respeite. Posso mandar prendê-la por desacato a autoridade.

SORAYA:
FOI Senhor que pediu.

PROMOTOR:
Continue falando, sem bobagens é claro.

SORAYA:
Eu tinha acabado de fazer aquilo, que eu já falei. Mas estava louca pra fazer de novo. Era um local assim, aberto. Cheio de gente. Atrás de mim tinha um muro, mas atrás do muro...

PROMOTOR:
Atrás do muro...

TODOS:
Atrás do muro...

SORAYA:
Tinha um sujeito tocando uma gaita. Mas o infeliz tocava tão desafinado, que estava duro de agüentar viu seu Promotor. Acho que era por isso que a minha barriga desandou.

PROMOTOR:
Por um acaso a senhora consegue ver esse tocador de gaita aqui no tribunal?

SORAYA:
Não Senhor.

PROMOTOR:
Como não? A senhora não disse que era um tocador de gaita.?

SORAYA:
Disse.

PROMOTOR:
Então?


SORAYA:
Então o que?

PROMOTOR:
O homem está na sua frente.

SORAYA:
É esse aí? Puxa, o Senhor toca mal heim?

ADVOGADA:
Peço a palavra Senhor Juiz?

JUIZ:
Pois não, concedida.

PROMOTOR:
Senhor Juiz, ainda não terminei.

JUIZ:
Termine lá no banheiro.

PROMOTOR:
Sim Senhor. (Sai desabotoando a calça.)

ADVOGADA:
A Senhora não o reconheceu?

SORAYA:
Como? O tal tocador de gaita que matou o Prefeito tinha o rosto coberto com um capuz...

ADVOGADA:
Obrigada Meritíssimo, só isso.


JUIZ:
Continue Senhor Promotor. (Não o vê)

PROMOTOR:
(entrando) Agora já terminei.

JUIZ:
A senhora está dispensada.

Soraya Sai do tribunal.

JUIZ:
Vocês vão me deixar contar uma agora?

TODOS:
Não.

JUIZ:
Então pausa para encher balão.

Todos os presentes tiram um balão do bolso (bexiga), e enchem até estourar.

JUIZ:
Pode entrar a Segunda testemunha.

TADEU:
(entrando) Pensaram que eu ia participar só aquele pouquinho no começo? Se enganaram, estou aqui traveis.

JUIZ:
O Senhor jura dizer...

TADEU:
Esqueça isso senhor Juiz, o senhor sabe que eu vou dizer a verdade.

JUIZ:
Com a palavra o Senhor Promotor.


PROMOTOR:
O que foi que o senhor viu no dia do crime?

TADEU:
Chi seu Promotor, vi um montão de coisas. De manhã quando abri os olhos, vi a minha mulher com a aquela cara de bruxa tentando me tirar da cama a força. Ela não sabia que era meu dia de folga.

PROMOTOR:
Eu quero saber o que foi que o senhor viu, a respeito do crime seu guarda municipal?

TADEU:
Há, Mais tarde... isso?

PROMOTOR:
Isso mesmo.

Nesse instante entra um som em off, dizendo Tadeu com muito eco. Como se ele tivesse feito um gol.

TADEU:
Obrigado. Bem, naquele dia eu estava de folga. Fiquei lá na minha casa de papos pro ar. Com uma mão coçando um bichinho de pé, e a outra coçando o meu sa...

PROMOTOR:
(bravo) Senhor Tadeu... veja o que vai falar.

TADEU:
Calma Senhor Promotor, eu apenas coçava o sapato.

PROMOTOR:
( bravo) Fale algo que viu sobre o assassino, seu bu-.


TADEU:
(cínico) Senhor Promotor, veja o que vai falar.

PROMOTOR:
Assim não dá. Estou perdendo a paciência.

TADEU:
Continuando... Um dia antes do crime, eu e o meu parceiro FERNANDO, fomos designados pelo então Senhor Prefeito para expulsar da cidade um grupo de mendigos que teimavam em ficar sujando a praça. Ao chegar lá, o Senhor Antônio aí, ficou muito nervoso, e disse que a coisa não ia ficar daquele jeito..

PROMOTOR:
Praticamente disse que mataria o Prefeito?

TADEU:
Eu não disse isso.

ADVOGADA:
Protesto meritíssimo.

JUIZ:
Concedido.

ADVOGADA:
O Senhor Promotor está colocando palavras na boca da testemunha. Coisas que ele não ouviu

TADEU:
Ninguém está colocando nada na minha boca não. Estão pensando que eu sou o quê? Eu sou muito macho. Macho com X maiúsculo

JUIZ:
Limite-se senhor Promotor. E quanto ao que o Senhor coloca na boca é problema só seu.


