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Artigos-->A destruição da classe média -- 23/04/2004 - 17:47 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A destruição da classe média



Stephen Kanitz



Segundo Antonio Gramsci, grande pensador político italiano, o Brasil não dá certo porque nossas elites são retrógradas e anacrônicas, por isto precisam ser substituídas por uma outra elite mais moderna. Só que infelizmente, ou felizmente, no mundo moderno de hoje, precisamos de muito mais do que uma elite de 10 a 1000 pessoas para mudar um país. Hoje é necessária a participação de milhões de cidadãos atuantes, que se distinguem dos demais pela suas pequenas lideranças, pelas suas pequenas iniciativas, nas suas pequenas comunidades. Líderes que orientam e organizam a população de excluídos no corpo a corpo e não somente na teoria.



São aqueles que mostram o caminho não pelas suas idéias, mas pelos seus exemplos. São aqueles que chamamos de classe média, os gerentes, os supervisores, os administradores, os pequenos e médios empresários, os juízes, os advogados, os médicos, os funcionários públicos, os profissionais liberais e os professores universitários. É a classe média que gera emprego, que cria valor, razão pela qual são sempre os mais tributados pela classe dominante. É a classe média que ensina os segredos do negócio aos seus 10 a 50 funcionários, muitos dos quais acabam montando negócios concorrentes. Pobre não aprende de rico nem de intelectual. Pobre emula a classe mais próxima, aquela que ainda lembra como era ser pobre, e conseguiu sair dela criando valor.



Só que no Brasil, a classe média está sendo sistematicamente destruída, de forma deliberada. Ela foi sempre vista como uma ameaça pela direita. A direita brasileira sempre viu a classe média "ascendente" como um perigo a ser extirpado, uma ameaça ao "status quo". Foi ela que destruiu o feudalismo, as monarquias absolutas, lutou contra a escravidão dos negros, coisas que a direita sempre apoiou. A classe média é combatida também pela esquerda, que a considera a grande inimiga, a chamada "burguesia", com seus valores ridicularizados de "pequenos". Valores como disciplina, poupança, sexo com amor, trabalho, sacrifício em prol da família e religião.



A revolução russa executou praticamente toda a sua classe média em 1917 e nos anos seguintes. Mataram os administradores de empresas, os gerentes de divisão e os supervisores de seção considerados lacaios do capitalismo. Mandaram para a Sibéria os contadores e os auditores, externos e internos, considerados espiões dos capitalistas. Não é por acaso que agora a Rússia é um país repleto de corrupção, por falta de auditores. É um país que não decola porque não possui mais aquela antiga classe média.



Ao contrário do que se pensa, a direita e a esquerda freqüentemente se unem uma vez no poder, e a classe média é sempre a grande vítima. A começar com a classe média de funcionários públicos, hoje pauperizada depois de dez anos sem aumentos reais e cada vez mais sem poder. Todas as decisões acabam centralizadas nas mãos de uma pequena elite, e não é de hoje que isto acontece. Nesta destruição da classe média, se encontra a verdadeira razão da nossa estagnação econômica, da nossa perda de valores morais, da nossa crescente desagregação social, do nosso aumento de criminalidade, da nossa baixa auto-estima. Países que destroem a classe média, como fez a Argentina, dificilmente se recuperam.



Uma sociedade justa seria aquela onde todos alcançassem não a riqueza como querem alguns, mas os padrões mais modestos de classe média. Um país de ricos não é ecologicamente sustentável. Deng Xiaoping da China Comunista afirmou tempos atrás "se queremos que todos os chineses tenham um padrão de classe média, por que não deixar alguns alcançarem este padrão antes dos demais?". É o que a China está fazendo, fortalecendo a sua classe média, aquela que mostra o caminho para os demais. No outro extremo, John Kerry no seu programa de governo pretende "criar uma economia de classe média" e pôr fim às classes privilegiadas. Nós estamos fazendo o contrário.



Praticamente, ninguém defende no Brasil a classe média, muito menos os seus valores. Não conheço jornal que defenda sistematicamente a ideologia e os valores da classe média, apesar de serem os seus principais leitores. Ou defendem os valores da direita ou são escritos pela esquerda. Só que a classe média tem ideologia própria que não é nem de direita nem de esquerda, muito menos de centro. Quem fizer um jornal diário defendendo a visão de mundo, os valores e a ideologia da classe média terá todos os anúncios e circulação que desejar. Ela tem uma visão de mundo bem definida, com uma literatura farta e consagrada, uma ética própria, uma visão pluralista e não hegemônica como outras ideologias. Aliás, nem é justo chamá-la de ideologia, pois é um processo, uma forma de se organizar e pensar.



Infelizmente, a maioria da classe média nem sabe que esta literatura existe, nem sabe usá-la para se defender, nem sabe ensiná-la para os seus filhos, que muitas vezes até lutam contra os próprios pais. Portanto caro leitor, por favor, faça um esforço, seja mais atuante politicamente e não desapareça. O Brasil, a imprensa, os excluídos, o governo, os arrecadadores de impostos e as futuras gerações ainda precisarão, e muito de você.



***



Observação feita num e-mail:



"Ótimo artigo de Kanitz, com um único pecado: Antonio Gramsci, que ele chamou de grande intelectual italiano, é o ideólogo comunista que escreveu os Cadernos do Cárcere (obra escrita numa prisão de Milão depois que ele voltou da Rússia, durante o regime fascista de Mussolini), método infalível e de longo prazo para que uma nação seja dominada pelos comunistas sem revolução armada, mas pelas urnas. Desde os anos 70 esse método vem sendo disseminado sistematicamente no Brasil pelas esquerdas através dos meios de comunicação, do sistema de ensino em todos os graus e nos sindicatos. Kanitz passou de leve raspão no método de Gramsci ao dizer apenas: "(segundo Gramsci) o Brasil não dá certo porque nossas elites são retrógradas e anacrônicas, por isto precisam ser substituídas por uma outra elite mais moderna". Perdeu grande oportunidade de apontar a nefasta ação que o método de Gramsci ensejou para que os comunistas do PT tomassem o poder pelas urnas, depois de ensopar a mente de nossas elites e de nossa juventude com o entulho marxista, que arruinou todas as nações que adotaram o socialismo-comunismo. Quem não aprende com a experiência alheia, fica condenada a repetir os seus erros. É o que o Brasil está fazendo."











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