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Artigos-->O POTE BRANCO -- 29/04/2004 - 09:11 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Natanaela não era água sanitária, mas tinha alguma coisa de cândida. Sua rusticidade era fruto dos longos anos lidando com mulas e cavalos velhos no interior de Minas.

No tempo em que foi criança acompanhava o pai, tropeiro, pelas estradas empoeiradas lá do sertão brabo. Quando veio para a cidade, confundia aulas de português com ensinamentos de professor burro; isso lhe causou um período de adaptação meio conturbado.

Na sala de aulas, quando não dormia, pensava sempre no Zequito, seu muar preferido; a saudade era tanta que quando instada a definir cremação, pensava logo nos cremes de leite dos quais ouvira falar.

Depois que amadureceu, ainda confundia seres humanos com quadrúpedes e, do jeito que lidava com os bichos, tentava manejar as pessoas. Fazia pouco caso dos semelhantes depreciando seus atributos.

Apesar do embotamento que avançava diariamente sobre seu cérebro, conseguia ainda definir o significado da palavra etos: para ela era o modo de ser, algo predominante, característico. Por exemplo: Campinas e Pelotas foram antigamente, lugares onde haviam muitos pederastas. Logo, o etos das tais cidades era a boiolagem; assim como o de Tupinambica das Linhas, hoje, é a loucura.

Natanaela desconfiava que os ensinamentos da seita maligna do pavão-louco produziam, nas pessoas, uma certa tendência ao embrutecimento. Ela só não tinha certeza absoluta sobre qual seriam as causas e quais as conseqüências. Se o aparvalhamento é que levava as pessoas à seita maligna ou se os ensinamentos da seita é que causavam a doideira nas gentes.

Ela desconhecia o fato de que, quem cria nas fantasias da seita, ou era tolo, ou muito mal intencionado.

A trambiqueira, que hoje aparentava idade avançada, envolvera-se em dezenas de crimes de morte lá no interior. Precisara até forjar uma aposentadoria precoce sob a tutela da invalidez, para vir esconder-se, com bastante conforto, em Tupinambica das Linhas.

Ela julgava certo o assassinato de bandidos e delinqüentes por pessoas que se diziam da lei. Seu maniqueísmo associado à cabeça dura que tinha, impedia-a de aceitar que a vida manifestava-se com diversidade tão grande; e que a matança dos infratores não era a solução final correta.

Sua compreensão e inteligência tinham a profundidade dum pires.Quando criança, sofrera da diretora da escola que freqüentara, uns sopapos tão fortes que seu cérebro se desmilingüíra com os choques.

Por causa de hipocondria boba consultara um psiquiatra. Este que não era tolo, viu nela uma oportunidade d’ouro para manter mais uma cativa no rol dos que o sustentariam. Encheu-a de antidepressivos causadores duma dependência muito forte, só comparável à existente entre cocainômanos e traficantes.

Em outra ocasião de sofrimentos, a infeliz, por sua ignorância e estultícia, quase se deixara operar, com base no diagnóstico errado que julgava ser câncer algo que não passava dum cólon irritável.

Natanaela ouvira falar, com muita admiração, do IPA, onde poderia receber tratamentos especializados, efetivados com carinho. Mas desistira da idéia quando a cientificaram ser o atendimento ali só para adolescentes. Era o Instituto Paulista de Adolescência, que se dedicava a manejar com zelo até, digamos, libidinosos seus pacientes mirins.

Fazia parte do perfil psicológico de Natanaela o fato de ser ela analfabeta funcional, tabagista, obesa, hedonista e, com as devidas condolências... corintiana.









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