TADEU:
(veado) É mesmo é? Que legal!... Hã, hã.

PROMOTOR:
Já terminei com a testemunha.

ADVOGADA:
Sr. Tadeu, é esse o seu nome, não é?

TADEU:
Sim, porque? Está achando feio?

ADVOGADA:
Eu não disse nada, não pensei nada, e não acho nada.

TADEU:
Puxa, o meu nome é tão insignificante assim?

ANTÔNIO:
Escutem uma coisa, será que vão acabar com essa porcaria ou não. Eu já estou ficando enjoado.

Todos tiram um saco de plástico do bolso e levam correndo até ele. Fazem um alvoroço no tribunal. Caem uns sobre os outros. Todos querendo ajudar Antônio. Jogam todos os sacos plásticos sobre a cabeça dele.

JUIZ:
O senhor pode ficar a vontade.

ANTÔNIO:
Estou impressionado.

ADVOGADA:
O Senhor então não afirma que foi o Antônio que matou o Senhor Prefeito?

TADEU:
Claro que não, eu não vi o crime. Acha que eu sou doido? Eu hein? Tenho família, amigos, um cachorrinho, um periquito até uma cobrinha de estimação.

ADVOGADA:
(brava) Chega. Para mim é só Senhor Juiz.

JUIZ:
Está dispensado Senhor Tadeu.

TADEU:
(olhando para Antônio) Tchalzinho. (sai).

Ficam todos observando o seu jeito meio esquisito.

JUIZ:
E agora, será que eu posso contar aquela?

TODOS:
Não.

JUIZ:
Então pausa para coçar o saco.

Todos coçam o saco, a advogada chupa o dedo.

JUIZ:
Pode entrar a última testemunha. Puxa até que enfim esse negócio está acabando. Temos que achar o culpado antes das cinco, hoje tem jogo da Seleção dos Pernas de pau. Jogo que eu infelizmente tenho que apitar.

TODOS:
Ladrão.

Entra FERNANDO, sério, senta-se.

JUIZ:
O senhor promete dizer a verdade.

FERNANDO:
(sério) Me poupe Senhor Juiz. Eu queria estar com o crédito que o Senhor tem na praça. Ladrão.

JUIZ:
Me desculpe.

Senta-se envergonhado.

PROMOTOR:
O que o senhor tem a nos dizer?

FERNANDO:
Que eu vi esse tocador de gaitas matando o Senhor Prefeito.

PROMOTOR:
É só Meritíssimo. Senhores Jurados, querida platéia. Será que precisam de mais alguma coisa? O caso está encerrado. Antônio é o Assassino. Matou o nosso Prefeito com oito tiros certeiros. Todos no peito. Foi uma coisa horrível... Cadeira elétrica para ele. Forca, Injeção letal, qualquer coisa. Mas matem ele.

JUIZ:
Menos Senhor Promotor. Menos.

PROMOTOR:
Cadeira elétrica já ta bom.

JUIZ:
Menos. Muito menos.

PROMOTOR:
Prisão perpétua.

JUIZ:
Menos. O senhor não se enxerga? Estamos no Brasil.

O dois ajudantes entram gritando:


AJUDANTES:
Oba. (entram distribuindo Pizza para todo mundo ao som de uma tarantela.)

JUIZ:
Ainda não acabou seus imbecis.

Silêncio total na platéia.

PROMOTOR:
Já que estamos no Brasil. Ele merece a pena máxima.

A platéia se apavora. Há um princípio de tumulto, muita falação. Gente jogando aviãozinho, bolinhas de papel etc.

JUIZ:
Silêncio. Silêncio.

O tumulto continua. FERNANDO saca de um revólver e atira para o alto. Todos se calam.
Silêncio total. Não ouve-se um pio. Alguém se mexe na cadeira, ouve-se de longe.

ANTÔNIO:
Eu não matei ninguém. A senhora não vai fazer nada dona Advogada?

JUIZ:
Sua vez, estamos aguardando. Não decepcione.

ADVOGADA:
Muito bem Senhor Fernando. Mais conhecido pelo alcunha de Fedeu. Fudeu, fodeu, sei lá. O que o Senhor fazia no dia do crime?

FERNANDO:
Eu estava de serviço.

ADVOGADA:
Como que o Senhor estava de serviço, se o seu parceiro acabou de nos dizer que estava em (empolgada) casa. E pelo que eu sei. Parceiros trabalham juntos. A menos que o Senhor também coçava o sa...

