O filme Adeus, Lênin! nos mostra o que foi a transição para a unificação das duas Alemanhas no pós-queda do muro de Berlin. O enredo do filme é de um filho montar um cenário para que a mãe não percebesse que sua Alemanha Oriental não existia mais. Pois ela havia sofrido um enfarto e estava em coma justamente no período em que houve o desmoronamento do socialismo real do leste europeu. Como sua mãe não podia sofrer fortes emoções o filho fez de tudo para manter seu ambiente como se estivesse vivendo na velha Alemanha socialista.
Não querendo entrar no debate ideológico, mas a película nos mostra como um sistema vai se deteriorando com o passar dos anos.
A cena mais bela do filme é quando a estátua de Lênin passa em frente a essa senhora sendo levada pendurada por um helicóptero. O idealizador do partido único está dando adeus a essa senhora.
Qual a relação do filme com a Usina?
Na minha opinião a Usina está desmoronando. E com o mesmo destino da Alemanha Oriental. Corre o sério risco de se tornar em um encontro dos mesmos para discutir a mesmice.
A proposta inicial de Usina, como sabemos, era de ser um site de literatura e discussões de interesse geral, principalmente no campo da cultura.
Mas não é o que temos presenciado.
Pouco tenho freqüentado, mas o que vejo e leio são textos fracos, bilhetes e insultos. Contabilização de leituras, arroubos preconceituosos e apologia ao racismo. Isso é cultura? É literatura?
A Usina deveria ser o site que preconizasse o debate de idéias. Que fosse em busca da inovação. E a democracia seria o nosso intento.
Pois só nela, na democracia, conseguiremos evoluir como pessoas e como nação.
Penso que deveríamos elaborar para a Usina um regimento interno. Um código de ética.
Deveríamos ter um conselho editorial. E por fim, acabarmos em definitivo com essa porcaria que é o contador de leituras que todos sabemos que é uma farsa para inflar egos diminutos.
Hoje, comecei a lembrar de alguns nomes que deixaram a Usina. Por que essas pessoas simplesmente sumiram desse convívio.
Houve épocas em que não iríamos para cama ou não saíamos para o trabalho sem darmos uma “passadinha” na Usina. Eu, particularmente, ando meio desiludido com a nossa Usina.
Bons tempos aqueles!
Com esse texto não pretendo agredir pessoalmente quem quer que seja. Apenas tentar contribuir com o debate por uma nova Usina.
Não quero dar um adeus a Usina, pelo contrário, gostaria de resgatar antigos usineiros e que o site seja em definitivo um encontro de pessoas dispostas a fazer literatura. Caso contrário ela se esvaziará e será tão somente um site medíocre.
Quero, pelo bem dessa adorável Usina, que ela persista e que seja um encontro de debates literários e culturais.