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Artigos-->A farsa da reforma agrária -- 27/04/2004 - 09:38 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A farsa da reforma agrária



João Mellão Neto



O Estado de S. Paulo, 23.04.2004



"Tanta terra sem gente, tanta gente sem terra" - essa é uma das frases de efeito preferidas do messiânico Frei Beto, uma espécie de revolucionário de batina, ao se referir à famigerada reforma agrária. O frade em questão é a favor da redistribuição fundiária.



Todo mundo, em princípio, também é. Nada mais odioso do que saber que, enquanto os miseráveis urbanos passam fome, alguns milhões de agricultores autênticos não podem plantar alimentos porque a terra, no Brasil, está ociosa, concentrada nas mãos de alguns poucos latifundiários, que a deixam estocada, com fins especulativos.



As teses de Frei Beto e da Comissão Pastoral da Terra - ligada à ala esquerda da Igreja Católica - seriam impecáveis se tudo isso fosse verdade. O problema é que não é.



Primeiro: se os miseráveis urbanos passam fome, isso se deve à sua baixa renda, e não à falta de produção de alimentos. A agricultura brasileira está tecnologicamente habilitada e tem plenas condições de alimentar toda a nossa população e ainda exportar bilhões de dólares de excedentes.



Segundo: existem, de fato, agricultores autênticos sem terra - são filhos de pequenos agricultores que não cabem mais nas pequenas propriedades de seus pais e, em tese, mereceriam uma oportunidade de se tornar eles também pequenos proprietários. Só que eles não estão entre os zangados e baderneiros militantes do MST. O movimento do sr. Stédile se compõe, em sua imensa maioria, de pessoas de origem urbana, que não têm a menor vocação ou prática nas lides rurais.



Terceiro: os odiosos latifúndios improdutivos - terras ociosas e estocadas com fins especulativos - simplesmente não existem mais no País. Com o fim da inflação não faz mais sentido especular com terras. Em função do receio da reforma agrária, as grandes propriedades inexploradas, nas últimas duas décadas, ou foram desapropriadas, ou se tornaram produtivas, ou foram vendidas a empresários que as fazem produzir.



Acabo de ler e reler o recém-lançado livro “O Carma da Terra no Brasil”, do meu colega de página Xico Graziano. Eu o recomendo a todos os que quiserem entender a nossa realidade rural. Ele confirma, lastreado em dados concretos e pesquisas de campo, aquilo que eu já sabia, por ouvir dizer, sobre os estarrecedores resultados da reforma agrária no nosso país.



FHC realizou a maior reforma agrária democrática da história mundial nos seus dois mandatos. Distribuiu 20 milhões de hectares, assentou 600 mil famílias e gastou, por baixo, uns R$ 20 bilhões. "Que bom!", dirá o leitor. Temos, então, mais de meio milhão de novas famílias no campo, produzindo, satisfeitas, e provendo alimentos baratos para as populações urbanas...



Só que a realidade é bem outra. De cada dez assentados, pelo menos quatro venderam de imediato os direitos de posse dos seus lotes e, dos seis que sobraram, uma minoria realmente produz com as próprias mãos. Os assentados, por não entenderem nada de produção agrícola, trataram logo de arrendar os seus lotes a terceiros, que os utilizam como pastagem de gado ou para plantar cana-de-açúcar. Se alguém duvida, que vá pessoalmente ao Pontal do Paranapanema - a maior região de assentamentos em São Paulo - e constate com seus próprios olhos.

Eles nem sequer residem em seus lotes. Garantem uma renda mensal pelo aluguel das terras e moram nas cidades, onde têm empregos urbanos. É revoltante. E agora ainda vem esse tal de "abril vermelho", invadindo terras produtivas para, como eles mesmos dizem, "infernizar" o País. Tudo o que foi dito acima é do pleno conhecimento do presidente Lula, da Comissão Pastoral da Terra e do sr. Stédile. Só que, nesse assunto, impera o cinismo geral. Lula não pode desmascarar o MST porque durante duas décadas se valeu do movimento para alavancar o seu PT.



A Igreja "progressista" continua abençoando o movimento porque, para os bispos esquerdistas, a questão agrária, agora, é o seu novo evangelho e seu principal instrumento de pregação e arregimentação de fiéis. Quanto ao sr. Stédile, bem, ele sabe muito bem por que está levando esta farsa à frente. O MST de há muito deixou de ser um movimento agrarista se para tornar uma milícia com fins revolucionários. E para atingir esses fins pouco importam os meios. Mesmo que sejam flagrantemente fora da lei.



O que temos, agora, não é um movimento de trabalhadores sem terra, mas sim, pura e simplesmente, o banditismo rural. Além de que a luta agrária se transformou num negócio muito rentável. O MST, em nome dos assentados, toma verbas do governo e as desvia em proveito próprio, quer por meio de projetos de agroindústrias que não saem do papel, quer por meio dos "pedágios" que cobram das famílias instaladas para que estas possam ter acesso aos financiamentos públicos. O livro de Graziano apresenta, com fotos e tudo, numerosos casos de "projetos" que não deram em nada.



A realidade, hoje, é esta. Não há mais terras improdutivas para desapropriar, os assentados não querem saber dos assentamentos que têm e os recursos públicos, num país com tantos setores carentes, estão sendo escandalosamente desviados aos bilhões. Resta saber se este governo terá coragem para desmontar toda essa farsa. Para nós, contribuintes, basta!







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