Todos ficam atentos

ADVOGADA:
O sapato e o bicho de pé.?

FERNANDO:
Bem, eu não me lembro direito.

ADVOGADA:
Como não? Não se lembra ou não quer nos dizer? O crime aconteceu a apenas três dias? O senhor não se lembra, sabe porque? Vossa Senhoria estava de folga, mas não foi encontrado em casa como disse sua companheira. Onde o senhor estava no momento do crime?

FERNANDO:
Eu sei lá. Eu pego aquela desgraçada.

PROMOTOR:
Protesto Meritíssimo.

JUIZ:
Concedido.

PROMOTOR:
O senhor Fernando é apenas uma testemunha e não o acusado pelo crime.

ADVOGADA:
Muito bem, farei outras perguntas, o senhor sabe tocar Gaitas?

FERNANDO:
Porque essa pergunta?

JUIZ:
Responda à moça mal educado. Não te deram educação não?

FERNANDO:
Muito mal.

ADVOGADA:
O senhor tem uma gaita?

FERNANDO:
Não. Faz três anos que eu não tenho uma.


ADVOGADA:
Possui sim. Comprou na manhã do dia do crime.

ANTÔNIO:
Como?

ADVOGADA:
Sr. Juiz, peço que permita a entrada de uma pessoa nesse recinto, e que traga um documento muito importante para esse caso.

JUIZ:
Concedido.

PROMOTOR:
Mas isso não consta nos autos do processo.

ADVOGADA:
Mas agora consta.

TADEU:
(travestido de gay, entra rebolando) U lalá. Voltei de volta. Vou virar astro se o diretor continuar me dando chances desse jeito. Brigado diretor. Ele tá ali. (mostrar o diretor e do set de filmagem) Legal não é gente isso é demais.

Entrega um papel para a advogada.

FERNANDO:
Tadeu você é gay? Desmunheca? Cede a cauda. Agasalha o pepino?

TADEU:
Porque não lindo. Olha você tem que experimentar. Fofo. (mascando chicletes, fala ao Juiz) Vovô, será que eu poderia falar uma coisinha?

JUIZ:
Fique a vontade menina, desabroche.

TADEU:
O meu amiguinho Antônio...

ANTÔNIO:
Amiguinho?

TADEU:
Calma amor. Olha gente. Ele não pode ser o criminoso. Eu sei que ele não é.

ADVOGADA:
Como você sabe que ele não é o culpado?

Todos o olham interessados.

TADEU:
É que no momento do crime eu segurava a sua...

Ficam todos de boca aberta olhando-o fixamente. Espanto geral.

TADEU:
Antoniozinho tomava banho, peladinho... Peladinho não. Pelado, quer dizer. Peladão mesmo. Lá na represa. Nossa que loucura.

ANTÔNIO:
Como você sabe disso? Não me comprometa hein?


TADEU:
Eu segurava a sua roupinha. Eu estava escondido menino. Espiando tudo. Eu vi tudo. Tudinho mesmo. E tirei umas fotografias...

ANTÔNIO:
Fotografias? Ai meu Deus! Já to na boca do povo.

TADEU:
Na boca do povo não querido. Só na minha. Não sei porque essa cara de reprovação, você ficou tão... tão... perfeito.

FERNANDO:
Escuta aqui, essa boiolagem vai continuar por muito tempo?

ADVOGADA:
Isso está ficando interessante, Senhor Fernando. Acalma-se.

TADEU:
Dona Advogada, o que a Senhora acha? Olha... (mostra as fotos)

A ADVOGADA pega as fotos e fica olhando.

ADVOGADA:
Grande. Muito grande. Grandioso. Nossa como é grande.

Ela percebe que está falando demais e se disfarça dizendo:

ADVOGADA:
Han, han. Como é grande a mancha que ele tem na parte de cima da... do bum bum.

JUIZ:
Han, han.

ADVOGADA:
Empolgação Meritíssimo, empolgação. O Senhor é casado Sr. Antônio?

JUIZ:
Há, eu também quero ver.

TODOS:
(EM CORO) Também queremos. (repetem)

Levanta-se e ameaçam irem até a Advogada, o Sr. Juiz bate com o martelo.

JUIZ:
Ordem nessa Zorra. Quer dizer, Ordem no Tribunal.

TADEU:
Nossa, isso é um sonho. Poder ajudar um amiguinho.

ANTÔNIO:
Que fique registrado nos autos. Que eu não sou amiguinho desse daí. Amiguinho... essa é boa.

JUIZ:
A menina pode sair.

TADEU:
Obrigadinha Meritíssimo, obrigadinha.

Sai jogando beijinhos para Antônio, e rebolando muito.

ADVOGADA:
(Séria) Tenho aqui em minhas mãos uma nota Fiscal, onde está descriminado a compra de uma gaita de boca, tendo como consumidor o Sr. FERNANDO DE TAL... Datada do dia do crime. Mais precisamente, pela manhã. O computador não esqueceu esse detalhe.


FERNANDO:
É que...

ADVOGADA:
Quem teria interesse realmente em assassinar o Sr. Prefeito. Se não o candidato oposicionista Senhores Jurados?..

PROMOTOR:
(Forte) Agora a Senhora está fazendo uma acusação muito forte e desvirtuando esse julgamento.


ADVOGADA:
(Mais forte) Porque? O senhor também faz parte da folha de pagamento desse sujeito? Que é candidato a Prefeito?

PROMOTOR:
(Exaltado) A Senhora está me acusando de Corrupção?

Juiz, Atira com uma arma para cima, depois entrega ao Policial.

JUIZ:
Obrigado pela arma Policial

Todos se calam, o Sr. Juiz Continua.

JUIZ:
Ordem no Tribunal.

ADVOGADA:
Eu gostaria de fazer uma última pergunta à testemunha. Por favor, diga para nós o seu nome completo.

FERNANDO:
Fernando Dos Santos Maximino.


TODOS:
Maximino.

ADVOGADA:
Qual o nome do candidato de oposição?

TODOS:
Maximino.

ADVOGADA:
José Tobias dos Santos Maximino. Esse sujeito que aí está é irmão do outro candidato. É um matador profissional, formando na Bandidagem do Nordeste Brasileiro, e estava contratado pelo irmão para matar o Sr. Prefeito, seu único adversário.

FERNANDO:
Muito bem. Ótimo Senhora advogada.

Todos ficam abismados fazendo caras e bocas.

FERNANDO:
Já que descobriram parte da história, vou poupar trabalhos para descobrirem o resto.

JUIZ:
Tô gostando disso...

ESPOSA DO PREFEITO:
Tudo o que ele disser aí nesse tribunal é calúnia. (Da platéia).

TODOS:
Ó, ó,ó,ó,ó.

PREFEITO:
(entrando) Quem foi então?

FERNANDO:
Prefeito?

TODOS:
Ó, ó, ó, ó, ó.

CORNETA:
E ele não morreu...

JUIZ:
Isso aqui está melhorando.

ESPOSA:
Meu amor...

FERNANDO:
Foi a primeira ...

ESPOSA DO PREFEITO:
(Com uma arma nas mãos) Se abrir a boca, eu te mato.

Os seguranças do tribunal seguram a Esposa do Prefeito.

FERNANDO:
Ela dizia que estava com nojo do Marido, que ele fedia como gambá. Não gostava de tomar banho.

O Prefeito cheira-se.

FERNANDO:
Que ele não fazia mais aquilo...

TODOS:
Há, há, há, há.

FERNANDO:
Por isso resolveu me contratar. Ele tinha que morrer antes de eleição, para não ter o gosto de ser eleito novamente. Mas deixar incriminar o meu irmão, não poderia.

JUIZ:
Prendam esse safado, e levem junto com a Primeira Dama para o Xadrez.

PREFEITO:
(TOM DE DISCURSO) Meritíssimo, Sr. Promotor do caso, Senhora Advogada de defesa, Senhores Jurados. Há alguns meses descobri uma conspiração contra minha vida. Por isso, contratei alguns atores de teatro amador, e juntos armamos uma cilada. Desconfiávamos desse Sr. Fernando, mas não tínhamos certeza. Botei colete à prova de balas e organizamos o desfile. Elaboramos a encenação desse julgamento para podermos descobrir o Verdadeiro Assassino e seu mandante.
Gente isso daqui, não é um tribunal.

Abre-se as cortinas do fundo, aparecem as cadeiras de um teatro.

PREFEITO:
E todos aqui são atores. E você minha Traidora esposa, foi a palhaça da história, junto com esse matador.

JUIZ:
Agora posso contar aquela?

TODOS:
Pode.

JUIZ:
Bem, é que... Xi, me esqueci.

Antônio tira uma gaita e começa a tocar, todos dançam no balanço da música. Mostrar os atores tirando a maquiagem nos camarins, durante os créditos finais ao som da música.

FIM.
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